Se a Baixada sempre foi conhecida como o “ Caldeirão do Diabo ”, por que não ter uma torcida do CAPETA? Assim, após mais uma reunião entre amigos num bar da Rua Brasilio Itiberê, nascia a CAPETA – Torcida do Clube Atlético Paranaense – Esquadrão da Torcida Atleticana. Contando com Maria de Lourdes, José Américo Guimarães (neto de Joaquim Américo), Paulinho Bochecnek, Aricezar José Rocha, Neusa, Mario Afonso e mais alguns amigos, foram eleitos Rui Carlos Ribeiro como presidente e José Gugelmim como seu vice.

No começo de 1972, reunidos os amigos torcedores e com a inspiração da Torcida Organizada Gaviões da Fiel, do Corinthians Paulista, nascia o ETA, termo inspirado pelos anos da ditadura militar. Diziam os fundadores que o nome dava um aspecto de força. Força, aliás, é uma das coisas que a nação atleticana tem de sobra.

O símbolo era um capetinha que surgiu depois que as siglas de Clube Atlético Paranaense e Esquadrão da Torcida Atleticana foram colocadas juntas surgindo a palavra CAP ETA . Um decalque plástico foi confeccionado, além de uma faixa com um pano branco e letras pintadas em vermelho e preto com os dizeres " Esquadrão da Torcida Atleticana ". A faixa foi inaugurada no primeiro jogo do campeonato paranaense de 1972 e causou uma enorme surpresa por parte da torcida.

Já em 1975, surgiu a camisa da torcida, que era a camisa do Atlético com o símbolo do ETA , além do número do sócio que tinha a finalidade de identificar o membro da torcida. Neste mesmo ano, o ETA passou a ter uma sede própria, na rua José Loureiro, com vários departamentos autônomos, como o financeiro, administrativo, de bateria, feminino, de excursões, de angariação de brindes (que depois eram vendidos), enfim tudo muito organizado.

A inovação sempre foi o ponto forte do ETA. Inúmeras bandeiras com o capeta desenhado eram levadas aos estádios. Pelo que se tem notícia, o ETA foi a primeira torcida do Brasil a proferir palavrões durante uma partida. Foi numa partida entre Corinthians e Coritiba, pelo Campeonato Brasileiro de 1974. A torcida atleticana foi em peso ao Couto Pereira “secar” o alviverde e começou a xingar os “coxas”. Foi um espanto geral, com a torcida atleticana sendo notícia em todo o Brasil , taxada de mal educada, mas a mais original. Essa mesma originalidade pôde ser comprovada quando quilos e mais quilos de talco eram jogados nas arquibancadas, ou quando, num Atletiba, foram levadas latinhas de refrigerante para servir de chocalhos.

Doático Santos, o presidente atual, começou no comando em 1973. Até o final da primeira existência da torcida, ele fez de tudo um pouco, junto com vários outros amigos abnegados pela causa rubro-negra. A torcida costumava se reunir no Seu Henrique, hoje, Bar do Alemão, na esquina nas Ruas Brasílio Itiberê e Buenos Aires.

O ETA atuou até 1978. No final do campeonato, em um jogo ocorrido na cidade de Maringá, a polícia deixou 300 torcedores do Atlético na mão de 15 mil torcedores do Grêmio. O resultado foi uma briga generalizada nas arquibancadas, além da queima de todo o material do ETA . Os ônibus foram depredados e muitos torcedores atleticanos foram hospitalizados. Após estes fatos e com a perda do campeonato para o Coritiba nas três partidas memoráveis, houve um desânimo geral e começaram a surgir novos grupos de torcedores organizados. E assim, todos os integrantes do ETA acharam melhor que a torcida fosse extinta.

Um dos momentos mais marcantes do ETA foi uma caravana para Ponta Grossa, em 1972. O Atlético ganhou do Operário por 2 a 1, com gols de Sicupira e Ademir (que fraturou a perna nesse jogo). A caravana foi composta por 78 ônibus, além é claro, dos carros particulares que acompanharam. 80% do estádio eram rubro-negros. Já em 1973, iniciou-se um ciclo de grandes carnavais do Atlético. O então presidente Lauro Rego Barros foi instado a romper o contrato com a companhia Café do Paraná, que ocupava o ginásio da Baixada para o depósito de sacas de café.

Com a saída da empresa, o ginásio foi transformado em um grande salão de festas para a realização do 1º Carnaval do Atlético. Vale destacar que as festas eram administradas e gerenciadas pelos torcedores, que com isto, puderam colaborar com o clube, deixando em dia várias contas como as de água, luz e telefone, além de reestabelecer o crédito nas lojas de materiais esportivos. O carnaval foi realizado ainda em 1975 e 1976, com enorme afluência de público tornando-se um dos mais populares e importantes carnavais de clube de Curitiba.

O dia 6 de dezembro de 1999 foi um momento maior da vida do ETA. Como um fênix, a mitológica ave que renasce das cinzas, o ETA ressurgia em seu segundo ciclo de vida. Surgiu forte, presente e imponente. O então Presidente Nelson Fanaya convocou algumas pessoas ligadas à torcida para ajudar na organização da realizar do evento “Atleticanos do Sécul o”, a maior festa social e cultural da vida do Clube Atlético Paranaense. Mais de 3.500 pessoas compareceram ao Restaurante Madallosso, todos orgulhosos em participar da festa que reuniu 99% da história do clube. O evento também marcou o início da Confraria do ETA.

Um dos eventos recentes que marcam a importância da Confraria foi quando Mário Celso Petraglia deixou de participar da direção da administração do Atlético, fazendo com que fosse organizado um movimento chamado "Fica Petraglia", mobilizando a sociedade curitibana e paranaense de forma a demover o Presidente Petraglia da idéia de deixar o Atlético e conduzi-lo novamente na condução dos destinos do Clube da Baixada. Foram reunidas mais de 140 mil assinaturas mostrando a todos que o Atlético é muito maior que qualquer processo de revolução administrativa. E assim, Petraglia foi reconduzido a condição de presidente do Clube Atlético Paranaense.

A Confraria do ETA instituiu a Comenda Atleticanos do Século às conquistas do Atlético. Em 2000 foi a Comenda Atlético Campeão do Paraná . Em 2001, Comenda Atlético Bi-Campeão do Paraná. Já no ano de 2001, com a campanha no Campeonato Brasileiro e com a iminência da conquista do título de campeão, foi criada a "Contagem Regressiva". O movimento, que mobilizou toda a comunidade rubro-negra, mexeu com os jogadores e com a torcida, que jogou junto com o time, decidindo os jogos importantes. Foi assim que o Atlético conquistou o título com uma campanha irretocável, principalmente na fase final da competição.

No aniversário do Atlético em 26 de março de 2002, a Confraria organizou a entrega dos troféus de Campeão Brasileiro 2001 à população de Curitiba. Foram exibidos em plena Boca Maldita os troféus, além da presença do craque Alex Mineiro, que marcou os gols que deram o título inédito para o Atlético.

Por diversas circunstâncias, o ETA foi se esvaziando e encerrou sua participação nos estádios, não só do Paraná como do Brasil, em 1977. Meses depois foi fundada a torcida Os Fanáticos, com grande parte daqueles que foram integrantes do ETA . Atualmente comandada por Doático Santos, que deu a idéia do nome, a confraria reúne-se constantemente para discutir sobre o Atlético e promove festas em datas alusivas às conquistas atleticanas.