União time-torcida é a grande lição do ano de 2007 [foto: Giuliano Gomes]
Apesar de não ter conquistado nenhum título importante ou de não ter feito uma grande campanha nas quatro competições que disputou, 2007 é um ano a ser lembrado pela torcida e pela diretoria atleticana. Foram 12 meses de erros e acertos, sucessos e fracassos. Mas a principal lição que o ano trouxe foi a de que é importante rever pensamentos. Mais do que isso, mostrou o quanto é importante a união e a integração de todos os atleticanos em torno de um objetivo comum.
Nesta época do ano, em que é comum se avaliar tudo o que foi feito nos últimos 365 dias e planejar um novo ano, é fundamental rever o que foi feito em 2007 – sejam sucessos ou fracassos. Somente assim é possível trilhar um futuro ainda melhor e mais vencedor para o Clube Atlético Paranaense.
Para relembrar todos os detalhes desta temporada, a Furacao.com preparou uma retrospectiva especial do ano de 2007 para o Atlético. A reportagem está dividida em quatro partes e será publicada a partir de hoje no site, destacando as competições disputadas pelo clube no ano, os principais destaques do time, as melhoras na estrutura e a torcida atleticana, que sempre ajudou a dar vida ao clube.
No balanço geral do ano, apesar de nenhuma conquista nos gramados nas competições oficiais disputadas, dá para avaliar que em 2007 o Atlético se fortaleceu e relembrou novamente o quanto somos imbatíveis quando diretoria, time e torcida se unem por ideal: o ideal de transformar o Atlético Paranaense no temido Furacão da Baixada.
Campeonatos
O ano de 2007 começou de uma maneira diferente para a torcida atleticana. Acostumada a vibrar com as atuações do time profissional do Rubro-negro, os atleticanos se depararam numa torcida fervorosa pelos “meninos do Furacão”, na disputa da Copa São Paulo de Futebol Junior. Tendo no time revelações como o goleiro João Carlos, o lateral Robert, o meia Gerônimo e os atacantes Fernando Mineiro, Eduardo Salles e Michel, o Furacão fez bonito, marcando a sua melhor participação até aqui na competição: semifinalista da Copinha, o sonho do título inédito esbarrou contra o São Paulo, quando perdeu por
4 a 1.
O Paranaense da quebra da invencibilidade
No time profissional, o ano começou da mesma maneira que terminou, com o anúncio da permanência do técnico Vadão no comando da equipe em 2007. O objetivo do clube na temporada foi traçado e anunciado: a conquista da Copa do Brasil, levando novamente o time à disputa da Copa Libertadores da América. Em virtude disso, o Rubro-Negro iniciou o Campeonato Paranaense com um time B e uma outra comissão técnica, comandada pelo técnico Ivo Secchi, enquanto os atletas considerados titulares faziam uma pré-temporada voltada à Copa do Brasil.
A estréia no Estadual aconteceu no dia 14 de janeiro, com um empate com o J.Malucelli em
3 a 3, no estádio do Pinhão. O
primeiro gol rubro-negro na temporada foi marcado pelo volante Welington, aos 33 minutos de jogo, numa cobrança de falta perfeita. O jogo marcou também momentos distintos a dois atacantes atleticanos: Rodrigão, que voltava aos gramados após nove meses se recuperando de uma hepatite, e Dagoberto, que mais uma vez via desmoronar toda a idolatria que a torcida atleticana sentia por ele. Ao entrar em campo, aos 16 minutos do 2º tempo, ele foi constantemente vaiado e xingado pela torcida que tinha se acostumado a lhe aplaudir. Era o jogador colhendo o que plantou, após travar uma disputa judicial contra o clube.
O time B do Atlético continuou atuando na competição até a sexta rodada, com apresentações pouco animadoras para o torcedor: após o empate na estréia, o time perdeu na Kyocera Arena por 1 a 0 para o Rio Branco, venceu o Iraty por 2 a 1 e a Portuguesa Londrinense (1 a 0), perdeu para o Cascavel (4 a 3) e empatou com o Londrina: 3 a 3. O time considerado titular do Furacão entrou pela primeira vez em campo no dia 3 de fevereiro, para enfrentar o Nacional, na Kyocera Arena. E o placar final empolgou a torcida:
5 a 1 para o Rubro-Negro. Era o Furacão estreando em grande estilo na temporada. Mais do que isso, o jogo marcou também o retorno de dois ídolos da torcida: Marcão e Alex Mineiro.
