Diário da Fundação 26 de março de 1923 - segunda-feira Quantas voltas esse mundo dá! Hoje fomos surpreendidos pela turma liderada por José Gonçalves Junior, Anibal Carneiro e Heitor Valente, do América, propondo uma união de forças. Logo eles, os americanos, que não faz nem uma década deram seu grito de independência e resolveram deixar o Internacional para formar um novo clube. Desde a fundação do Internacional, em 1912, todos sabiam estar diante de uma grande força. A esquadra era muito eficiente e representava uma negação às sociedades de colônias de imigrantes, ganhando força em todos os cantos da cidade. O único problema é que o clube passou a reunir muitos associados e nem todos tinham espaço para jogar. Facilmente derrotávamos Paraná e Curityba. E como abrir mão de Ivo Leão, Cândido Mäder, Pandu, Maravalhas, Manfredini e Bacalhau? Não havia muita solução. Por isso, a esquadra reserva do Internacional decidiu desvincular-se e, em 1914, surgiu o América Foot Ball Club. Sabíamos que seria um grande clube, mas nada pudemos fazer para evitar a saída deles. Em 1915, nenhum clube conseguiu fazer frente ao Internacional, campeão invicto, com belas atuações de Ivo Leão. Mas, dois anos depois, o América montou uma bela esquadra e levou o troféu do Torneio Oficial. Mas hoje os tempos são outros e a situação dos americanos não é nada confortável. Nem a conquista da segunda divisão do Estadual acalmou as coisas. A dívida acumulada com a Associação Sportiva Paranaense não é das menores. Ontem, no jogo extra para decidir o representante no Torneio Oficial, América e Universal empatavam por 3 a 3 quando Marrecão decidiu tirar o time de campo na marcação de um pênalti estranho a favor dos universalistas. Ao que tudo indica, a decisão será nos bastidores. Confesso que, apesar de surpreso com a proposta, não sou de todo contra. Reservadamente, comentei com Leão, Candinho e Arcésio que a união das forças pode ser uma alternativa para conter a ascensão do Britânia. Dos arianos não podemos esperar muita coisa, afinal é uma sociedade de colônia, muito fechada em suas tradições. Mas precisamos provocar alguma reação, senão o futebol de nosso Estado estará fadado ao desinteresse popular.
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