O Especial Arena da Baixada 4 anos será publicado em cinco capÃtulos: Construção, Inauguração, Jogos Mais Importantes, Artilheiros e EstatÃsticas. A pesquisa e os textos são de Cleverson Freitas, Marçal Justen Neto, Sérgio Tavares Filho, Juarez Villela Filho e Eduardo Aguiar. |
Se há a máxima de que todo grande time começa por um grande goleiro, podemos dizer que todo grande clube começa por um grande estádio. Exceção feita talvez ao Flamengo e ao Corinthians, que são duas instituições tão gigantescas que sobrevivem mesmo sem seu próprio ninho.
Mas com certeza não foi à toa que o São Paulo tornou-se uma potência após inaugurar o Morumbi. Nem tampouco seria errado dizer que o Internacional, com o Gigante da Beira Rio tornou-se a primeira grande força fora do eixo Rio-São Paulo. E admitir também, que nosso tradicional rival Coritiba sempre soube se impor, a partir dos anos 60, após a construção do Belfort Duarte.
Foi com esse pensamento que, em 1997, Mário Celso Petraglia resolveu erguer um novo estádio para o Atlético. A Baixada de tijolinhos já havia passado por reformas e mais reformas e chegou até a ser abandonada. O Atlético tentou transformar o Pinheirão em sua casa, mas acabou retornando ao antigo Joaquim Américo, que atravessou novas reformas e chegou até a receber arquibancadas tubulares.
O destino quis que o garoto Marcelinho, hoje no AvaÃ, fizesse o último gol na antiga Baixada, já sem as arquibancadas móveis e com a curva ao lado do famoso "
Farinhacão" sendo derrubada, em um jogo contra o Matsubara numa quinta-feira à noite. Foi o último suspiro do estádio mais antigo do Paraná.
Surgia, depois disso, o projeto de construção da Arena da Baixada. O objetivo era ambicioso: construir o mais moderno da América Latina. Com direito a bolo comemorativo, maquete e lançamento de uma bela camisa prateada e do Projeto Atlético Total, o Furacão ia ao encontro ao sonho de toda sua nação.
Primeiro passo foi a derrubada do antigo estádio
A partir daÃ, uma verdadeira procissão de atleticanos passou a dar seus palpites na obra, verificar o andamento passo a passo e a jogar conversa fora, criando uma versão moderna da tradicional Boca Maldita. A movimentação era tão grande, a curiosidade tão à flor da pele, a paixão tão intensa que mereceu uma atenção maior por parte do clube.
Em mais um ato criativo, a diretoria resolveu vender as pedrinhas que haviam sido retiradas das paredes e arquibancadas da Baixada. Para completar, foi criado um mirante, seguro, alto, bem na entrada da Rua Buenos Aires, para que todos pudessem acompanhar as obras.
O tempo foi passando e a expectativa, aumentando. O Campeonato Brasileiro de 97 ficou para trás e o time enfrentou dificuldades após a venda de seus principais jogadores da bela campanha de 1996. Em 1998, veio o tÃtulo estadual em cima do Coxa, após 8 anos de espera, mas um Brasileiro inconstante e problemas financeiros fizeram o torcedor começar a achar que o sonho estava muito longe de tornar-se realidade.
Torcida acompanhou a construção passo a passo
Desde o lançamento do projeto, pairavam muitas dúvidas sobre a viabilidade do projeto. Tudo que o Atlético queria era ter um estádio com a funcionalidade do Amsterdã Arena, do Ajax e a proximidade com o campo, a mÃstica do Old Trafford, do poderoso Manchester United. E construir isso com suas próprias forças, sem a ajuda de instituições financeiras, nem de grupos estrangeiros, que começavam a desembarcar no Brasil.
Aos poucos, com calma, muita paciência e perseverança, os homens que guiavam o destino do Atlético foram cimentando e erguendo a monumental Arena da Baixada. A movimentação de torcedores aumentava e reuniões no caldo de cana em frente à Baixada deram origem ao grupo "
Amigos do Mirante", verdadeira confraria e marca indelével da paixão do atleticano pelas coisas do time. Tudo em nome do Atlético.
Quem nunca faltou uma aula, "
matou" algum parente, esticou aquela ida ao banco ou simplesmente desmarcou o que tinha a fazer para dar uma espiada nas obras? Talvez somente quando o engenheiro Luiz Volpato e o então Diretor de Patrimônio Ênio Fornéa Júnior divulgaram que, após 526 dias de obras, quase três meses após o aniversário de 75 anos do clube, a nova Baixada poderia ser entregue ao povo atleticano.
Arena, já pronta, aguarda o grande dia
O começo da venda de ingressos foi uma loucura. A cidade se movimentava em torno do grande acontecimento marcado para o dia 24 de junho de 1999. A Baixada, já de pé, recebia a visita curiosa e apaixonada do torcedor atleticano, empolgado com uma obra tão linda e perfeita. E chega o grande dia, a inauguração, contra o Cerro Porteño, tradicional equipe do futebol paraguaio. Mas essa é outra, mais uma bela história do Atlético, agora um time com sua própria casa. Para sempre.
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