Após altos e baixos na competição, incluindo o empate em
2 a 2 com o Coritiba, no Caldeirão, e a goleada histórica na Baixada sobre o Iguaçu, por 8 a 0, no dia 11 de março, o Furacão chegou à semifinal da competição. O adversário era o Paraná Clube. O jogo de ida, na Vila Capanema, terminou empatado em 0 a 0. A partida de volta, no Baixada, foi trágica para os atleticanos. A derrota por
3 a 1 para o Paraná encerrou uma marca histórica: até então, o Atlético jamais havia perdido para o Tricolor em seu território. Com a vitória, o Paraná garantiu a vaga na decisão do Paranaense, perdendo o título para o Paranavaí.
Copa do Brasil esbarra no Fluminense
O objetivo principal do Atlético na temporada tinha nome: Copa do Brasil. A competição é considerada o caminho mais fácil para a Libertadores da América e tornou-se a grande meta atleticana no primeiro semestre do ano. O time estreou no campeonato no dia 25 de fevereiro aplicando uma goleada de
5 a 2 sobre o Coxim, o que classificou o Rubro-negro automaticamente para a segunda fase.
O segundo jogo na competição ocorreu apenas no dia 21 de março, contra o Vitória, no Barradão. E a partida mostrou ao Atlético o quão traiçoeira é a competição no estilo mata-mata. A derrota por 4 a 1 em Salvador colocou em risco o futuro atleticano na competição. Vendo que precisava do apoio da torcida para que o planejamento não caísse por terra, para o jogo de volta, na Kyocera Arena, a diretoria atleticana pela primeira vez depois de muito tempo realizou uma promoção e reduziu o preço dos ingressos. Deu certo! Com o time jogando bem e a torcida empurrando durante todo o tempo, o Atlético reverteu o placar e venceu o Vitória por
3 a 0, carimbando o passaporte para a próxima fase.
Profético Mosaico contra o Vitória, na Copa do Brasil [foto: arquivo]
Nas oitavas-de-final, contra o Atlético Goianiense, mais uma vez o Rubro-Negro tropeçou fora de casa. No dia 18 de abril, o Furacão foi batido por 3 a 1, no Serra Dourada. Na partida de volta, mais uma vez a torcida mostrou sua paixão e ajudou o time a derrotar o adversário por
2 a 0, classificando o Atlético para as quartas-de-final.
Nesta fase, o time encontrou o grande desafio para chegar à final da Copa do Brasil e ficou pelo caminho. Contra o Fluminense, diferente dos jogos anteriores, o jogo fora de casa não foi o maior adversário. Após o empate por 1 a 1 no Maracanã, o Atlético viu o sonho da Copa do Brasil desmoronar dentro da Baixada: o goleiro Guilherme foi expulso aos 24 minutos do primeiro tempo, dando lugar ao arqueiro colombiano Viáfara. Sem mostrar a mesma garra dos jogos anteriores, aos 32 minutos do segundo tempo, o atacante Magrão marcou o gol que decretou a vitória do Fluminense por
1 a 0 e a eliminação do Atlético de seu principal objetivo em 2007.
Sul-Americana e o vexame em um único jogo
No dia 15 de agosto o Atlético estreava numa competição internacional. Era a Copa Sul-Americana, oportunidade para o clube mostrar mais uma vez para toda a América a força do “El Paranaense”. Mas o que podia ser uma história de sucesso se transformou na síntese de um vexame de um único capítulo. O adversário da primeira fase era o Vasco e bastaram 90 minutos, em plena Arena, para os cariocas decretarem a derrota atleticana e a precoce eliminação do clube. A derrota por
4 a 2, na Baixada, praticamente minou qualquer hipótese de permanência do time na competição. No jogo de volta, em São Januário, a vitória vascaína por 2 a 0 apenas deu números finais a um vexame atleticano internacional.
