Nota oficial - Enderson Moreira
Quando recebi o convite para dirigir a equipe do Atlético-PR, encarei a notícia com bastante entusiasmo. Pelo fato de já ter trabalhado no clube, em 2009 (quando treinei o Sub-20), não hesitei em aceitar o desafio, apesar do péssimo momento pelo qual a equipe passava e da cobrança por resultados para escapar do quadrangular de descenso no Campeonato Paranaense.
Por outro lado, eu sabia que encontraria no CT do Caju uma estrutura física impecável, profissionais altamente qualificados em diversas áreas, dirigentes com uma vasta experiência no futebol e um plantel que precisava resgatar a confiança para desempenhar seu melhor futebol. Mas, acima de tudo, vim com outra certeza: o tempo seria fundamental para alcançar todos os objetivos traçados.
Além do tempo, era necessário montar duas frentes de atuação para superar essa crise: a primeira era buscar resultados pontuais na disputa do Grupo da Morte; e a segunda, remontar uma equipe para a disputa da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro, contratando atletas que agregassem valor técnico ao grupo, com o intuito de torná-lo extremamente competitivo.
Como havia acabado de passar por um processo parecido no Santos, quando fui obrigado a reconstruir uma equipe para esta temporada - devido aos graves problemas financeiros e consequente saída de vários atletas importantes -, vi-me preparado para tal desafio. Sabia que, naquele primeiro momento, não teríamos como modificar muito a equipe, mas esperava que, com a chegada de reforços e com o tempo de treinamento, poderíamos ter os componentes ideais para promover uma mudança na filosofia de jogo e no comportamento do time.
Infelizmente, ontem à noite, fui surpreendido com a notícia da minha demissão - mesmo eu tendo dirigido o time somente em oito oportunidades e apesar de liderar o quadrangular de descenso, estando a apenas uma vitória de despertar matematicamente desse pesadelo. Lamento também pela proximidade da estreia dos novos contratados, perspectiva que seria fundamental para a reconciliação com o torcedor.
Não posso concordar com essa atitude que me impede de realmente começar um trabalho e colher os frutos em um período razoável de tempo. Salvo engano, sou o nono treinador do clube nos últimos três anos.
Agradeço ao torcedor do Furacão que, mesmo nesta fase trágica, ainda conseguiu demonstrar toda a sua paixão pelo time, ajudando em momentos decisivos. Fiquei feliz em saber que cerca de 75% dos torcedores reprovam a minha saída.
Deixo meu muito obrigado também aos jogadores, que, apesar de todas as dificuldades e inseguranças do momento, sempre tentaram fazer o seu melhor; e a todos os funcionários do CAP, que sempre demonstraram sua dedicação e amor ao clube. Frustrado, sim, mas com o firme propósito de continuar minha caminhada no desafiador mundo do futebol brasileiro.
Enderson Moreira.
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