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Década de 1920

O Brasil no início dos anos 20 atravessava um momento de revolução. Em 1922, artistas e intelectuais organizaram a Semana da Arte Moderna em São Paulo, com uma nova proposta para a arte brasileira. Politicamente, o país era guiado pela República do Café com Leite, com a alternância de presidentes de São Paulo e Minas Gerais, os dois principais pólos econômicos da época. O presidente da vez era Artur Bernardes e o Brasil atravessava por um período conturbado, com movimentos populares, revoltas tenentistas e organizações operárias.

Sob esse clima de mudança, a provinciana, conservadora e pacata Curitiba também presenciava a sua ‘revolução', diante da crise dos dois mais tradicionais e populares clubes da cidade: Internacional e América. Os internacionalistas, campeões paranaense em 1915, e americanos, campeões em 1917, tinham como verdadeira pedra no sapato a hegemonia do Britânia. Como se não bastasse, o América acumulava dívida com a liga regional e estava prestes a não disputar o campeonato de 23. Foi o que bastou para iniciarem as conversas entre os representantes dos dois times, para tratar da fusão das duas agremiações. Porém, como não houve acerto quanto às cores das camisas, as conversas foram cessadas. Em dezembro de 1923, voltaram a cogitar a fusão – visto que, a essa altura, o Britânia já era hexacampeão paranaense. A união das forças era uma questão de sobrevivência e motivação para o futebol do Estado. Depois de meses de encontros e reuniões, em 21 de março de 1924, uma Assembléia Geral, na sede no Internacional, consolidou a fusão, resultando no surgimento do Club Athletico Paranaense . A posse da diretoria e a elaboração do estatuto do novo time aconteceu no dia 26. Nascia uma nova força no futebol do Paraná.

Meses antes de nascer o Clube Atlético Paranaense, morreu Lênin, principal líder da revolução socialista russa. Em julho, durante a disputa dos Jogos Olímpicos de Paris, o atleta Paavo Nurmi, conhecido como “Finlandês Voador”, conquistou quatro medalhas de ouro nas provas de atletismo. Outro destaque foi o americano Johnny Weissmuller, que mais tarde se consagrou nas telas do cinema como intérprete de Tarzan. Ele conquistou três medalhas de ouro na natação e foi o primeiro homem a nadar os 100m livres em menos de um minuto.

Na Europa, a formação dos Estados Totalitários estava cada vez mais concreta, com o Fascismo Italiano e o Nazismo Alemão tomando forma. Em 1924, na Itália, os fascistas conseguiram maioria parlamentar nas eleições, garantindo poderes excepcionais. Na mesma época, o surgimento da comédia fez explodir a era cinematográfica. Dois humoristas se destacavam: Buster Keaton e Charlie Chaplin, com o popular Carlitos.

Nos gramados de Curitiba, o clube recém-formado não passava da quinta colocação no Campeonato Oficial e os pessimistas de plantão já começavam a acreditar no desaparecimento das novas cores. Puro engano. Um ano depois, o caçula do futebol do Estado mostrou a que veio, erguendo pela primeira vez a taça do paranaense.

Foi em 1925, também, que tenentes do Rio de Janeiro e São Paulo formaram no Paraná uma única coluna. Em pouco tempo, a Coluna Prestes rompeu fronteiras, espalhando ideais contra a oligarquia no poder. Em 31 de dezembro, as ruas de São Paulo foram tomadas pela primeira vez pela Corrida de São Silvestre, até hoje um dos mais importantes acontecimentos do atletismo brasileiro.

Em 1926 o Brasil elegeu novo presidente, Washington Luís. Entre 1926 e 1928, nasceram nomes que, anos depois, se constituíram em importantes lideranças da história mundial: Elizabeth II, Fidel Castro, Che Guevara e Martin Luther King.

Em 1928, o cientista inglês Alexander Fleming descobriu a penicilina, composto capaz de exterminar bactérias. No mesmo ano, dois importantes acontecimentos marcaram o futebol mundial. Nos Jogos Olímpicos de Amsterdã, o Uruguai conquistou o bi-campeonato e passou a ser conhecido como a “Celeste Olímpica”. E a Fifa aprovou a realização da primeira Copa do Mundo de futebol, que aconteceria em 1930, sob a inspiração do presidente da instituição, o francês Jules Rimet, que posteriormente daria o nome ao troféu de campeão, conquistado em definitivo pelo Brasil em 1970 e roubado em 83 da sede da CBF, no Rio. Nos gramados de Curitiba, o Atlético já não era mais uma surpresa e ficou entre 1926 e 1928 com o vice-campeonato estadual. Em 28, a Seleção Paranaense sagrou-se vice-campeã do Campeonato Brasileiro de Futebol, após eliminar catarinenses, gaúchos e paraenses e perder para os cariocas na final.

No final dos anos 20, teve início a maior revolução da história do cinema. A Warner Bros apostou num sistema que juntava perfeitamente imagem e som. “O cantor de jazz”, de Crosland, abafou a banca e obrigou os demais estúdios a se modernizarem. Nesse período, a música brasileira era dominada pelo samba, com o reinado de “Sinhô, o Rei do Samba”. Suas composições lançaram nomes como Francisco Alves, Silvio Caldas e Mário Reis. Nessa época, a maestrina Chiquinha Gonzaga já era respeitada, apesar de escandalizar os setores mais conservadores.

Em outubro de 1929, o cenário econômico mundial se viu diante de uma crise da superprodução, levando à quebra da Bolsa de Valores de Nova York. A crise de 29 resultou no fim do capitalismo liberal, com o Estado intervindo na economia, praticando o controle monetário e a expansão da iniciativa econômica estatal.

Se no cenário econômico a crise prevalecia, nos campos de Curitiba o Atlético não sabia o que isso significava. O rubro-negro, que tinha no elenco Alberto Gottardi – o primeiro da família a vestir a camisa do clube –, conquistou de forma invicta seu segundo título paranaense, desbancando os favoritos Coritiba, Britânia e Palestra.
Década de 1920:
anos 20 : 1924 : 1925 : 1926 : 1927 : 1928 : 1929

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