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Entrevista | quarta-feira, 13 de outubro de 2010, 14h16

Redator-chefe da Placar garante que não há perseguição

Por: Furacao.com

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Arnaldo Ribeiro, da Placar, explicou os critérios do Bola de Prata [foto: arquivo]

Para entender os critérios de atribuições de notas do prêmio Bola de Prata, a Furacao.com entrevistou o redator-chefe da Revista Placar, Arnaldo Ribeiro. Ele é um dos editores responsáveis pela Bola de Prata. No dia em que conversamos com ele, o Atlético não possuía nenhum atleta na relação dos Top10 de cada posição divulgada no site da revista. Arnaldo revelou que estava computando as notas da última rodada e, com isso, Rhodolfo passaria da décima quinta para a décima colocação entre os zagueiros.

Durante a entrevista, o jornalista reconheceu que o Atlético possui alguns destaques do campeonato, mas nem sempre isso se reflete na nota. Ele apontou duas possíveis justificativas para o fato: a mudança na formação da equipe ao longo da competição e uma avaliação mais próxima, realizada no estádio e jogo a jogo, que pode não refletir a impressão geral de que determinado jogador é um dos melhores da posição.

Arnaldo Ribeiro também assegurou que não existe perseguição nem bairrismo e afirmou que o problema das distorções de critérios entre os avaliadores é menor hoje do que já foi em anos anteriores. Confira a entrevista completa:

O Atlético faz uma boa campanha no Brasileiro e chegou a estar em quinto lugar, mas não possui nenhum jogador entre os Top10 de nenhuma posição. Você não acha isso estranho? Como é possível que o quinto melhor time não tenha nenhum atleta nem entre os 10 melhores de cada posição?
Em determinados momentos isso acontece. Hoje, no dia em que a gente está conversando [terça-feira, 12 de outubro], o Atlético tem o Rhodolfo entre os dez, é o décimo entre os zagueiros. Apesar de o Atlético estar fazendo boa campanha, é um time que rodou bastante. Hoje tem uma base forte do meio para trás e do meio para frente o time se reinventou sob o comando do Carpegiani. Começou com o Alex Mineiro e aos poucos foi criando uma nova estrutura, novos nomes, Branquinho, Maikon Leite, Guerrón, isso exlica a ausência de jogadores do Atlético do meio para frente. Se eu particularmente fosse opinar sobre o time do Atlético, sobre o desempenho dos jogadores, eu destacaria a dupla de zaga, o goleiro, o volante, estão fazendo um bom campeonato, à primeira vista eles teriam lugar, o Manoel, Chico, Rhodolfo, Neto, entre os dez primeiros da posição. O critério é muito claro. A gente não interfere na nota dada pelo avaliador que foi ao estádio e no caso estamos falando do avaliador que foi à Arena e do avaliador quando o Atlético foi visitante. Eu já estava na Placar em 2001 e lembro que o Atlético teve o Bola de Ouro e o segundo colocado, apesar de o São Caetano ter a melhor campanha até a final. Como é que o time de melhor campanha não tem um postulante à Bola de Ouro? Então, sempre acontece essa discussão, mas eu prefiro valorizar a fórmula pela qual a Bola de Prata se fortaleceu, que é de avaliação jogo a jogo, e não de opinião, de impressão, em que pesa muito o momento do campeonato e não o histórico inteiro.

Como são feitas as avaliações do Bola de Prata? Quantos avaliadores há por jogo?
Um avaliador por jogo, não necessariamente o mesmo em cada cidade. A gente procura manter o mesmo, mas tem o substituto porque nem sempre o avaliador tem condições de ir a todos os jogos. Uma das diferenças da Bola da Prata é que o avaliador no estádio vê o desempenho do jogador de forma geral, e não só os melhores momentos da televisão. Consegue avaliar o desempenho do jogador sem a bola, se ele participa, se ele marca ou se ele foi amarrar a chuteira e deixou o adversário livre. O avaliador no estádio cobre da melhor forma possível o desempenho de cada jogador em cada partida.

Quais são as orientações que a organização do prêmio passa aos avaliadores?
Antes de cada campeonato, a gente manda uma apostila com critérios padrão. Não existe uma rigidez, mas a gente mostra nessa apostila o que seria uma nota 6, 7, 8, 9 ou 10, enfim, com algum jogo emblemático avaliado, em que a gente considera que os jogadores foram bem avaliados. Normalmente se parte de uma nota 5,5. O goleiro que não foi exigido, que não comprometeu e não foi percebido é 5,5. Os outros jogadores partem dessa nota base 5,5. Digamos um jogo hipotético: Atlético Paranaense 1 a 0, gol de falta do Paulo Baier. Se o jogo foi fraco e nesse lance esse jogador se destacou, fez gol e decidiu o jogo, ele normalmente vai levar uma nota 6,5 ou 7. Com essa rigidez a gente conseguiu dar uma uniformidade aos prêmios. Nos anos 80 era comum a nota 10 na Bola de Prata. Hoje a nota 10 é contada nos dedos com atuações épicas. Por exemplo, de cabeça eu lembro do Giovanni, pelo Santos contra o Fluminense em 95, ou do Dida na semifinal contra o São Paulo em que ele pegou dois pênaltis, ou o Rogério Ceni no Mineirão pegando pênalti, fazendo gol de falta. Enfim, são algumas atuações excepcionais. Para dar um 10 precisa ser muito significativa. Eu lembro que nessa época de 2001, quando começaram os playoffs, o Alex Mineiro não estava cotado para disputar a Bola de Ouro, mas nos jogos decisivos ele tirou notas 9 e atropelou. O carátar do jogo também influiu na nota. Hoje nos pontos corridos é um pouco diferente, todo jogo em tese tem a mesma importância. Em mata mata era diferente, o peso de um jogo era maior.

O sistema de notas está sujeito a falhas? Como vocês fazem para evitar distorções?
Isso já esteve muito mais complicado. A gente tem uniformidade de critérios, independente do estado, eu posso garantir. Isso acontecia muito antes, gerou distorções no prêmio. Mas hoje isso está muito reduzido. Quando tem um jogo que chame a atenção que fugiu dos nossos padrões, a gente orienta. Nesses últimos dois anos, criamos uma parceria com a Rádio Eldorado ESPN, em que as notas dos jogos dos paulistas em casa são dadas pelos comentaristas da rádio, devidamente orientados pela redação da Placar. Isso aumentou o espectro de avaliadores paulistas. No começo teve uma dificuldade de uniformizar, porque a rádio tem cinco comentaristas e nenhum deles trabalha no dia a dia da Placar. Mas hoje temos um padrão mesmo nos jogos paulistas.

Mas você não acha que mesmo assim o Atlético merecia ter alguns jogadores entre os Top10?
Às vezes a nota não reflete. Pessoalmente, como editor, eu conseguiria apontar alguns destaques tranquilamente. O Grêmio faz uma campanha parecida e tem claramente alguns destaques do campeonato, sobretudo o artilheiro. O gremista podia sentir a mesma coisa. Isso acontece volte e meia, pode ter certeza que não existe perseguição, é apenas coincidência. Uma das coisas que a Bola de Prata não é é bairrista, senão o prêmio perderia o sentido. Acho que o sistema de notas rodada por rodada segue o mesmo critério dos erros de arbitragem. Num campeonato de várias rodadas, todo time tem sua reclamação, mas ela se dilui no número de jogos.

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