Caju, a Majestade do Arco foi talvez maior goleiro atleticano [foto: arquivo FURACAO.COM]
Uma posição que, para a torcida atleticana, significa muito mais do que o camisa número 1 do time, responsável por defender o gol do Rubro-Negro. A posição é tão importante que o maior jogador que até hoje vestiu a camisa atleticana foi um goleiro: Alfredo Gottardi, que para os torcedores do Atlético é simplesmente Caju, “a majestade do arco”.
As defesas e o talento de Caju o transformaram num dos principais jogadores da história do futebol paranaense. No Sul-Americano de 1942, no Uruguai, competição em que o Brasil terminou em terceiro lugar, Caju foi eleito o melhor goleiro da competição. Por essas e outras, Caju é um dos personagens do livro “Goleiros - Heróis e anti-heróis da camisa 1", do jornalista Paulo Guilherme, lançado em 2006.
Mas não foi só Caju que entrou para a história do gol atleticano. Em mais de 90 anos de história, grandes nomes passaram pela meta do Furacão e que hoje devem servir de exemplo e inspiração para a geração atual. Goleiros que dedicaram trabalho, esforço e competência para ajudar o Atlético a vencer.
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Weverton é dono da meta atleticana [foto: FURACAO.COM/Joka Madruga] |
Conheça um pouco mais da história de alguns grandes goleiros que já vestiram a camisa Rubro-negra. E que o trabalho de cada um deles sirva hoje de inspiração para Lucas Macahan, Santos e o titularíssimo camisa 12 Weverton:
Alberto Gottardi: Por seis anos defendendo o gol atleticano, é considerado o primeiro grande ídolo da história do Atlético. Esteve no clube de 1927 a 1933, sendo bicampeão Paranaense invicto em 1929-1930. Durante o tempo em que jogou no rubro-negro, foi titular absoluto da equipe e das seleções que se formavam regularmente. Seu último jogo foi o famoso “Atletiba da Gripe”, em 1933, quando entrou em campo contrariado e fortemente gripado, mas mesmo assim ajudou o Atlético a vencer por 2 a 1, consolidando a fama de “Clube da Raça”. Quando abandonou as luvas, passou a posição para seu irmão, Alfredo Gottardi.
Alfredo Gottardi: Maior jogador da história do Atlético. Só isso já dá para ter dimensão do que foi Caju para o clube. Foram 17 anos de dedicação ao Atlético, com a conquista de seis títulos: os Paranaenses de 1934, 36, 40, 43, 45 e 49. Em 1942, foi o primeiro jogador do Atlético a ser convocado para a Seleção Brasileira, para a disputa do Sul-Americano. Considerado um exemplo de profissional, todos que o viram jogar são unânimes: Caju era mesmo sensacional, fora de série, espetacular. Os companheiros tinham total confiança no goleiro, pois sabiam que se ele não defendesse uma bola, goleiro nenhum poderia tê-lo feito. Tinha uma ótima saída do gol, interceptando vários cruzamentos. Jogava de modo simples, passando segurança e tranqüilidade aos defensores.
Laio: Suas defesas ajudaram o Atlético a ganhar o apelido de Furacão. Era Laio o goleiro do sensacional time montado pelo Atlético em 1949, quando o time fez uma campanha espetacular no Campeonato Paranaense. Com muita agilidade embaixo do gol, ganhou o apelido de “Fortaleza Voadora”. Ficou no Atlético por dez anos, de 1941 a 1951, conquistando três títulos: os Paranaenses de 43, 45 e 49.
Roberto Costa: Eleito em 1983 o melhor jogador do Brasil, Roberto Costa ajudou o Atlético a terminar na terceira colocação no Campeonato Brasileiro daquele ano. Entre idas e vindas, Roberto Costa defendeu por seis anos a camisa número um do Atlético, conquistando dois títulos: os Paranaenses de 1982 e 83. Frieza, boa colocação e reflexos apurados, adjetivos que ajudam a definir o que foi Roberto Costa, que no Atlético ganhou o apelido de “Mão de Anjo”.
Marolla: Um goleiro com estrela. É assim que os torcedores que viram Fiodermundo Marolla Júnior jogando definem seu desempenho. Não era brilhante tecnicamente, mas tinha estrela – provando aquele ditado que diz que a sorte acompanha aos que trabalham. Em quase cinco anos de Atlético, Marolla conquistou três títulos (os Paranaenses de 1985, 88 e 90). Em 1988, foi também o recordista em defesa de pênaltis no Campeonato Brasileiro.
Ricardo Pinto: “Êo, êo, o Ricardo é o terror!”. A música virou tradição na torcida atleticana entre 1995 e 1997. Era a forma encontrada pelos torcedores de reverenciar Ricardo Pinto, que aliando técnica, vontade e raça conquistou a exigente torcida do Atlético. Ricardo foi o goleiro titular na conquista do Brasileiro da Série-B, em 1995, e até hoje é considerado um dos maiores ídolos da história atleticana.
Flávio: O mais vencedor jogador da história atleticana. Em sete anos de Atlético, Flávio colecionou títulos: foi campeão Paranaense quatro vezes (1998, 2000, 2001 e 2002), campeão da Copa Paraná em 1998, campeão brasileiro da Série B em 1995, campeão da Seletiva em 1999 e campeão Brasileiro em 2001. As principais qualidades de Flávio eram a agilidade e o reflexo, ganhando o apelido de “Pantera”.
Diego: Ajudou o Atlético chegar no ponto mais alto de sua história até aqui, com o vice-campeonato da Copa Libertadores da América. Diego chegou no Atlético no início de 2003 e sempre demonstrou respeito e carinho pelas cores atleticanas. Sua vontade, raça e determinação ajudaram-no a conquistar muitos admiradores. Em três anos de Atlético, Diego foi campeão Paranaense em 2005, além de ter ajudado o Atlético nas excelentes campanhas do Brasileiro de 2004 e na Libertadores de 2005, quando o clube terminou em segundo lugar.
Além dos acima citados, o Rubro-Negro contou ao longo de sua história com outros extraordinários arqueiros, casos de Tapyr (o primeiro goleiro do clube), Ivan (goleiro-torcedor fanático), Vanderlei (campeão do Título da Raça de 70), Altevir (que ficou 1.066 minutos consecutivos sem sofrer gol em 1977), Rafael (bicampeão em 82 e 83), Gilmar (que brilhou nos anos difíceis da década de 90), Toinho (vice-campeão brasileiro da Série B em 1990), Neto (hoje na Juventus da Itália).
A responsabilidade hoje cabe a Weverton, goleiro que conta com grande empatia junto ao torcedor, sendo na maioria das vezes capitão da equipe e tendo se tornando um exímio pegador de pênaltis.
Matéria originalmente publicada em 26 de abril de 2006, de autoria de Patricia Bahr
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