2007 prometia ser um grande ano para o Atlético. Com a comissão técnica mantida sob o comando de Oswaldo Alvarez e a conquista da Copa do Brasil como prioridade, só faltava reforços para o time. E eles vieram e empolgaram a torcida. Os retornos do zagueiro e lateral-esquerda Marcão e do atacante e ídolo Alex Mineiro fizeram a esperança dos torcedores aumentar. Além deles voltaram e foram utilizados durante a temporada o meia Netinho (que havia feito uma boa temporada com o Náutico), o zagueiro Rogério Corrêa, o atacante Dinei e o volante Welington.
No vai-e-vem dos treinadores, o Atlético utilizou na temporada três técnicos para o time profissional, além de Ivo Secchi, que comandou o time B no Campeonato Paranaense. A temporada começou com Oswaldo Alvarez, que conduziu o time no Campeonato Paranaense, Copa do Brasil e nas seis primeiras rodadas do Campeonato Brasileiro. No entanto, não suportou a série de insucessos acumulados pelo time na temporada (apenas semifinalista no Estadual e eliminado em casa na Copa do Brasil), sendo demitido após a derrota por 3 a 0 para o Goiás, em plena Kyocera Arena.
Para o seu lugar, foi contratado outro velho conhecido da torcida: Antonio Lopes. Ele comandou o Atlético por 16 partidas, mas não resistiu à derrota para o Vasco por 4 a 2, em plena Baixada, pela Copa Sul-Americana, sendo demitido após o empate em 1 a 1 com o Figueirense, na largada do segundo turno do Brasileiro – resultado que colocava o clube cada vez mais na zona de risco do rebaixamento na competição.
Ney Franco: bom desempenho rendeu o apoio da torcida [foto: Giuliano Gomes]
Depois de Vadão e Lopes, a diretoria do Atlético decidiu inovar na escolha do treinador. A aposta foi em Ney Franco, considerado um dos mais destacados treinadores emergente do Brasil. Deu certo! Ney Franco conduziu o Furacão em sua reabilitação no Brasileiro, fugindo das últimas colocações para garantir uma vaga na Copa Sul-Americana 2008. O bom trabalho ganhou também a aprovação do torcedor, com a permanência do técnico sendo apoiada por 95.5% dos internautas, em enquete realizada pela Furacao.com.
Os destaques
Alex Mineiro, sem dúvidas, foi o grande nome do Atlético na temporada. Artilheiro do Furacão no ano, com 29 gols, ele voltou para casa e pôde, mais uma vez, sentir todo o carinho da torcida. Na metade do ano, alguns rumores de uma possível saída de Alex chegaram a assustar. Mas o Atlético cobriu as ofertas e Alex decidiu ficar. No final de julho, no entanto, um chute no rosto proferido pelo meia Tcheco, do Grêmio, afastou o atacante por 91 dias dos gramados. Na volta, o carinho da torcida por Alex Mineiro foi ainda mais intenso. Seu último gol com a camisa Rubro-negra foi no dia 04 de novembro, no empate por 2 a 2 contra o Corinthians, no Pacaembu. Há algumas semanas, o Atlético liberou o atacante, que acertou com o Palmeiras para a temporada 2008.
Além de Alex Mineiro, quem também se destacou na temporada foi o meia-atacante David Ferreira. Seu futebol cresceu no momento certo para o time, sendo peça fundamental na arrancada atleticana no segundo turno, na corrida pela fuga do rebaixamento. Durante todo o ano, ele marcou 12 gols – o terceiro na lista dos principais artilheiros do time na temporada (atrás de Alex Mineiro e Denis Marques).
As contratações
Além de Alex Mineiro, outro ídolo que retornou ao clube foi Marcão. Mas sua trajetória no Furacão desta vez foi mais curta e com bem menos brilho. No fim de maio, o Internacional contratou o atleta, encerrando uma curta passagem de Marcão pelo clube.
