Marcão é, hoje, o sÃmbolo da raça atleticana contra os coxas
Foto: arquivo Paraná-Online
O clássico das multidões. Não é à toa que Carneiro Neto e VinÃcius Coelho definiram o principal jogo do futebol paranaense desta maneira. Afinal, o encontro entre Atlético e Coritiba mobiliza a cidade, o estado e várias partes do Brasil e até mesmo outros paÃses. Pesquisa do Lance! aponta que são um milhão de atleticanos espalhados por diversos pontos do mundo e outros 400 mil coritibanos no planeta. Ou seja, são um 1 milhão e 400 mil pessoas ligadas em todas as emoções do jogo. O clássico dos clássicos do futebol paranaense. Que desta vez vale tÃtulo, o tÃtulo de Campeão Paranaense.
É a 12ª vez que o campeonato estadual é decidido pelo seu maior jogo. Até agora, em clássicos decisivos, o Atlético leva vantagem, vencendo seis vezes (1943, 1943, 1983, 1990, 1998 e 2000), contra cinco do rival (1941, 1968, 1972, 1978 e 2004). E para conquistar seu 21º tÃtulo Estadual na história, o Atlético aposta em velhos ingredientes que, somados, podem sim fazer a diferença. "É o jogo da superação, da vontade, da raça", aposta o zagueiro Marcão.
Do atual elenco atleticano, apenas seis jogadores já atuaram em um Atletiba vestindo a camisa profissional do Rubro-negro: o goleiro Diego, o zagueiro Marcão, os volantes Cocito e Alan Bahia e os meias Fernandinho e FabrÃcio. O atacante Lima também já disputou o clássico, mas do outro lado. "É o grande jogo do futebol paranaense. Gosto de jogar e gosto mais quando saÃmos vitoriosos", define Diego.
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Às vésperas do confronto decisivo, nada melhor do que seguir o conselho dos mais experientes. Jogadores que ajudaram a construir a história de 81 anos do clássico Atletiba, que protagonizaram grandes lances, belos gols, sensacionais defesas. E que, principalmente, colaboraram para escrever a história do clássico, sÃmbolo maior do futebol paranaense. Em poucas palavras, alguns dos principais nomes da história atleticana tentam traduzir o que significa essa magia chamada Atletiba. Que a lição deles sirva de inspiração para os jogadores e a torcida atleticana, pois desta forma todos poderemos gritar, no dia 17 de abril, a deliciosa frase: "É campeão!!!".
"Eu não gostava de levar desaforo para casa. Queria vencer, sempre. E se descobria uma maneira de irritar o adversário e, assim, tirar proveito para o Atlético ganhar, usava. Ainda hoje o Atlético representa tudo para mim" -
Cireno, ex-atacante do Atlético, campeão paranaense em 1943, 1945 e 1949.
"Na minha despedida, nós ganhamos do Coritiba por 3 a 0, eu joguei com a número 10 e fiz uma partida realmente maravilhosa. Na hora que eu saà do jogo, faltando uns dez minutos para o fim, a torcida do Atlético ficou em pé, gritando para que eu ficasse. Ao mesmo tempo, eu podia ouvir a torcida do Coritiba nas cadeiras batendo palmas" -
Carlinhos, ex-ponta-direita do Atlético, campeão paranaense em 1988 e 1990.
"Maior alegria no Atlético é quando as coisas estão perdidas e você ganha, a alegria é maior, porque você não tem esperança na vitória. Foi em 90, o tÃtulo de 90. Primeiro na quarta-feira, quando o Atlético ia perdendo de 1 a 0 e o Gilberto fez um sinal para o Dirceu e ele foi lá e empatou o jogo. Veio o segundo jogo, aquela linha de passes no gol do Berg. Para mim aquele foi o grande tÃtulo estadual do Atlético. Pela surpresa, ninguém esperava" -
Augusto Mafuz, jornalista, referindo-se à final de 1990, quando o Atlético conquistou o tÃtulo derrotando o Coritiba.
"Somos originais e criativos e fazemos um trabalho de apoio ao clube nos 90 minutos. No Rio de Janeiro e São Paulo as torcidas vão aos treinos, aos jogos, para bater nos jogadores. A gente cobra, mas com 99,9% de incentivo. Não tenho dúvidas de que somos os maiores e melhores do Paraná" -
Heriberto Ivan Machado, historiador, sobre a torcida atleticana.
"No primeiro jogo da final tomei uma garrafada no braço de um coxa-branca e acabei quebrando um osso. Eu continuei jogando, com braço quebrado e uma dor desgraçada. Mesmo assim nós empatamos a partida. Já no segundo jogo, eu continuei com o braço quebrado não queria falar para os médicos que estava doendo muito. O farmacêutico (Pushineker), engessou e me deu uma injeção para jogar e joguei até o fim. Eu não podia, porque se levasse uma bolada, matava. Mas no final, fui o melhor em campo" -
Lolô, ex-meia do Atlético, sobre o tÃtulo paranaense de 1945, conquistado sobre o Coritiba.
"O que eu via eram carros com bandeiras na rua desfilando, pintavam o Homem Nu de rubro-negro. Não existia briga. Todo mundo que ia lá ver o jogo comprava o ingresso normalmente. Não tinha espaço separado. A própria torcida se separava. Hoje é uma guerra" -
Julio, ex-lateral-esquerda do Atlético, sobre os Atletibas da década de 70.
O Atletiba de 1945 foi um espetáculo circense. O Cireno tirou o gorro do goleiro dos coxas o Belo e mostrou a careca. O Belo correu atrás do Cireno, e ele, muito esperto, correu em direção ao juiz, parou perto dele. O Belo não se conteve e agrediu o Cireno. O juiz nem viu que ele estava com gorro porque ele tinha jogado no chão antes e o juiz expulsou o Belo. O Coritiba não se conformou com aquilo. O time saiu de campo e como não voltaram, o juiz encerrou a partida com vitória para nós." Jackson, um dos lÃderes do Furacão da década de 40.
*Observação: Todas as entrevistas foram feitas pelos integrantes da Furacao.com para o Hot Site dos 80 anos do Atlético.
Reportagem: Patricia Bahr, do conteúdo da Furacao.com
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