Brasileiro: o susto do rebaixamento, a quebra de tabus históricos e o renascimento nos braços da torcida
A história do Atlético no Campeonato Brasileiro deste ano pode ser dividida em duas partes: primeiro e segundo turno. Isso mesmo, na virada de turno, o Furacão deu um chute na má fase, livrou-se do perigo eminente do rebaixamento e renasceu das cinzas. Tudo isso sob a guarda da torcida, que sempre esteve a postos, esperando fazer o que sabe de melhor: incentivar o Furacão.
O campeonato começou no dia 12 de maio de maneira animadora para os atleticanos, com uma goleada histórica por
6 a 3 sobre o Figueirense, no Orlando Scarpelli. A vitória foi a primeira do Rubro-negro sobre os catarinenses na história da competição. E coube ao zagueiro Danilo, aos 10 minutos de jogo, marcar o
primeiro gol do Brasileirão 2007.
Brasileiro: estréia espetacular com goleada em Florianópolis [foto: arquivo]
Após a estréia espetacular, o Atlético manteve a primeira colocação no campeonato na segunda rodada, ao vencer o Internacional, na Arena, por 2 a 1. Foi a última vez que o Furacão ocupou o primeiro lugar na classificação. A derrota para o Santos por 1 a 0 na Baixada, na terceira rodada, decretou o começo da queda atleticana na tabela.
Na sétima rodada, o Furacão voltou a brilhar – e mais uma vez de maneira inédita. A vitória por
2 a 0 sobre o Palmeiras, no Palestra Itália, marcou a primeira vitória atleticana sobre o clube paulista em São Paulo, gols de Edno e Alex Mineiro.
O primeiro turno irregular do Atlético também teve vexames em casa (como a derrota por 3 a 0 para o Goiás e o empate por 1 a 1 contra o Náutico) e fora de casa (como a derrota por 2 a 1 para o América, em Natal).
No dia 28 de julho, uma verdadeira batalha campal esteve no caminho atleticano na competição. Jogando no estádio Olímpico, em Porto Alegre, o valente time do Atlético conseguiu um heróico empate por
1 a 1 contra o Grêmio. Mas os fatores extra-futebol foram o que mais chamaram a atenção no jogo. Com menos de cinco minutos de jogo, o atacante Alex Mineiro foi chutado pelo meia Tcheco quando tentava cabecear uma bola na área. Alex foi golpeado na cabeça e foi imobilizado pelos médicos antes de deixar o campo na maca. O jogador estava sangrando muito pelo nariz e foi levado imediatamente por uma ambulância para um hospital em Porto Alegre. Alex Mineiro teve vários ossos do nariz e do rosto quebrados, foi submetido a uma cirurgia e ficou durante vários meses afastado dos gramados.
Alex Mineiro: vítima da “batalha do Olímpico” [foto: arquivo]
Mas a violência gremista não acabou por aí. Por volta dos 30 minutos, mais uma jogada violentíssima ditou o clima do jogo. Quando puxava um contra-ataque, o meia Evandro fez um lançamento para a ponta-esquerda e levou uma cotovelada desleal do paraguaio Gavilán. A violência do lance resultou que Evandro perdesse um dente e tivesse outros três quebrados. O meia também foi levado de ambulância para o hospital. E, assim como o que já tinha acontecido com Tcheco, Gavilán sequer foi advertido pelo árbitro Paulo Henrique de Godoy Bezerra, totalmente conivente com a violência gremista.
O saldo final do primeiro turno foi trágico para o Atlético: sete derrotas, sete empates e apenas cinco vitórias. Pior: o time flertava cada vez com mais intensidade com as últimas colocações na classificação. O medo do rebaixamento preocupava a torcida e a diretoria atleticana.
No segundo turno, o Atlético teve outra cara na competição. Tudo começou com o anúncio da diretoria em
reduzir o valor dos ingressos até o final do campeonato. Com isso, todos os torcedores puderam pagar meio-ingresso para assistir aos jogos do Furacão na Baixada. A torcida, que deu vida-nova ao time, ditou o ritmo da recuperação, tornando-se o principal reforço da equipe na reta final do Brasileiro.