Nenhuma contratação no ano foi mais polêmica do que a do experiente meia Ramon. Ele chegou a ser anunciado pelo clube em janeiro, treinou no CT do Caju, mas nem estreou e foi embora. O motivo: não acertou com o clube os valores para o aluguel em Curitiba. Meses depois, em julho, após uma rápida passagem pelo Al Gharafa, do Quatar, surpreendentemente Ramon voltou para o Furacão. Mas o futebol bem abaixo das expectativas fez com que ele fosse dispensado pelo clube, no dia 03 de dezembro.
Ramon chegou com muita polêmica e pouco futebol [foto: Giuliano Gomes]
Quem também chegou ao Atlético cercado de muita polêmica foi o irreverente goleiro Viáfara. Sua contratação chegou a ser questionada por alguns torcedores, visto que na época de sua chegada (em março) o Atlético tinha no elenco o goleiro titular Cléber, além de Guilherme, Vinicius e Vagner, que vinham disputando algumas partidas no Paranaense. Com o tempo, no entanto, Viáfara foi ganhando o seu espaço (principalmente pelas negociações envolvendo Cléber e Guilherme) e garantiu o posto de titular no time. As boas atuações, recheadas por alguns lances irreverentes, chamaram a atenção do torcedor e Viáfara ganhou um espaço na galeria de ídolos atuais do time.
Mas não foram apenas Viáfara e Ferreira os únicos colombianos que se destacaram com a camisa Rubro-negra em 2007. Edwin Valencia foi contratado pelo Atlético em maio, depois de uma briga judicial com o América de Cáli. Apesar de chegar ao clube ainda no primeiro semestre, demorou para Valencia se firmar no time titular. Isso aconteceu apenas após a chegada do técnico Ney Franco, que “descobriu” o volante no CT do Caju. Era a oportunidade que Valencia esperava para mostrar o seu futebol, bastante regular e raçudo. Foi assim que ele caiu nas graças do torcedor. Tanto que em recente enquete da Furacao.com, Valencia foi apontado por 60,9% dos internautas como a principal contratação do clube na temporada.
Valencia completou o trio colombiano de sucesso no Furacão [foto: Giuliano Gomes]
Outros jogadores que chegaram e caíram nas graças do torcedor foram o volante Claiton e o zagueiro Antonio Carlos. Claiton foi contratado em julho, na negociação que envolveu a ida do volante Cristian para o Flamengo. Com dedicação e raça, Claiton caiu nas graças do torcedor e do grupo de jogadores, assumindo a condição de capitão do time em campo. Na zaga, a grande contratação do ano foi o zagueiro Antonio Carlos, que se constituiu num dos principais destaques do time na arrancada de recuperação na reta final do Brasileiro.
A revelação
2007 foi o ano especial para o jovem zagueiro Rhodolfo. Com a chegada de Ney Franco ao clube e a adoção do esquema 3-5-2, o garoto oriundo das categorias de formação do clube ganhou a chance no time titular e não decepcionou. As seguidas boas atuações foram inclusive elogiadas pelo treinador, que reconheceu no jovem zagueiro um dos pontos de equilíbrio do time na recuperação no campeonato. Para coroar a boa temporada com a camisa Rubro-negra ele foi convocado pelo técnico Dunga para a seleção olímpica brasileira, no jogo contra a seleção do Brasileirão.
Rhodolfo: revelação em vermelho e preto [foto: arquivo]
As decepções
Não só o experiente meia Ramon decepcionou a torcida na temporada. Outros jogadores não apresentaram um futebol convincente e chamaram a atenção pelo lado negativo. Em enquete realizada recentemente pela Furacao.com, além de Ramon, o atacante Marcelo Macedo também foi apontado como uma das piores contratações do ano. Chegou ao clube com o status de ter sido o artilheiro do Campeonato Carioca, mas no Atlético Marcelo não encontrou o caminho do gol, tendo marcado apenas três gols no Furacão.
