Braatz x Petraglia escalado para Atlético x Paraná: conflito de interesses? [foto: AFP]
O árbitro assistente Roberto Braatz, escalado pela CBF para o jogo decisivo deste sábado contra o Paraná Clube, ajuizou uma ação contra o presidente do Clube Atlético Paranaense, Mario Celso Petraglia.
Braatz atuou na final do Campeonato Paranaense, na partida entre Coritiba e Atlético, disputada no Estádio Couto Pereira. Durante o jogo, no dia 13 de maio, Petraglia publicou uma mensagem no Twitter identificando o árbitro como "auxiliar coxa" e comemorando o fato de que este será o último ano de sua atuação no futebol profissional.
Por esse motivo, a Associação Profissional dos Árbitros de Futebol do Paraná (Apaf-PR), entidade que hoje é presidida por Roberto Braatz, promoveu uma notificação do dirigente perante o Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná. O presidente do Atlético foi condenado a pagar multa de R$ 15 mil (a ser recolhida em favor da CBF) e a cumprir suspensão de 30 dias (clique
aqui para saber mais sobre o resultado do julgamento no STJD).
Além disso, foi amplamente
noticiado pela
imprensa que Braatz
ajuizou uma ação em face de Mario Celso Petraglia alegando ter sofrido danos morais pelas ofensas.
A ação foi ajuizada em 4 de julho de 2012 e tramita no Juizado Especial Cível de Marechal Cândido Rondon, onde reside o árbitro assistente. O advogado de Braatz é o ex-árbitro catarinense Giulliano Bozzano. Uma audiência de conciliação foi designada para outubro, mas Mario Celso Petraglia não compareceu.
Conflito de interesses
O fato de Roberto Braatz estar processando o presidente do Atlético não impediu a sua escalação para atuar no jogo mais importante do ano para o clube, no próximo sábado, às 16h20, contra o Paraná Clube.
Um caso bastante similar já ocorreu nesta própria Série B. O árbitro Francisco Carlos do Nascimento, o Chicão, foi inicialmente escalado para apitar o jogo entre São Caetano e Ceará, pela 30ª rodada da competição. Ocorre que Chicão havia ajuizado uma ação de indenização por danos morais contra o vice-presidente e diretor de futebol do Ceará, Robinson de Castro, por supostas ofensas proferidas após um jogo do Brasileirão 2011.
Diante disso, o Ceará
requereu a substituição do árbitro, alegando conflito de interesses. A CBF negou o pedido do Ceará, que recorreu ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva. O Tribunal entendeu que havia um conflito e
concedeu uma liminar para determinar a substituição do árbitro. A CBF, então, indicou o árbitro paulista Rodrigo Braghetto para a partida.
Precedentes
A Federação Paulista de Futebol também reconheceu que a hipótese de um árbitro ser autor de ação contra profissional diretamente ligado a um clube configura conflito de interesses e impede a sua escalação nos sorteios de escala de jogos da agremiação. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o árbitro Paulo César de Oliveira, que assim como Braatz integra o quadro da FIFA. Oliveira move um processo contra Luiz Felipe Scolari, ex-técnico do Palmeiras. Por essa razão, foi afastado dos jogos da equipe no período em que Felipão estava no comando.
Segundo matéria da
Folha de S.Paulo,
"Por conta do processo que o árbitro move contra o treinador, a FPF (Federação Paulista de Futebol) decidiu retirar o nome dele dos sorteios que definirão os juízes das partidas do time na fase final do Estadual. Oliveira move processo contra Scolari alegando que o técnico 'lesou seu patrimônio moral' na semifinal do Paulista-2011, contra o Corinthians".
Paulo César de Oliveira ficou mais de um ano e meio sem trabalhar em jogos do Palmeiras. Só voltou a ser incluído nas escalas depois da saída de Scolari, quando a equipe passou a ser dirigida por Gilson Kleina.
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