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Entrevista | quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009, 07h42

Galatto: "Quero ter uma passagem pelo Atlético com títulos"

Por: Furacao.com

Foto Destaque

Galatto: ídolo da torcida atleticana [foto: JORNAL DO ESTADO/Franklin de Freitas]

Não restam dúvidas de que o goleiro Galatto é hoje um dos poucos jogadores indiscutíveis do elenco atleticano. Depois de ter chegado ao clube sem muito alarde e ficado como suplente durante alguns meses, Rodrigo José Galatto foi aos poucos ganhando o seu espaço, mostrando serviço e hoje é dono absoluto da camisa número 1 do Furacão.

Ao final do ano passado, a Furacao.com promoveu uma enquete para saber qual havia sido, na opinião do torcedor, o melhor jogador atleticano na temporada 2008. Galatto venceu com sobras: 53% de mais de 11 mil votos, com mais de 30 pontos percentuais de vantagem sobre Alan Bahia, o segundo colocado. Prova de que também conquistou a confiança da torcida rubro-negra.

Prestes a completar 26 anos, Galatto só vestiu a camisa de dois clubes em sua carreira: Grêmio e Atlético. Graças ao bom desempenho, já renovou seu vínculo com o Furacão até o final de 2011.

Para saber mais sobre o que pensa o camisa 1 atleticano, a Furacao.com conversou com Galatto e publica agora matéria exclusiva: 


Como foi a negociação com o Atlético?
Eu tinha contrato com o Grêmio até 31 de dezembro de 2007. O meu empresário falou que o Atlético demonstrou interesse no meu passe (sic). Fiquei muito feliz em saber que tinha essa proposta do Atlético e de poder vir jogar aqui no futebol do Paraná e em dezembro de 2007 eu assinei um pré-contrato com o Atlético. Tinha outras propostas também, inclusive uma de fora do país, mas o que pesou foi a estrutura do clube, a torcida e a cidade. Tudo isso eu coloquei na balança para determinar a minha vinda para cá. Quando eu vim aqui (dia 14 de dezembro), o diretor naquela época era o (Alberto) Maculan, me mostrou o CT, conversei com o presidente, acertei e cheguei aqui no dia 2 de janeiro.

Por que você ficou um período no banco de reservas e não assumiu logo a titularidade?
Quando cheguei aqui os goleiros eram o Vinicius, o Renan (Rocha) e o João (Carlos) e o treinador de goleiros era o Almir Domingues. Cheguei um pouco acima do peso porque estava de férias, mas sempre tive o apoio do Ney Franco e do treinador de goleiros, o Almir. Todos me deram tranquilidade para eu ir crescendo. O Vinicius começou a jogar e estava muito bem, foi uma das principais peças do Atlético na campanha do Campeonato Paranaense onde batemos o recorde de 49 com 12 vitórias seguidas e ele estava numa grande fase, mas eu continuei trabalhando, respeitando meu companheiro, mas sempre treinando por fora com a confiança da comissão técnica. Eu e o Vinicius conversávamos muito, ele era meu companheiro de quarto nas viagens e ia me apresentando aos poucos o clube, pois quando você chega em um lugar novo você tem que ir descobrindo as coisas aos poucos e ele me apresentou e me falou como as coisas funcionavam dentro do clube. Hoje é um grande amigo meu que tenho dentro do clube, é um cara com que eu converso sobre várias coisas e com o tempo fui adquirindo o meu espaço, ganhando meu condicionamento até que eu consegui. Infelizmente foi a lesão dele (Vinicius) que ocasionou a minha oportunidade de jogar. Foi no jogo contra a Portuguesa, pelo Campeonato Brasileiro.