Quem também viveu dias negros no Furacão foi o zagueiro Rogério Corrêa. Campeão Brasileiro em 2001, ele não conseguiu repetir a mesma jornada de sucesso nesta passagem pelo clube. No jogo que decretou a eliminação do Atlético no Campeonato Paranaense, na derrota por 3 a 1 para o Paraná Clube, Rogério foi apontado por grande parte da torcida como o principal vilão da desclassificação. Numa atuação desastrosa, ele teve participação direta nos três gols paranistas no jogo, culminando com um gol contra. Ao sair de campo, ouviu coros de vaias e xingamentos pelo péssimo futebol apresentado. No fim do ano, chegou a ter novas oportunidades com Ney Franco, tentando recuperar o prestígio e um lugar de destaque na zaga atleticana.
As curiosidades
Além de destaques, boas contratações e algumas decepções, o ano de 2007 teve também ídolo meteórico que despontou no time com a mesma velocidade em que saiu: o jovem goleiro Guilherme. Em abril ele começou a ganhar uma oportunidade como titular, destacando-se em várias partidas. O sucesso repentino logo se transformou em negociação, com o jovem goleiro sendo vendido ao Lokomotiv Moscou, da Rússia, em agosto.
Guilherme foi negociado com o futebol russo [foto: Giuliano Gomes]
Quem também chegou e logo partiu foi o lateral-esquerda Alessandro, contratado pelo Atlético no dia 08 de agosto vindo do futebol da Austrália. Pouco mais de um mês depois, no dia 14 de setembro, ele foi emprestado ao Guanabara.
O ano teve também quem se destacou por atuar em várias posições no campo. Nei foi contratado pelo Atlético em dezembro de 2006 para atuar na lateral-direita. Não demorou muito para ele se firmar como boa opção na lateral-esquerda e, depois, na zaga. E no primeiro jogo da semifinal do Campeonato Paranaense o polivalente Nei teve uma experiência ainda mais inusitada: jogar no gol. Aos 46 minutos do 2º tempo, o goleiro Cléber foi expulso e o pequenino Nei, com 1,75m, assumiu a meta atleticana, garantindo o empate por 0 a 0 no placar.
Nei chegou a atuar improvisado no gol [foto: Giuliano Gomes]
Se tem jogadores que se destacam pelas atuações regulares durante toda a temporada, tem quem brilha em um único jogo. Foi o que aconteceu com o contestado lateral-esquerda Michel. Um chute forte, preciso, com uma brilhante trilha sonora de “olés” consagrou o lateral como autor do mais bonito gol da temporada 2007 pelo Furacão. A obra de arte foi assinalada no dia 31 de outubro, na vitória atleticana por 2 a 0 sobre o Grêmio.
O ano também foi especial para o zagueiro Danilo. Contra o Botafogo, no dia 07 de julho, o jogador completou 150 partidas com a camisa Rubro-negra.
As despedidas
2007 também encerrou uma fase de amor e ódio que acompanhou a trajetória de Denis Marques no Atlético. Vice-artilheiro do time na temporada, com 14 gols, Denis encerrou sua passagem pelo clube após três anos de Atlético, sendo negociado no início de julho ao Omiya Ardija, do Japão.
Mas nenhuma despedida foi mais marcante do que a despedida de um eterno ídolo. No dia 24 de maio, a Arena da Baixada abriu as suas portas para um jogo especial, que marcava a despedida do atacante Paulo Rink dos gramados. O jogo entre Atlético e Amigos de Paulo Rink foi uma verdadeira festa em vermelho e preto, dando aos atleticanos a oportunidade de rever outros ídolos do passado, como o uruguaio Matosas, o goleiro Ricardo Pinto, Alex Lopes, Andrei, Reginaldo, Paulo Miranda, Kleberson, Oséas, Jean Carlo, João Antonio... O placar final apontou vitória do Atlético por 4 a 1, mas o jogo foi marcado mesmo pelo clima de confraternização e alegria, num merecido muito obrigado a um dos maiores ídolos da história atleticana.
Vídeo: Ricardo Campelo - Confira amanhã, na terceira parte da Retrospectiva 2007, as conquistas patrimoniais que marcaram o ano atleticano.