O ano de 1988 começou de forma difÃcil para o Atlético. Apesar de ter realizado uma boa campanha no Módulo Amarelo da Copa União de 1987 (quando terminou em terceiro lugar), o rubro-negro enfrentava dificuldades financeiras para manter o mesmo elenco. Por insistência da diretoria, especialmente do presidente Valmor Zimermann e dos diretores Osni Pacheco e José Carlos Farinhaqui, o técnico Nelsinho Baptista foi convencido a permanecer para a temporada seguinte. Ele havia sido contratado no final do ano anterior e realizara um bom trabalho. As expectativas para o Campeonato Paranaense não eram das melhores. Alguns dos destaques do rubro-negro na Copa União (o zagueiro Marcão e o meia Pedrinho) foram negociados para quitar dÃvidas. A solução foi apostar nos jovens valores criados em casa, como o lateral-direito OdemÃlson, o zagueiro Adilson, o meia Kramer e o volante Roberto Cavalo. Ao lado deles, foram importantes os experientes Assis e Dicão, contratado do Corinthians no meio da competição. Além disso, o último tÃtulo estadual havia sido conquistado em 1985. Em 86 e 87, a supremacia do futebol estadual ficou com o Pinheiros (vice em 86 e campeão em 87), clube rico e melhor estruturado. "Quando um time como o Atlético vai iniciar uma competição, sempre se pensa em ser campeão. Mas existia na época o Pinheiros, que era um time que se encontrava numa condição financeira boa. O Atlético tinha algumas dificuldades econômicas, mas a gente sempre pensava em ser campeão", lembra o técnico Nelsinho. Porém, a mÃstica da camisa rubro-negra falou mais alto. Logo no inÃcio do ano, os bons ventos começaram a soprar em favor do Atlético. O time conquistou o bicampeonato do Torneio InÃcio, disputado em Maringá nos dias 31 de janeiro e 1° de fevereiro. Durante o Paranaense, Atlético, Colorado e Pinheiros disputaram ponto a ponto a liderança. Apesar da briga acirrada, o Furacão terminou a primeira fase em primeiro lugar, com 27 pontos, um a frente do Pinheiros. O Cascavel ficou em terceiro, empatado com o Colorado, ambos com 25 pontos. No cruzamento olÃmpico da semifinal, o Atlético pegou o Colorado e o Pinheiros, o Cascavel. A tarefa atleticana não foi fácil. Na primeira partida, os dois times empataram sem gols. No jogo de volta, disputado no Pinheirão, o Atlético venceu o Colorado por 1 a 0, com gol do Ãdolo Assis. Aos 43 minutos do segundo tempo, Carlinhos puxou um contra-ataque e cruzou para Assis, que havia entrado no lugar de Henrique, que marcou o gol da vitória. Time campeão paranaense de 1988. O Pinheiros também confirmou o favoritismo diante do Cascavel e o Campeonato Paranaense teve a final que todos aguardavam, reunindo os melhores times da primeira fase. O regulamento previa a decisão em dois jogos; caso ambos terminassem empatados, o tÃtulo seria disputado em um jogo extra. O atacante rubro-negro ficou tão desesperado que chegou a desmaiar no vestiário. O time esteve tão perto do tÃtulo, mas deixou a chance escapar e um terceiro jogo foi marcado, novamente no Pinheirão. A história do Atlético mostra que tudo é mais sofrido e mais difÃcil para o clube. A grande final foi equilibrada e o gol do tÃtulo saiu somente aos 22 minutos do segundo tempo. Serginho tocou de calcanhar para Manguinha. Ele deu um passo para trás e tentou bater no canto direito de Toinho. Porém, o chute saiu errado e o artilheiro pegou a bola com a parte de fora do pé, acertando o canto esquerdo do goleiro do Pinheiros. Era o gol do tÃtulo, o 15° estadual do Atlético. Esta foi a última conquista do Atlético com a camisa de listras rubro-negras horizontais. Menos de dois meses depois, o clube trocou o uniforme e estreou as listras verticais que são usadas até hoje. Um tÃtulo de uma época romântica, de dificuldades, de raça e de amor à camisa. A FINAL
O CRAQUE Para o técnico Nelsinho, ele foi o grande jogador da conquista de 88. "O Carlinhos era considerado o craque do time, mas tÃnhamos também o Adilson, que vinha despontando como zagueiro e outros nomes muito bons como o Roberto Cavalo e o Marolla", conta o treinador, que apostava tanto as suas fichas em Carlinhos que acabou deixando o consagrado Assis no banco. O ponta, que era chamado carinhosamente de Carlinhos Sabiá, viveu momentos intensos na disputa pelo tÃtulo. Na segunda partida da final, contra o Pinheiros, teve a chance de dar o tÃtulo ao Furacão. Aos 44 minutos do segundo tempo, ele bateu um pênalti, mas não conseguiu fazer o gol. Mostrando amor à camisa, ele chorou e teve de ser carregado pelos companheiros até o vestiário. Lá, ele chegou a desmaiar de tanta emoção. Porém, sua recuperação para a terceira partida foi fundamental para não abalar o grupo. Sem poder contar com Roberto Cavalo, o técnico Nelsinho deu a faixa de capitão a Carlinhos, que recebeu o apoio de todos. Antes da partida decisiva, ele puxou o coro de "É campeão" entre os jogadores, motivando o elenco. O MAESTRO "Quem me levou para o Atlético foi o Farinhaqui. Na época ele era diretor de futebol e ele andava muito por São Paulo. Ele acompanhou meu trabalho na Inter de Limeira e me contratou", relembra Nelsinho. Depois do objetivo cumprido, ele foi mantido no cargo e comandou a jovem equipe atleticana ao tÃtulo estadual de 1988. A conquista foi especial para Nelsinho, já que foi seu primeiro tÃtulo como técnico. "É muita coisa para mim", dizia ele, emocionado, após a vitória sobre o Pinheiros na grande final do Paranaense. De fato, até hoje ele não se esquece daquela campanha. "Foi um tÃtulo muito importante para mim porque, além de estar dirigindo um time de massa como é o Atlético Paranaense, foi meu primeiro tÃtulo como técnico. Então foi de uma importância fundamental para a minha carreira", revela. Ele armou o time no 4-3-3, mas os jogadores tinham liberdade para mudar o esquema dependendo das condições da partida. Assim, em alguns jogos, o Atlético de 88 chegou a atuar com três zagueiros, com o recuo de um volante. Segundo o próprio Nelsinho, sua maior virtude naquela temporada foi a superação. "Devido a algumas dificuldades que nós tÃnhamos para trabalhar, eu aprendi que a gente tem de se adaptar. A gente tem de se adaptar à s dificuldades e procurar fazer o melhor trabalho. O presidente era o Valmor Zimermann e o vice-presidente de futebol era o senhor Osni Pacheco. Eram abnegados, que trabalhavam por amor ao clube e procuravam dar as condições para a gente. Às vezes tinha atraso no pagamento, mas o grupo era muito bom", elogia ele, lembrando da conquista quinze anos depois. A CAMPANHA
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