Como é a sua relação com o técnico Geninho?
A minha relação com o Geninho é muito boa. Fiquei fora dessas três partidas do campeonato paranaense (J. Malucelli, Cascavel e Toledo) devido a uma conversa que tive com ele e com o (então) treinador de goleiros, o Eduardo Andrade. O goleiro tem um treinador específico, já o Geninho tem que cuidar de trinta atletas e mais os goleiros no caso dos coletivos, já o treinador de goleiros cuida dos quatro goleiros, o diálogo é melhor, flui mais. Então converso com ele e ele leva para o Geninho. Neste caso de contusão conversei com o Geninho, falei que estava sentindo dores e poderia agravar, mas ele me deu total apoio para eu me recuperar. Como o Geninho estava dando oportunidade a outros atletas, fazendo testes na equipe, pude me poupar e me recuperar bem.

Qual foi a importância do Geninho para evitar o rebaixamento em 2008?
O Geninho, quando chegou ano passado, deu um ânimo novo ao grupo, deu confiança que alguns jogadores não tinham. Ele uniu o grupo com o seu estilo, com a sua maneira de trabalhar e foi a maneira correta, pois nos ajudou muito. Chegando na reta final, o time precisava vencer ou empatar, não podia pensar em derrota e conseguimos nos livrar do rebaixamento.

Teve algum momento do ano passado em que o grupo sentiu que o Atlético poderia realmente cair para a segunda divisão?
Teve sim. Após o jogo contra o Fluminense, na Arena, quando saímos ganhando e acabamos derrotados por 3 a 1. Na segunda-feira o grupo chegou para treinar no CT e os jogadores comentavam que a situação estava realmente difícil. Mas eu não vi ninguém jogar a toalha e falar assim: “Acho que esse ano a gente vai”. Sabíamos que não seria fácil e a nossa recuperação começou no jogo contra o Figueirense. Chegando nos vestiários após a vitória, o técnico Geninho falou para o grupo que tínhamos ganho um jogo, mas ainda não tínhamos atingido o nosso objetivo que no começo do ano era conquistar a vaga na Libertadores, mas naquele momento o nosso maior e único objetivo era livrar o time da Série B. Ali começou realmente a nossa virada e o grupo se fechou neste objetivo.

Galatto revela que time ficou abalado depois de perder para o Flu, em 2008 [foto: FURACAO.COM]


Como era o ambiente no ano passado antes e depois da saída do zagueiro Danilo? O grupo estava dividido?
Eu não via divisão. O que acontecia era que alguns treinadores que passaram, no caso do Roberto Fernandes, optavam por um esquema tático que o time não se adequava e isso acabou prejudicando um pouco. A saída do Danilo eu fiquei sabendo no dia do jogo, pois o Geninho utilizava um esquema tático diferente e ele foi tirado do time. Acho que ele já estava um pouco desgastado e teve aquela decisão. A gente tem que respeitar porque a decisão é dele e aquela atitude ajudou o grupo a se unir. Nós conversamos, sabíamos que a situação era delicada, mas não tínhamos nada perdido ainda. Era difícil, mas a gente iria conseguir reverter, este era o pensamento. Espero que o Danilo seja feliz lá no Palmeiras e a gente vai continuar fazendo o nosso trabalho aqui para dar alegrias ao nosso torcedor.

O Atlético já recebeu alguma proposta para negociar você com outro clube?
Tiveram sim algumas propostas através do meu empresário, mas como eu disse, quando cheguei aqui, o meu contrato vai até 31 de dezembro de 2011 e tem uma multa rescisória alta, sem contar que hoje em dia essa crise mundial afetou o futebol também. 80% do meu passe (sic) é do clube (os outros 20% são do próprio jogador) e tenho certeza que dentro do clube temos pessoas capacitadas para negociar. Se houver um negócio bom para o clube e bom para mim a gente vê o que faz.

