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Nenhum | terça-feira, 27 de julho de 2004, 11h05

Opinião de Patrícia Bahr

Leia a opinião de Patrícia Bahr sobre a proibição da bateria no andar inferior da Arena da Baixada:

Só queremos uma coisa: torcer!
Por Patrícia Bahr

Abril de 1995. Num misto de tristeza e orgulho, um homem via seu time do coração ser goleado pelo maior rival. Tristeza pela derrota, pela situação precária que se encontrava o clube, pelas dívidas acumuladas, pelo time sem-expressão que defendia as cores rubro-negras. Mas ele também sentia orgulho. Porque nas arquibancadas do Couto Pereira ele viu que a paixão que move os atleticanos é muito maior do que a simples rivalidade de um Atletiba, é muito maior que os limites do vencer ou perder. Naquele dia, mesmo sendo goleado por seu maior rival, a torcida atleticana mostrou porque é diferente, porque é a mais apaixonada, a mais vibrante, a mais espetacular. E com bandeiras, faixas, bateria, sinalizadores fez a maior festa no estádio, calando a torcida adversária. Fez o suficiente para que Mario Celso Petraglia desse o grito de basta, assumisse a presidência do clube e transformasse o Atlético num dos principais times do futebol brasileiro.

Em 9 anos, a torcida pode não ter sido a principal protagonista das vitórias e conquistas do time, mas certamente teve papel fundamental em cada lance, cada gol, cada vitória, cada título. A torcida que “comprou” as idéias do presidente e transformou os sonhos, os ideais e os desejos de Mario Celso Petraglia em seus sonhos, ideais e desejos. Nesse tempo todo, convivemos com vitórias e derrotas. Momentos inesquecíveis, títulos memoráveis. Vimos o Atlético se transformar em referência e modelo de organização para o país inteiro. Também passamos por tempos difíceis, quando quiseram jogar o nome do clube e de seu presidente na lama. Mas, tanto nas horas de alegria quanto nas de tristeza, o Atlético sempre teve uma marca: o apoio incondicional e irrestrito de seu torcedor.

Uma torcida que viajou até o Rio de Janeiro, protestou em frente à sede da CBF, clamando por justiça – para o clube e seu presidente. Uma torcida que agüentou pacientemente à volta ao Pinheirão, movida pelo sonho da sua Arena.
Uma torcida que encantou e maravilhou o Brasil inteiro, embelezando ainda mais a conquista do título brasileiro de 2001. Uma torcida que a cada dia mostra para jogadores, comissão técnica, dirigentes e, principalmente, para os adversários porquê o Atlético é o maior e melhor. Nesses momentos todos, mesmo quando ninguém acreditava, a torcida esteve junto e ao lado do time.
Numa relação passional, apaixonante.

Hoje, 9 anos depois desta mesma torcida convencer Petraglia de que o Atlético não merecia estar na lama, mendigando migalhas, vivemos uma situação totalmente diferente. Somos modelo de planejamento, temos o melhor CT, o melhor estádio, um patrimônio invejável, jogadores de seleção, estrela prateada e dourada no peito. O que não mudou foi a nossa paixão, o orgulho que temos de vestir as cores rubro-negras. Porque se hoje o Atlético é tudo aquilo que um dia Petraglia sonhou e construiu, ele surgiu do grito isolado de alguns torcedores no Couto Pereira. Torcedores que munidos com bateria, bandeiras, faixas e sinalizadores fizeram com que Mario Celso Petraglia decidisse mudar o caminho do Atlético, colocando o clube entre os melhores do país.

Esta mesma torcida hoje só pede uma coisa a você, Petraglia: nos deixe ser feliz. Nos deixe fazer aquilo que sempre soubemos fazer muito bem. Nos deixe ajudar a transformar o Atlético no melhor time do planeta. Por favor, Petraglia, nos deixe torcer!!!!
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