Leia abaixo a opinião de Erick Raifur:
Escolhas
Quantas vezes você se pegou questionando o passado de sua vida, das escolhas que você fez ? Aqueles pensamentos que lhe acometem de vez em quando como: "O que aconteceria se eu marcasse o "X" na opção Medicina, ao invés de Engenharia, quando prestei concurso para o vestibular?" Certamente, foi um momento que decidiu boa parte de sua vida.
Ou então: "E se eu não fosse naquela festa, naquela noite ? Não teria conhecido a minha (futura) esposa, não teria os filhos que tenho hoje...." O fato de ter saÃdo, ao invés de ter ficado em casa à noite, pode ter mudado completamente os rumos da sua existência.
Enfim, a nossa vida é feita de escolhas. Algumas podem ser tomadas com cuidado, com muito estudo, com tempo. Outras, precisam ser tomadas em instantes.
No Atlético, temos dois exemplos de escolhas que aconteceram e mudaram o rumo dos acontecimentos. Uma que foi tomada numa fração de segundo e deu certo. E outra que foi tomada após semanas de pesquisas e estudo, e acabou se revelando um completo desastre.
A que deu certo:
Dia 16 de dezembro de 2001, cerca de 35 do segundo tempo, Arena da Baixada. Final do Campeonato Brasileiro. O jogo é contra o São Caetano, o placar acusa 2 x 2. A equipe do São Caetano é obstinada. Excelente preparo fÃsico, entrosamento perfeito e uma vontade de vencer só comparável talvez à do próprio Atlético. Faltam 10 minutos pra acabar o jogo. O Atlético pressiona, precisa buscar a vitória. O empate favorece o outro time. O Furacão vai para o ataque, mas o São Caetano tem a melhor defesa do campeonato. Uma autêntica final de Campeonato Brasileiro, como há muito não se via (e nunca mais houve). Souza está entre três jogadores do São Caetano. Alex Mineiro recebe a bola, e toca para Souza, que precisa tomar uma decisão, em milésimos de segundo: "Ou eu toco de primeira, para completar a tabela, ou eu seguro e cavo uma falta, para eu mesmo tentar converter".
A decisão de Souza foi tocar de primeira. De letra, en passant, para Alex Mineiro passar como um raio por entre toda a zaga do São Caetano e fazer o terceiro gol do Atlético. Naquele "instante mágico", da escolha de Souza, em um jogo terrivelmente equilibrado, ganhamos o maior tÃtulo da nossa História....
A que deu errado:
Em algum momento, no último bimestre de 2003, a diretoria do Atlético se viu obrigada a tomar uma decisão. Ou tentava, mais uma vez, um acordo com a diretoria do Expoente, para começar as obras de finalização da Arena. Ou desistia da negociação amigável, protelando por mais um ano o término da Baixada, partindo para outras estratégias.
A Escolha foi não se submeter ao novo valor pedido pelo Expoente, e usar o dinheiro para instalar cadeiras em toda a Baixada. Mas a instalação de cadeiras traria novos problemas. O primeiro seria a "necessidade" de elevar os preços dos ingressos para garantir a manutenção das mesmas.
Uma escolha clamorosamente equivocada.
O novo preço dos ingressos gerou uma onda de protestos, de desestabilização do ambiente interno do clube, e o resultado está aÃ. Perdemos um tÃtulo para os arqui-rivais dentro do nosso próprio Estádio, e agora estamos entre os últimos no Brasileirão. Num jogo de estréia de Campeonato Brasileiro e pouco mais de 3.000 pessoas dentro do nosso outrora Caldeirão, que mais parecia um freezer, tamanha a apatia dos torcedores que lá estavam, devidamente sentadinhos em suas cadeiras.
Tudo poderia estar diferente se a escolha fosse outra: Forçar o acordo com o Colégio e terminar a Arena, ao invés de instalar cadeiras. Aumentando a capacidade do Estádio, poderiam manter preços mais acessÃveis (até R$ 20,00 seria um valor bastante razoável).
Se tivessem feito isso no final do ano passado, a esta altura a Baixada já estaria pronta, o estádio lotaria e o Atlético passaria por cima de times como este do Figueirense, sem maiores problemas.
Ao invés disso, o que temos ? 3.000 torcedores que, no máximo, aplaudem sentados, quando o Atlético faz uma boa jogada, e um Muro ainda a nos desafiar e a nos humilhar do outro lado do campo.
Algumas escolhas, definitivamente, quando tomadas, não tem o retorno esperado. Esta, pode nos custar muito mais caro do que uma derrota para o Figueirense.
Erick Raifur
Colunista da
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