Primeira partida em 06 de abril de 1924 foi com as camisas do Internacional
[foto: arquivo]
O Brasil no início dos anos 20 atravessava um momento de revolução. Em 1922, artistas e intelectuais organizaram a Semana da Arte Moderna em São Paulo, com uma nova proposta para a arte brasileira. Politicamente, o país era guiado pela República do Café com Leite, com a alternância de presidentes de São Paulo e Minas Gerais, os dois principais pólos econômicos da época. O presidente da vez era Artur Bernardes e o Brasil atravessava por um período conturbado, com movimentos populares, revoltas tenentistas e organizações operárias.
Sob esse clima de mudança, a provinciana, conservadora e pacata Curitiba também presenciava a sua ‘revolução', diante da crise dos dois mais tradicionais e populares clubes da cidade: Internacional e América. Os internacionalistas, campeões paranaense em 1915, e americanos, campeões em 1917, tinham como verdadeira pedra no sapato a hegemonia do Britânia. Como se não bastasse, o América acumulava dívida com a liga regional e estava prestes a não disputar o campeonato de 23. Foi o que bastou para iniciarem as conversas entre os representantes dos dois times, para tratar da fusão das duas agremiações. Porém, como não houve acerto quanto às cores das camisas, as conversas foram cessadas. Em dezembro de 1923, voltaram a cogitar a fusão – visto que, a essa altura, o Britânia já era hexacampeão paranaense. A união das forças era uma questão de sobrevivência e motivação para o futebol do Estado. Depois de meses de encontros e reuniões, em 21 de março de 1924, uma Assembléia Geral, na sede no Internacional, consolidou a fusão, resultando no surgimento do Club Athletico Paranaense . A posse da diretoria e a elaboração do estatuto do novo time aconteceu no dia 26.
Nascia uma nova força no futebol do Paraná.
Apesar da fusão entre Internacional e América ter se concretizada em 21 de março, apenas no dia 26 foi oficializada a mudança do nome e das cores, a posse da nova diretoria, sob o comando do presidente Arcésio Guimarães, e a definição que o novo clube continuaria jogando no campo do extinto Internacional, no Água Verde. No dia 30, o rubro-negro realizou o primeiro treino de sua história, composto por Tapyr; Albano e Bugiu; Franico, Marrecão, Malello, Smythe Arold; Ary, Marrequinho e Motta.
Em 06 de abril, aconteceu o primeiro jogo do Atlético, ainda com as camisas do Internacional pois as novas, em vermelho e preto em linha horizontal, não ficaram prontas. Para estrear com o pé direito, uma boa vitória por 4 a 2 sobre o Universal, gols de Malello, Marrequinho e dois de Ari.
No dia 20 de abril, o novo time participou da primeira competição, o Torneio Início, promovido pela Associação Sportiva Paranaense (ASP) e que abria a temporada no Estado. Depois de vencer o Coritiba (2 a 0), empatar com o Palestra Itália (2 a 2) e perder para o Universal (1 a 0), o Atlético terminou na segunda colocação. Nessa competição, o clube estreou as novas camisas que, segundo a Gazeta do Povo da época, chamavam atenção por serem “batutas”. Outro destaque atleticano foi o trio de atacantes formado por Marrequinho, Ary e Motta.
Depois desse bom cartão de visitas, a imprensa passou a noticiar o Atlético como um dos favoritos ao título da temporada, apesar de estreante, por ter uma “esquadra formidável”. Mas, no Campeonato Paranaense, o Atlético não confirmou as expectativas, terminando num modesto quinto lugar. A equipe obteve quatro vitórias e três derrotas, marcando 20 gols e sofrendo 15. Destaque para a vitória por 2 a 1 sobre o Britânia, gols de Maneco e Motta, que quebrou a invencibilidade do então hexacampeão paranaense e colocou o Atlético no roll dos grandes clubes do Paraná.
Depois desse feito, pela primeira vez a torcida atleticana começou a se manifestar: “o vencedor de domingo (Atlético) trabalhará, sempre, para causar surpresa aos que se julgarem invencíveis” , escreveu um torcedor ao jornal Gazeta do Povo.
Para fechar com chave de ouro o ano de sua fundação, o Atlético teve quatro jogadores convocados para a Seleção Paranaense, que naquela época disputou a segunda edição do Campeonato Brasileiro de Futebol: Marreco, Motta, Marrecão e Ary.
escrito por Patricia Bahr para o hot site dos 80 anos do Atlético
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