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Memória | sábado, 16 de dezembro de 2006, 14h31

"Lembranças de um dia inesquecível"

Lembranças de um dia inesquecível

Neste sábado não irei relatar uma notícia do Furacão, mas contarei as lembranças de um jogo inesquecível para todos os atleticanos que tiveram a oportunidade de estar no então acanhado Joaquim Américo, no dia 16 de dezembro de 1995. O retorno a elite do futebol brasileiro já havia sido garantido, e festejado nas ruas curitibanas, seis dias antes contra o Mogi-Mirim, em São Paulo. Mas o Atlético queria mais, queria subir em grande estilo, com o caneco de campeão nas mãos. E o titulo estava sendo disputado com o maior rival do Rubro-Negro, o Coritiba. Os duelos da última rodada eram os seguintes: Atlético e Central, e Coritiba e Mogi-Mirim.

Relatado o cenário, peço licença para falar um pouco sobre um dos melhores dias da minha vida para vocês. Em 1995 eu tinha apenas 9 anos de idade, mas já tinha escolhido meu time de coração no dia 7 de abril de 1986, quando nasci. Acompanhada da minha mãe, Mônica, meu pai Nelson (que me mostrou que o melhor time do mundo era o Atlético), meu irmão Jihad, meu primo Guilherme e seu pai Júlio, e minha prima, de campinas, Marcela. Todos estávamos trajados com as cores rubro-negras e usando em nossas cabeças o boné de nosso ídolo na época, Oséas. Antes de entrar no estádio compramos nossos faixas de Campeões já no fundo sabendo que aquele campeonato era nosso. Como meu tio Julio Zanelato trabalhava no Atlético, assistimos a partida no camarote. Os camarotes daquela época não eram nem de perto como os de hoje. De tijolinho a vista, com cadeiras daquelas de escritório, com pequenas divisórias, e um pequeno alambrado impedindo que caíssemos.

A partida estava para começar, levamos radinhos para acompanhar ao jogo do nosso rival, e lembro de olhar para a direita e ver o Caldeirão fervendo. O time atleticano entrava em campo, lembro de me emocionar ao ver todos gritando e torcendo pelos futuros campeões.

O jogo

Com os olhos nos gramados e os ouvidos no pequeno radinho de pilha, acompanhávamos a peleja. O grito de gol demorou 25 minutos para sair da minha garganta, pareceu uma eternidade. Mas meu ídolo Oséas não me deixou na mão e com a cabeça e suas trancinhas balançou a rede! Que alegria! Lembro que estava tomando uma Coca-Cola e quando saiu o gol ela voou das minhas mãos tamanha felicidade. Ruim para quem estava próximo! Oséas abrilhantou mais ainda e se tornou mais rei. No final do primeiro tempo ele ainda fez mais um. Lembro de pensar que poderia sair uma goleada.

No intervalo já comemorávamos o título, apenas ainda aguardando um resultado a favor do Mogi no outro jogo. E o que estávamos esperando aconteceu logo no começinho do segundo tempo, para a tristeza de minha mãe (ainda coxa-branca, mas hoje atleticana de gritar no estádio). No meu radinho de pilha escutei o narrador gritar "gol" do Mogi. E mais uma vez a Baixada tremeu, e via nos olhos das pessoas o mesmo sentimento que eu estava sentindo o de campeã.

Enquanto comemorávamos, nos abraçando e brincando nem percebemos que o Central marcou um gol. Prestando atenção no jogo do Coritiba, o time do Couto chegou ao empate. O nervosismo tomou conta de todos, apesar de pequenos já entendíamos de futebol e sabíamos que tudo podia acontecer. Mas o meia Alex Lopes acabou com todo este nervosismo e marcou o terceiro, fazendo com que eu esquecesse totalmente do radinho e prestasse atenção somente ao jogo. E como não podia faltar outro grande ídolo, Paulo Rink (que havia marcado um dos gols mais importantes da história do clube seis dias antes) deixou sua marca e sacramentou a vitória. Depois deste gol, 4 a 1, goleada, nós só cantávamos e esperávamos o final do jogo. As cantorias se transformaram em gritos de "campeão" quando acabou a partida entre Coritiba e Mogi em 1 a 1.

Voltávamos a primeira divisão, com grande estilo, CAMPEÕES! Lembro de ver torcedores pendurados no alambrado apenas esperando o final do jogo para invadirem o campo. E quando acabou, meu Deus, foi só alegria. Todos se abraçavam, choravam, gritavam, pulavam, ficavam de joelhos no gramado. Nós saímos da Baixada e fomos comemorar nas ruas o título com todos os atleticanos. Lembro do meu pai dizer: "Este time ainda vai nos dar muitas alegrias". Uma cena que nunca vou esquecer. Só de relatar, e lembrar deste dia as emoções daquele dia voltam à tona.

Obrigada aos campeões que fizeram daquele dia especial! Comandados pelo técnico Pepe, Ricardo Pinto, Valdo, Jean, Luís Eduardo, Alex, Leomar, João Antônio, Washington, Borçato, Oséas, Paulo Rink, Everaldo, Ronaldo!

Aí vai um recado para o meu primo Guilherme, que foi durante muito tempo companheiro de jogos: "Não importa as decepções, o Furacão é o time do nosso coração, volte para a Baixada".


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