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Entrevista | segunda-feira, 27 de dezembro de 2010, 20h09

Lucas: "Quero muito que o primeiro gol saia na Arena"

Por: Eduardo Betinardi (Furacao.com)

Foto Destaque

Em 2000, Lucas foi um dos destaques do Furacão na Copa Libertadores [foto: arquivo]

Na última segunda-feira, dia 21 de dezembro, o Furacão anunciou a volta do atacante Lucas, um dos maiores ídolos recentes do clube. Com 54 gols marcados em 103 jogos pelo Atlético, o jogador foi um dos grandes destaques de uma das equipes mais importantes da história do rubro-negro. Em pouco mais de dois anos, atuando ao lado de nomes como Flávio, Cocito, Kelly, Adriano e Kléber, Lucas foi um dos responsáveis diretos pelos títulos da Seletiva de 1999 e do Campeonato Paranaense de 2000.

Além das taças e das atuações que chamaram a atenção de times do Brasil e do exterior, Lucas foi o autor, na noite do dia 24 de junho de 1999, do primeiro gol na Arena da Baixada, no jogo de reinauguração, contra o Cerro Porteño. Hoje, mais de dez anos após ter deixado o Rubro-Negro, o atacante está de volta, louco para entrar em campo com a camisa do Atlético, e contou para a Furacao.com um pouco sobre a experiência fora do país e a ansiedade para vestir novamente as cores do clube que o revelou para o futebol mundial.

É muito difícil para os brasileiros acompanharem o futebol japonês e por este motivo os atletas acabam “escondidos”. Como está sendo esta sua última temporada no Japão, atuando pelo Gamba Osaka?
Neste ano, joguei 27 partidas (J-league, Asia Champions League, Copa Nabisco e Copa Imperador), fiz 10 gols e dei oito assistências. Foi um ano bom. Só não foi melhor porque tive duas lesões, não muito graves, que me tiraram dos campos por um bom tempo. A primeira foi uma fratura em um osso do meio do pé. Conseguia andar, até trotar, mas para chutar e ter contato com jogadores era complicado. A outra lesão foi uma inflamação óssea na perna. Não era grave, mas demorou um pouco para curar. Enfim, essas lesões me afastaram dos gramados em períodos diferentes. Nos jogos que atuei, fui bem e em muitos deles fui capitão. Recentemente, tive uma participação decisiva na última rodada da J-league. Nós estávamos em terceiro na tabela e tínhamos que ganhar para manter a posição e, consequentemente, nos classificarmos para a Asia Champions League. Era o meu jogo 200 na J-league e a minha despedida da competição. Nós vencemos por 3 a 0, jogando fora de cada, e eu fiz um gol e participei dos outros dois. Foi uma despedida maravilhosa!

Em que posição do ataque você está jogando? Continua caindo pelos lados do campo, como no início da sua carreira, ou está atuando mais centralizado?
Em sete temporadas no Japão, jogando no FC Tokyo e no Gamba Osaka, eu atuei das duas maneiras. No FC Tokyo, jogava mais centralizado. Minha média de gols nesta época é bem maior. Já no Gamba, eu atuava caindo pelos lados do campo, jogando como um segundo atacante.

Como você define esta sua passagem pelo futebol do Japão?
Foi muito boa. Estou entre os 10 estrangeiros que completaram 200 jogos na J-league. Em 7 anos, ganhei 5 títulos (Gamba Osaka e FC Tokyo), sem contar o torneio Juan Acuña, na Espanha, contra o La Coruña. Ganhei a Champions fazendo 3 gols e uma assistência nos 2 jogos da final. Joguei um Mundial de Clubes e fiquei em 3º com uma equipe japonesa. Só faltou ganhar a J-league, que fiquei em 2º e 3º terceiros nos últimos dois anos. Nestes sete anos, disputei 266 jogos e fiz 97 gols. Só estou deixando o Japão porque quero muito jogar no Brasil. Se eu não tivesse esta vontade, poderia continuar atuando no Japão até o final da minha carreira e ficaria muito feliz. As homenagens que estou recebendo neste final de temporada me deixam cada vez mais satisfeito e convicto de que tudo o que fiz foi certo. É muito bom ter o trabalho reconhecido por um país inteiro.

