O bicho...
Quando assumiu o Atlético-PR, no ano passado, o Mário Sérgio precisou de apenas dois dias para sentir que alguma coisa estava errada no vestiário.
Preocupado em descobrir o problema, o técnico reuniu a boleirada antes de um treino, proibiu a presença dos dirigentes e foi logo cobrando da turma:
– Qual é o problema de vocês? – questionou o comandante.
Depois de alguns segundos de absoluto silêncio no recinto, o grandalhão zagueiro Nem, lÃder do grupo, encheu-se de coragem e abriu o bico.
– O bicho é muito baixo, chefe! – argumentou o capitão do time.
Diante da resposta, Mário Sérgio encarou os jogadores, puxou ar lá do fundo dos pulmões e saiu argumentando.
– Bicho é prêmio para quem não gosta de ser campeão! – avisou o técnico.
A frase de Mário Sérgio caiu como uma bomba, e antes que alguém tentasse falar, o técnico seguiu discursando.
– É melhor receber R$ 500 por vitória ou R$ 25 mil pelo tÃtulo? – questionou.
Quando sentiu que o grupo havia assimilado o recado, o chefe aproveitou o momento e deu o último recado.
– Eu não quero bicho nenhum e todos os prêmios por vitória ou empate estou doando para os roupeiros e massagistas! – emendou.
No dia seguinte, antes de o treino começar, a boleirada trancou a porta do vestiário, colocou o Mário Sérgio no meio da roda e o capitão Nem pediu a palavra.
– Estamos fechados com o senhor, chefe! – comunicou o zagueiro.
– Como assim? – perguntou o técnico.
– Em vez de bicho, queremos o prêmio pelo tÃtulo – avisou o jogador.
A partir deste exato momento, o Furacão decolou, ganhou o Brasileiro e os jogadores passaram um final de ano com grana no bolso e felizes da vida.
Fonte: Zero Hora / Colunista
Adroaldo Guerra Filho (27/07/02)
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