Década de 40 O Atlético viveu ótimos momentos nos anos 40. Completando vinte anos de existência, o clube se consolidou no cenário esportivo e ganhou quatro títulos nesta década, quase dobrando o número de suas conquistas. Foi também nesse período que surgiu o hino oficial e que se promoveu a ampliação do patrimônio, com o início da construção do Ginásio de Esportes. Porém, acima de tudo, os anos 40 ficarão marcados pelo surgimento do Furacão. O futebol avassalador do time de 1949 inspirou a comparação com o fenômeno da natureza que destrói tudo por onde passa. Em função disso, e não se sabe exatamente como, o apelido Furacão deixou de se referir apenas ao esquadrão de 49 para virar sinônimo do próprio Atlético. E se a associação com furacão foi uma excelente maneira de traduzir a espantosa qualidade do time atleticano, a metáfora também pode ser aplicada para explicar tudo o que aconteceu no mundo nos anos 40. A mesma década que assistiu a atrocidades praticadas na II Guerra Mundial, também presenciou a Declaração dos Direitos Humanos pela ONU. No mesmo período tempo, conviveram momentos como a utilização de bombas atômicas na guerra e como a declaração de igualdade entre brancos e negros pela Suprema Corte dos Estados Unidos. A II Guerra foi um acontecimento tão importante que gerou efeitos diretos no futebol. O mais evidente foi a impossibilidade da realização da Copa do Mundo, que foi cancelada em 1942 e 1946. A Copa só voltou em 1950, quando o Brasil assumiu a realização porque a Europa estava arrasada em pleno pós-guerra. No Sul-Americano de 1942, o goleiro titular da Seleção Brasileira foi o atleticano Caju. Portanto, se a Guerra não tivesse impedido a realização das Copas, muito provavelmente o Atlético teria contado com seu primeiro jogador em um Mundial. Esse feito só foi atingido sessenta anos mais tarde, com a convocação do meia Kleberson, em 2002. No Brasil, a II Guerra foi acompanhada mais de perto pela população a partir de justamente 1942, quando o presidente Getúlio Vargas declarou apoio às nações aliadas. No ano seguinte, foi constituída a Força Expedicionária Brasileira, que enviou milhares de combatentes para a Itália. O Atlético teve três jogadores que viraram pracinhas: Mozart, Evandro e Viana, todos convocados em 1944. Os anos 40 certamente foram os melhores da história atleticana de até então. Fora os quatro títulos alcançados em 40, 43, 45 e 49, o clube também fez bonito nos outros anos, chegando duas vezes em segundo lugar e outras quatro em terceiro. Além disso, o Atlético protagonizou momentos jamais vistos no Paraná até então. Primeiro, contratou jogadores estrangeiros em 1943 (os paraguaios Aveiros e Ibarrola). Depois, realizou uma excursão internacional em 1949. Foram os primeiros contatos do futebol paranaense com outros países. Também pela primeira vez em sua história, o Atlético cedeu atletas para a Seleção Brasileira. O goleiro Caju, o lateral-direita Joanino e o ponta-esquerda Cireno foram convocados para a Seleção principal. Fora de campo, o rubro-negro passou a investir na ampliação de seu patrimônio. No final da década, foi lançada a pedra fundamental do Ginásio de Esportes, ao lado do Estádio Joaquim Américo. O Atlético progrediu no mesmo ritmo do crescimento de Curitiba. Com a alta do café, a cidade se modernizou rapidamente. No início dos anos 40, a população era de cerca de 127 mil pessoas. Em dez anos, esse número saltou para 180 mil. Porém, felizmente a administração municipal percebeu o fenômeno e evitou o crescimento desordenado. O arquiteto francês Alfred Agache elaborou o Plano Diretor de Urbanização de Curitiba, que acabou ficando conhecido como Plano Agache. Tratava-se de uma série de normas destinadas a ordenar o crescimento físico e espacial da cidade a partir da organização de funções urbanas de diversas áreas. Assim, foram implantados centros funcionais setorizados: militar (Bacacheri), esportivo (Tarumã), educacional (Centro Politécnico), industrial (Rebouças) e administrativo (Centro Cívico), entre outros. Agache também acabou decidindo o futuro de um atleticano. Foi ele quem aconselhou ao então médio rubro-negro Lolô a cursar arquitetura. O jogador se formou em Engenharia Civil e abandonou o futebol para se tornar famoso mundialmente como Lolô Cornelsen, um grande projetista. O Atlético acompanhou o progresso da cidade. A partir da gestão do presidente Manoel Aranha, em 1943, o rubro-negro passou a se profissionalizar. Exigiu-se maior dedicação dos funcionários e atletas e as competições foram levadas extremamente a sério. O clube viveu momentos gloriosos nos anos 40. A diretoria era constituída pelos principais representantes da elite social de Curitiba. O time de juvenis era formado praticamente apenas por universitários. Na equipe principal, mesclavam-se esses jovens valores formados em casa e os atletas profissionais contratados exclusivamente para jogar futebol. Esse profissionalismo mostrou-se fundamental para o surgimento do Furacão, em 1949. Não houve uma fórmula mágica. Os jogadores que formaram o time incrível de 49 eram basicamente os mesmos de anos anteriores, mas a organização do clube proporcionou a conjunção de uma série de fatores favoráveis para a formação de uma equipe arrasadora, para orgulho da nação rubro-negra. E, para expressar a intensidade do atleticanismo, nada melhor do que o apelido Furacão, surgido nessa década. |
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