Muito provavelmente você irá se apresentar no início de janeiro sem um período de férias. Como você pretende se preparar para o ano de 2011?
Não estou preocupado. Minha condição física está muito boa e eu vou querer trabalhar igual aos outros, mesmo não tendo férias. A pré-temporada no Brasil não é longa e eu acredito que ela será muito proveitosa para mim, já que eu vou poder me readaptar ao estilo de trabalho do Brasil.

Você acompanhou o Atlético em 2010? O que você sabe sobre os seus futuros companheiros?
Não só em 2010, mas desde quando saí, em 2000, eu acompanho de perto o Atlético. Nesta temporada, o time teve um ótimo desempenho no segundo semestre, apresentando jogadores com um nível muito bom. Não joguei com nenhum jogador do atual elenco, mas já sei das características de vários deles. É um grupo forte e os reforços que estão chegando irão fortalecê-lo ainda mais.

Qual é a sua melhor lembrança dos tempos de Atlético?
Fiquei um pouco mais de dois anos no Atlético e tenho muitas lembranças boas. Na realidade, nenhuma delas é ruim. Mas com toda certeza o momento mais marcante foi o jogo de inauguração da Arena da Baixada. Você olhava para a arquibancada e observava os torcedores extremamente emocionados. Perdidamente apaixonados. Para completar com chave de ouro, eu tive o privilégio de ser o primeiro jogador a balançar as redes do novo estádio atleticano. Aquela noite foi maravilhosa, incrível!



Qual é a sensação de voltar para casa e de poder atuar novamente no clube e no estádio que te projetaram para o mundo do futebol?
É uma sensação inenarrável. Fiquei muito contente com o convite que recebi. Sempre tive muita vontade de voltar, mas sempre falei que só voltaria se esse desejo fosse de todos os envolvidos com o Atlético (torcida e diretoria) e se eu reunisse condições físicas para atuar em alto nível. Ou seja, aconteceu tudo o que eu sempre sonhei. Tudo no momento certo. Para a minha felicidade, a aceitação da torcida me surpreendeu, principalmente pelo fato das últimas “repatriações” de antigos ídolos não terem dado tão certo como todos imaginavam. Esta aceitação me dá mais tranquilidade para jogar, mas sempre aceitando o apoio e a cobrança dos atleticanos.

O que a torcida atleticana pode esperar do Lucas?
Muita dedicação, trabalho e, logicamente, gols. A torcida atleticana espera por isso e eu não posso fugir dessa responsabilidade. Eu vou trabalhar forte, como sempre trabalhei por onde passei, para que aconteça o melhor nesta minha volta para o Atlético.

Qual é a grande diferença do Lucas que saiu do Atlético para o Lucas que está voltando?
Acho que não mudei muito. Meu estilo de jogo continua bem parecido. A diferença é que o futebol do exterior faz com que você adote algumas características de jogo coletivo, como, por exemplo, uma maior contribuição para a marcação do adversário. Além disso, hoje sou um jogador muito mais experiente e acredito que vou poder ajudar muito os jogadores mais jovens, assim como fui ajudado na primeira passagem no Atlético. Naquela época, jogadores como Edinho Baiano, Dedé, Reginaldo, Sandoval, Silas, Goiano me auxiliaram muito, contribuindo diretamente para o meu crescimento profissional.

Já parou para pensar em seu primeiro gol nesta volta?
Não paro de pensar nisso. Quero muito que o primeiro gol saia na Arena.

Mesmo há dez anos longe da Arena, você continua sendo um dos principais artilheiros do Estádio. Os torcedores que acompanharam a sua primeira passagem pelo Atlético lembram quanto você crescia quando jogava no Caldeirão. Qual é o grande diferencial do estádio atleticano e do que você sente mais saudades?
A torcida do Atlético é e sempre será o grande diferencial. Dentro do Caldeirão o time cresce muito, joga no embalo da torcida e sufoca os adversários. Estou morrendo de vontade de entrar na Arena e escutar a torcida cantando sem parar. Tenho certeza que iremos viver grandes momentos em 2011!

Confira a homenagem do Gamba Osaka ao atacante Lucas, em sua despedida da J-league, no último mês de novembro:


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