Alfredo fez permanecer a força da família no Atlético
[foto: FURACAO.COM/arquivo]
Alfredo Gottardi Júnior, ou simplesmente Alfredo. O ex-xerife da zaga Rubro-Negra está completando 63 anos de vida nesta quarta-feira. Defendeu o Atlético entre 1966 e 1977, e voltou a defender o clube em 1979, ano em que encerrou a carreira. Defendeu também Coritiba, São Paulo, Atlas e Veracruz, os dois últimos do futebol mexicano. Seu único título pelo Furacão foi o Paranaense de 1970.
Filho do maior ídolo da história do Atlético, o goleiro Caju, Alfredo herdou do pai a qualidade de jogar futebol e o amor pelo Atlético. Aliás, característica inerente de sua família. Sua mãe é Cecatto, família que gerou dois bons jogadores para o rubro-negro. Dos Gottardi, foram seis a vestir a camisa atleticana.
Alfredo sempre foi um sujeito de personalidade forte. Ele mesmo admitia que era marrento, que brigava para defender suas opiniões. Talvez tenha sido apenas em função dessa característica que tenha conseguido superar o mito do pai e vencer na carreira a tal ponto de, ao lado de Caju, ser considerado um dos melhores jogadores da história do clube.
A forte de personalidade de Alfredo começou a se manifestar muito cedo. Atleticano de berço, começou a jogar no clube com 16 anos, nas categorias de base. Por teimosia, jogava como atacante, apesar dos apelos de amigos e observadores, que insistiam que ele tinha de jogar no gol, posição do pai e do tio, Alberto. Alfredo não dava bola. Queria fazer a sua história no Atlético e não viver à sombra da geração passada. Com o tempo, foi recuando e virou meia-direita, posição na qual atuou durante o maior período em que esteve nos times de baixo do Atlético.
Em 1964, teve uma discussão com o técnico Geraldo Damasceno e foi cortado do time principal. Seria seu primeiro ano como profissional e ele sabia que não teria chances de jogar. O Coritiba ficou sabendo da briga e fez uma proposta para ele trocar de lado. Caju entrou em desespero, mas não conseguiu demover o filho da inusitada idéia de defender os coxas. Por fim, a opinião da mãe foi a mais decisiva, pois ela temia que o período parado pudesse atrapalhar a carreira de Alfredo.
E essa é a história de Alfredo no Coritiba. Por lá ficou dois anos até que surgiu a chance de voltar ao Atlético, em 1966. Desta vez, não precisou pensar nem por um segundo. Voltou à Baixada, pois ali era seu lugar. Mais do que isso, era praticamente sua casa. Quando criança, ajudava o tio e o pai a cuidarem do gramado, preparando o terreno para os jogos. Portanto, não fazia sentido em jogar com outra camisa que não a rubro-negra.
No rubro-negro, foi recuado mais ainda e passou a jogar como volante. Habilidoso, era importante na armação do jogo e na saída de bola. A história de como virou Alfredo se tornou zagueiro - e um ótimo zagueiro - também é inusitada. Foi em 1967, por puro acaso. O Atlético estava jogando contra o Água Verde quando o zagueiro Tião se machucou. O técnico Alfredo Ramos determinou ao volante Nair que ele fosse jogar mais atrás. Por deliberação própria, Gottardi falou para Nair continuar no meio e foi ele mesmo para a zaga, por considerar que sua altura faria a diferença em favor do Atlético.
Depois disso, e dos apelos do técnico para que jogasse como zagueiro, Alfredo mudou de função. Foram meses de treinamento específico para a posição. Aprendeu a marcar, a cobrir, a cabecear, a se antecipar. A dedicação valeu a pena. Alfredo se tornou um dos maiores nomes da posição. Jogou ao lado do bicampeão mundial Bellini e com ele aprendeu muito.
Era extremamente técnico e não gostava de dar chutões. Muitas vezes preferia driblar o atacante dentro de sua própria área do que arriscar um lançamento errado. Na maioria das vezes, o resultado era um olé. Porém, em algumas ocasiões, os atacantes levavam a melhor...
Alfredo jogou ainda no São Paulo e teve uma passagem pelo futebol mexicano, onde jogou por dois anos. De volta a Curitiba, foi convidado para jogar mais um ano pelo Atlético. Encerrou a carreira de 1979, depois de ter jogado como atacante, meia-direita, volante, quarto-zagueiro e lateral-direita. Só não foi goleiro, mas nessa posição a família estava muitíssimo bem representada no Atlético.
Ao deixar de jogar, em 1979, foi convidado para ser técnico do rubro-negro e ainda livrou o time do Torneio da Morte do Campeonato Paranaense. Depois, deixou definitivamente o dia-a-dia do futebol e tornou-se administrador de empresas.
Alfredo foi eleito para integrar a Seleção dos 80 Anos do Atlético.
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