A novela envolvendo a saída de Nélio do Flamengo virou caso de polícia. Os advogados Bruno Lourenço e Michel Assef entraram ontem com pedido de instauração de inquérito na 14ª DP (Leblon), alegando que o jogador está sendo vítima de aliciamento, segundo o Artigo 217 do Código Penal.
Nélio, que tem contrato com o clube até 2005, não conseguiu a liberação de seus direitos federativos na Justiça Trabalhista, na primeira audiência de conciliação, quarta-feira (o Flamengo permanece com a tutela do atacante). Para o advogado Bruno Lourenço, o jogador está sendo induzido por empresários ou dirigentes de outros clubes. “A gente quer proteger o Nélio e principalmente o clube, que investiu alto em sua formação. Ou jogador está equivocado ou está sendo induzido por empresários e procuradores”, suspeita.
No dia 10, o ATAQUE antecipou que Nélio havia entrado na Justiça Trabalhista, sem o conhecimento do clube, pedindo sua liberação, já que estava negociando sua transferência para o Atlético-PR. No dia seguinte, o ATAQUE revelou que o Vasco tinha interesse na contratação do jogador. O presidente Eurico Miranda confirmou o interesse, mas negou que tivesse partido dele o início das negociações. O cartola cruzmaltino garantiu que foi procurado por ‘alguém’, que ofereceu o jogador ao Vasco.
Manoel Rodrigues (que contou ter sido procurado pelo Vasco), pai e conselheiro de Nélio, o empresário Luiz Vianna, e o próprio jogador, serão ouvidos no inquérito que vai apurar as responsabilidades dos envolvidos, mas outras pessoas poderão ser interrogadas. “Há um estelionatário induzindo o Nélio com um contrato falso, provavelmente com a conivência de outro clube. Queremos apurar tudo”, avisa Michel Assef.
Para Manoel Rodrigues, o clube está tentando ganhar tempo e dificultar a saída de Nélio. O pai do atacante conta que o Flamengo não conseguiu provar que não deve nada ao jogador. “O clube apresentou depósitos bancários fraudados. O Juiz deu dez dias de prazo ao clube para mostrar todos os comprovantes de pagamentos ao Nélio”, disse Manoel.
O pai do jogador quer que o clube reveja o valor estipulado para sua transferência: 10 milhões de dólares para clubes do exterior e R$ 7 milhões para o Brasil.
Nélio, ainda aborrecido, não vê a hora de resolver sua situação. Proibido pelo clube de treinar com bola (só vai a Curicica para correr no campo), o atacante ameaça abandonar o futebol. “Se for obrigado a voltar aos juniores ou a jogar em time pequeno, prefiro largar tudo e voltar a estudar”.
Fonte: O Dia (reportagem de Martha Esteves)
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