Diário da Fundação 22 de janeiro de 1924 - terça-feira Nessa semana voltamos a tratar da união de forças com o pessoal do América. Já faz um ano que eles nos procuraram, sondando uma possível fusão. Desde então, muito se tem discutido a esse respeito. Ontem foi marcada uma reunião lá no Café do Comércio. Quando chegamos na Rua XV, por volta do meio-dia, fomos informados da morte de Lênin, fato que acabou mudando o rumo das conversas. Alguns se dedicaram à defesa ardorosa do socialismo, enquanto que outros pareciam não se importar muito com a morte de Lênin. Em todo caso, essas diferenças não atrapalharam os entendimentos para a união dos dois clubes. Aliás, muito ao contrário. Muitos alvinegros e alvirrubros se entenderam nas opiniões políticas, de ambos os lados, criando bons laços de admiração e respeito. Arrefecidos os ânimos, passamos a tratar da união dos clubes. Os americanos relataram suas restrições financeiras. Dificilmente terão condições de disputar o campeonato deste ano, pois a dívida com a Associação Sportiva Paranaense já está em cifras altas. Particularmente, estou cada vez mais favorável à fusão. Não há mais espaço para muitos clubes em Curitiba. A tendência natural é a união de forças para a constituição de agremiações mais fortes. E qual fusão poderia ser melhor que a entre os dois clubes mais populares da cidade? Pois acho que as conversas estão adiantadas e a oficialização do novo clube deve ocorrer nos próximos dias. O nome parece já estar certo: Club Athletico Paranaense. É uma forma de homenagear o Estado, já que a nova associação terá repercussão em todo o Paraná. Ainda há discussões quanto às cores do uniforme. No ano passado, o impasse gerado nessa escolha acabou encerrando as conversas. Mas agora acho que todos estão mais maduros e conscientes de que a fusão deve mesmo sair. Os internacionalistas não abrem mão da camisa alvinegra, que eles reputam ser mais elegante. Já os americanos querem por força a inclusão do seu vermelho. Ainda há um terceiro grupo, que defende uma solução salomônica, com a presença de três cores: preta, branca e vermelha. Os americanos pensam que o rubro-negro seria melhor, deixando o branco apenas para os calções e alguns detalhes na camisa.
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