Contra o Internacional, na segunda partida do segundo turno, o Atlético percebeu que o seu caminho de recuperação na fuga do rebaixamento era mais difícil do que parecia. Num dos lances mais bizarros e escandalosos do campeonato, aos 44 minutos do segundo tempo, o árbitro Luis Antônio Silva Santos resolveu participar decisivamente no resultado final do jogo. Ele marcou um
pênalti em favor do Internacional de maneira absurda . Erandir disputou bola com Jonas na entrada da área. O árbitro alegou falta do volante atleticano e, pior, assumiu que o lance ocorreu dentro da grande área (quando, em verdade, aconteceu no semi-círculo). Alex cobrou no canto esquerdo superior de Viáfara e o Atlético perdeu o jogo por 1 a 0.
Depois das vitórias sobre Atlético Mineiro e Goiás, o Atlético consolidou a sua jornada de recuperação em uma brilhante vitória por
2 a 1 sobre o Palmeiras, na Baixada. Empurrado por mais de 23 mil torcedores, o Furacão venceu e convenceu, num dos melhores e mais emocionantes jogos do campeonato. O jogo teve ainda um lance trágico: aos 10 minutos do 2º tempo, o meia Ferreira levou uma pancada na cabeça e sofreu uma convulsão dentro do gramado.
Torcida foi o grande reforço do time no segundo turno [foto: Giuliano Gomes]
Contra o Paraná Clube, na rodada seguinte, o Atlético e os atleticanos fizeram história. Com um público pagante de 26.661 pessoas,
melhor público do clube no ano , o Furacão mostrou aos paranistas que a derrota no Paranaense nada mais foi do que um acaso do destino. O placar de
2 a 1 confirmou a boa fase atleticana, com o apoio irrestrito de uma apaixonada torcida, que garantiu no grito uma vida-nova ao time.
No dia 31 de outubro, a Baixada viveu um momento de êxtase total, decretando um dos momentos mais mágicos de sua história. O jogo contra o Grêmio era cercado de expectativa depois dos lamentáveis incidentes protagonizados pelos gremistas no jogo do primeiro turno. Mas jogando futebol (e como jogou!) o Atlético deu um banho de bola e protagonizou um verdadeiro show rubro-negro. O placar final, em
2 a 0, não traduz exatamente a superioridade atleticana em campo. Mas quem olhar o gol de Michel, marcado aos 37 minutos do segundo tempo, aí sim pode ver o quão artístico e mágico foi esse jogo. Foi cerca de um minuto de toques na bola sob o grito de “olé” das arquibancadas. A excelente troca de passes do time fez a bola sobrar na entrada da área para o lateral-esquerda Michel, que acertou um belo chute e marcou um
golaço, o mais bonito da temporada atleticana. O jogo teve ainda outros momentos de delírio para a torcida atleticana com a expulsão de Tcheco, no início do segundo tempo, e a entrada do atacante Alex Mineiro aos 37 minutos do segundo tempo, o seu primeiro jogo na Baixada depois de três meses se recuperando – a volta havia acontecido na rodada anterior, contra o Cruzeiro, em Belo Horizonte.
A surpreendente recuperação do time chegou a levar o Atlético a ter chances, mesmo que remotas, de conseguir uma classificação para a Libertadores da América. O sonho minou após o empate em 0 a 0 contra o Sport, na Arena, em jogo que marcou mais um reencontro do técnico Geninho com a torcida atleticana. Na última rodada, contra o São Paulo, a vitória por
2 a 1 garantiu o Furacão na Copa Sul-Americana 2008. O zagueiro Antonio Carlos, aos 47 minutos do segundo tempo, marcou o gol da vitória, o último gol atleticano na temporada e, coincidentemente, o último gol da edição 2007 do Campeonato Brasileiro.
- Acompanhe amanhã, na Furacao.com, a segunda parte da Retrospectiva 2007 do Atlético, relembrando jogadores e treinadores que foram destaques no time durante a temporada.
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