E a contusão que lhe tirou de alguns jogos neste ano era grave?
Quando eu voltei das férias cheguei acima do peso e a nossa primeira partida foi contra o Rio Branco e o gramado estava muito pesado, molhado, fofo e agora essa bola é muito pesada. Bati muitos tiros de meta, dei muitos chutes, senti dor, mas fui tratando. Joguei contra o Foz e depois agravou um pouco. No Atletiba eu joguei, pois era um clássico e eu não poderia ficar de fora, então fui mesmo na raça. Tomei remédio, injeção e fui pro jogo, só que na véspera do jogo contra o J. Malucelli, a lesão agravou, na verdade a minha perna pesou muito e eu não conseguia fazer alguns movimentos que deveria fazer normalmente durante um jogo. Conversei com o Geninho e com o treinador de goleiros e a gente no bom senso achou melhor eu parar para tratar e me recuperar com tranquilidade.

Quais são as suas expectativas para 2009?
As melhores possíveis. Sou um cara que sempre pensa positivo. Ganhar ou perder um campeonato faz parte da nossa profissão, do jogador de futebol, mas eu entro em campo, mesmo em amistoso, para ganhar. A gente sabe que é difícil, teremos quatro competições (Paranaense, Sul-americana, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro) e sempre tem duas ao mesmo tempo. É difícil de lidar, mas é possível. O clube tem que estar bem estruturado, bem organizado para a gente conseguir pelo menos alguns títulos nestes campeonatos. O título do Paranaense não deixa de ser nossa obrigação, entre nós jogadores, já conversamos e nosso objetivo deste primeiro semestre é a conquista do Campeonato Paranaense. Eu quero ter uma passagem aqui pelo Atlético, não sei por quanto tempo, mas com títulos. Eu tenho certeza que este ano será de mais alegrias do que tristezas.

Qual a sua visão sobre a atual diretoria do Atlético?
Acredito que eles estão fazendo um bom trabalho. O Malucelli está sempre conosco, vejo ele sempre nos treinamentos, nos jogos, conversa conosco, trata todo mundo igual e isso é o mais importante, saber que o presidente do clube está do teu lado. Isso nos dá uma maior confiança, pois tudo o que ele prometeu para nós ele está cumprindo.

O que você acha da torcida atleticana?
Um dos pontos importantes para a minha vinda para o Atlético foi a torcida atleticana. Quando saí do Grêmio eu queria jogar num time que tinha uma grande torcida. Joguei aqui contra o Atlético em 2006 e em 2007 eu estava na suplência. Ficava arrepiado quando eles gritavam o nome do Atlético e começavam a cantar porque a Arena é um Caldeirão, ela prende os jogadores dentro do campo e parece que aquilo vem para cima de ti e isso pesou muito na minha vinda. A torcida sem dúvida é fundamental para os jogadores. Nós sempre comentávamos antes de cada partida: se nós mostrarmos que estamos correndo, que estamos nos dedicando, que estamos lutando, a torcida reconhece, pois é impossível que os torcedores não vejam isso e não comecem a nos apoiar. A torcida pesa muito, influencia muito no desempenho dos jogadores, foi o caso do jogo contra o J. Malucelli em que a equipe saiu perdendo, tomamos o gol e a torcida começou a gritar e nós fomos pra cima, fizemos os três gols e saímos todos felizes com a vitória. Então, time e torcida jogando juntos não tem quem vença a gente dentro da Arena.

O que o futuro reserva para o goleiro Galatto? Você sonha em vestir a camisa da Seleção Brasileira?
Com certeza, todo jogador pensa na seleção, é claro. Esses dias eu estava vendo o jogo da Seleção e me imaginei sim vestindo a camisa do Brasil e defendendo o meu país.

O que você achou do desempenho dos juniores do Atlético na Copa São Paulo deste ano?
Se não me engano foi ano passado que entrou um coordenador novo, Ricardo Drubscky, é uma pessoa que adquiriu muita experiência por onde passou e ajudou muito e já dei os parabéns para quem eu vi lá no Atlético pela campanha. O Marquinhos (Santos) também é um treinador jovem, um cara excepcional, cumprimenta todo mundo, é um cara humilde. Eu estava torcendo pelos jogadores e pelo Marquinhos também por ser uma pessoa como ele é, embora conhecendo ele pouco já deu para perceber que ele é uma pessoa legal, que tem muito futuro. No caso do time, o Santos (goleiro) se destacou, é um guri que às vezes eu ajudo com material, pois ele veio lá do Nordeste, de uma família humilde, então sempre que eu posso vou ajudando ele, fiquei muito feliz com as atuações dele e por ele ter sido eleito o melhor goleiro da Copa São Paulo deste ano.

