A Arena do futuro
por Mauricio Noriega
Estive em Curitiba na quarta-feira, para comentar, ao lado de Alex Escobar, com narração de Luiz Carlos Jr. e reportagens de Marcos Peres e JanaÃna Xavier, a semifinal da Copa Sul-americana. O Atlético Paranaense perdeu para o Pachuca mexicano por 1 a 0. Mas para quem vive o caos urbano que é São Paulo, uma breve passagem pela acolhedora, civilizada e limpa Curitiba é mergulhar num oásis de urbanismo.
Em 1996 fui a Curitiba cobrir um jogo da Seleção Brasileira pela Gazeta Esportiva. Eram os últimos dias do velho estádio Joaquim Américo, que começava a ser derrubado para dar lugar à Arena da Baixada. Também fui conhecer um hotel-fazenda que o Atlético acabara de comprar e que hoje é o espetacular CT do Caju. Àquela época, quando a Internet ainda era embrionária no Brasil, o Atlético me deu um CD-ROM com a história do clube e o projeto do que viria a ser o mais moderno estádio brasileiro.
Eu já tinha visitado a Arena, mas nunca havia trabalhado no estádio até esta quarta-feira. É um choque de modernidade e cultura para quem está acostumado com os ultrapassados e decadentes estádios brasileiros. A inclinação das arquibancadas lembra muito a Bombonera e confere ao estádio uma aura de caldeirão. As instalações são novas, limpas, muito bem cuidadas. Cabines com banheiro e bom espaço, praça de alimentação, orientações claras.
Tudo isso resulta numa mudança de perfil do torcedor que vai ver o Atlético. Certamente, a frequência no Joaquim Américo era mais popular (o Atlético é o time de massa em Curitiba). Agora é um público mais classe média, familiar, que consome e festeja o conforto que o estádio oferece consumindo produtos que voltarão em receita para o clube.
A Arena é a maior contratação do Atlético nos últimos anos. Faz parte do projeto de transmormar o time num grande do futebol sul-americano, mas não apenas por uma ou duas temporadas. O objetivo é firmar o Furacão como força da natureza do nosso futebol.
O estádio gera receita, o CT idem. Para completar, o Atlético tem uma bem montada rede de escolinhas pelo Brasil, além de algumas também na China.
Chega-se à Arena para trabalhar e o departamento de marketing do clube mostra ao que veio. Revistas bilÃngues, camisas, brindes, tudo que possa vender a imagem do Atlético ao visitante.
Claro que o rubro-negro paranaense ainda não é uma força de grande popularidade no Brasil, mas as fundações deste edifÃcio foram bem plantadas. Claro que há crÃticas, denúncias e contratempos pelo caminho. A aura profissional ainda tem um ranço de amadorismo.
Ao deixar a Arena, algumas perguntas martelavam em minha cabeça:
a) o que seria de Flamengo e Corinthians se tivessem um estádio como a Arena da Baixada?
b) por que clubes como Flamengo, Corinthians, Atlético Mineiro e Cruzeiro, por exemplo, não conseguem construir um estádio como a Arena?
c) numa primeira etapa de seu projeto, o Atlético conseguiu um tÃtulo brasileiro e um vice da Libertadores. O que virá nas outras etapas?
Matéria do site Furacao.com:
https://www.furacao.com/materia.php?cod=20426
© Furacao.com. Todos os direitos reservados. Reprodução permitida desde que citada a fonte.