Neto, já em Abu Dhabi, ao lado de Victor e Jefferson [foto: CBFNEWS]
Ele começou no Cruzeiro. Foi dispensado por ter apenas 1,62m de altura aos 13 anos, estatura considerada baixa para a posição de goleiro. O tempo passou e o garoto se transformou no atual dono da camisa 1 do Atlético aos 21. Presente na delegação da Seleção Brasileira que desembarcou nesta terça-feira, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, Neto foi convocado pelo técnico Mano Menezes por ter idade olímpica. Mas quem pensa que ele tirou força para seguir na carreira apenas do clube paranaense está enganado. Além da família, um ex-vascaíno, com sotaque sérvio, deu um empurrãozinho. Não, ele não atende por Petkovic. O ex-jogador em questão é o ex-arqueiro Tadic, hoje empresário do atleta do time canarinho.
"Conheci o Tadic através do Guilherme, ex-goleiro do Atlético, e que está atualmente no Lokomotiv. E ele sempre me apoiou. Além disso, eu sempre me espelhei no Guilherme. Assim como ele, também comecei no Atlético", afirmou o goleiro.
Além da força dada pelo ex-jogador do Vasco, Neto precisou superar a desconfiança em seu início de carreira. Dona Cláudia e seu Norberto eram altos e tinham a consciência de que o menino poderia crescer ainda mais. O pai, com 1,90m, e a mãe, com 1,75m, eram a certeza de que o futuro como goleiro estava garantido.
Mas para ter certeza, Neto ainda foi submetido a um exame de densitometria óssea, que garantiu que ele ganharia mais alguns centímetros. E foi após a confirmação positiva que o goleiro teve certeza de que poderia seguir a carreira do pai Noberto Antônio Murara, também conhecido como Betão e que defendeu Botafogo, Joinvile, América-MG e o extinto Goiânia.
"Pela genética, eu sabia que ia crescer um pouco mais. Mas algumas pessoas não tiveram paciência para esperar a minha evolução, que foi um pouco mais lenta do que o normal", afirmou o goleiro do Furacão.
E foi assim em um bate-papo descontraído que Neto conversou com o GLOBOESPORTE.COM. Ele falou de seu início da carreira, de como soube da convocação e das pessoas que foram importantes em sua carreira.
GLOBOESPORTE: Como recebeu a notícia da convocação?
NETO: Estávamos todos em casa assistindo à convocação quando soubemos que o meu nome estava na lista. Claro que ouvir o seu nome te pega de surpresa, mas foi ótimo.
Ficou alguma mágoa por não ter sido aproveitado no Cruzeiro?
De maneira alguma. Se eu não tivesse passado por lá talvez eu não estivesse aqui. Essa saída do Cruzeiro serviu para eu aprender a superar os obstáculos. Algumas pessoas interpretaram que eu era inferior aos outros pela estatura, mas foi a partir daí que eu passei a ter ainda mais confiança no meu trabalho.
A confiança que tem desmonstrado nos jogos do Atlético começaram a partir desse momento? A sua dispensa do Cruzeiro te deu essa personalidade que tem hoje?
Aprendi muito com essa situação, foi realmente fundamental para eu ter confiança. Aprendo diariamente com os treinamentos, com os jogos. E tenho uma característica boa, sou observador e aprendo só de estar olhando.
Quem foi importante para a sequência da sua carreira?
O fisiologista Oscar e o preparador de goleiros Marco Aurélio Tedeschi foram importantes por terem confiado no meu trabalho.
É importante trabalhar na Seleção com jogadores mais experientes na sua posição?
É sim, com certeza. Trabalhar ao lado de goleiros como o Victor e o Jeferson é um aprendizado a mais. Os goleiros têm um nível parecido e acabam se diferenciando por pequenas coisas. Espero aprimorar ainda mais alguns fundamentos nessa passagem pela Seleção.
O que ainda precisa evoluir?
Preciso melhorar tudo (risos). Não posso relaxar para poder chegar onde eu quero. Quero me firmar como um grande goleiro do Atlético-PR e da Seleção. Não quero que esse meu momento acabe. O segredo disso tudo é a confiança. Quando ela acaba, o seu time também não acredita mais em você.
Sonha com o exterior?
Ainda não tive a chance de ir para fora. Comecei a jogar recentemente, mas tenho vontade de atuar no exterior.
O objetivo é se firmar para as Olimpíadas?
Como estou indo para a principal, o objetivo é seguir sendo convocado para o time principal. Quero mostrar da melhor maneira que posso continuar sendo convocado.
Quem já conhece do grupo convocado pelo Mano Menezes?
Conheço o Sandro, que fez testes no Atlético e acabou não ficando. O Wesley, que esteve aqui e hoje atua no Werder Bremen. Já joguei várias vezes contra o Giuliano nas categorias de base. Ele atuava no Paraná e eu já estava no Furacão.
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