Você acha que alguns jogadores têm condições de jogar no time profissional do Atlético? Esses jogadores já estão preparados para vestirem a camisa de titular do Rubro-Negro?
Todo mundo quer jogar, com toda a certeza. Depois da campanha que eles fizeram todos pensam em jogar e ser aproveitados, mas isso não é comigo, é uma coisa para o treinador e para a comissão técnica decidirem a hora certa. Tem que ter muito cuidado para não queimar o jogador, pois colocar um menino de 16 ou 17 anos no meio dos profissionais pode pesar e pode ser que ele não sinta nada, mas se o efeito for contrário ele pode cair muito de produção e isso atrapalhar um pouco a sua carreira.

Tem como comparar um Atletiba com um Gre-Nal?
Parece até engraçado, mas nunca joguei um Gre-Nal. Sempre estava no banco de reservas do Grêmio, mas é a mesma coisa, tem muita rivalidade, mexe com a cidade, com os jogadores, ninguém quer perder pra ninguém.

Você chegou a conversar com o Claiton sobre o interesse dele em retornar ao clube? Qual era a expectativa do elenco com relação a um possível retorno do Claiton?
Com o Claiton eu não conversei, conversei com o Netinho, que tem contato com Claiton, mas o problema foi o time do Japão mesmo, eles que impediram a vinda do Claiton agora. Por ele, tenho certeza que ele viria correndo, tomara que o time do Japão o libere e ele volte ao Atlético, pois foi uma peça muito importante para nós. 


Você é um líder dentro e fora de campo? Você gostaria de usar a tarja de capitão?
Eu sou um líder da minha maneira. Ano passado eu fui capitão em apenas uma partida, hoje o Antonio Carlos é o capitão, mas o meu desejo é dificultar ao máximo o trabalho dos adversários evitando os gols.

Qual a sua visão sobre a Copa do Mundo no Brasil? Você acha que Curitiba pode ser uma das subsedes?
Um ponto importante para a Copa vir para Curitiba é a cidade em si. É uma cidade boa, bonita, limpa, bem planejada. Os hotéis, avenidas. Tem tradição, torcida apaixonada pelo futebol. O Atlético tem um grande Centro de Treinamentos e um dos melhores estádios do Brasil, sem dúvida alguma. Se a Copa vier para Curitiba, o CT do Caju e a Arena da Baixada serão muito bem utilizados. Depois que parar de jogar futebol, quero morar em Curitiba.

O que você mais gosta no Clube Atlético Paranaense?
Gosto da maneira como sou tratado. Desde a diretoria do clube, da comissão técnica, passando por todos os funcionários do clube, fico muito grato com a forma com que as pessoas reconhecem o meu trabalho.

Para encerrar, que mensagem você gostaria de mandar ao torcedor atleticano?
Que este ano o torcedor continue indo na Arena como foi em 2008. Agradeço o apoio que o torcedor sempre dá ao time e isso pesa muito a nosso favor. Este ano nós conseguiremos dar alegrias ao torcedor. Pretendo cumprir todo meu contrato, pois a minha palavra vale mais que qualquer coisa escrita. Queremos que o torcedor saia alegre e satisfeito da Arena da Baixada em todas as partidas. Um abraço a todos e muito obrigado pela oportunidade.

Perfil

Conheça um pouco mais sobre o goleiro Galatto através do perfil do goleiro.

Colaboração: Rogério Andrade, Priscila Pacheco, Silvio Toaldo Junior e Fabiani Sandrini.
Agradecimentos: a Furacao.com agradece ao Clube Atlético Paranaense, em especial o gerente de comunicação Leonardo Fagundes, e ao Hoo Café, na pessoa do gerente Eduardo.

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