Matthäus: "Bola para frente. Mais vitórias e muita alegria nos aguardam" [foto: Giuliano Gomes]
“Querida torcida Rubro-Negra,
É verdade sim o que foi dito sobre meu comportamento em campo no dia da partida do nosso Clube Atlético Paranaense contra o J. Mallucelli. Chamei o árbitro de linha por “arrogante” porque, ao faltarem apenas dois minutos para o apito final ele negou, pela segunda vez o nosso pedido de substituição do jogador Dagoberto, caçado violentamente pelos adversários desde o primeiro até o último minuto da disputa. O árbitro teve oportunidade de permitir a substituição solicitada, repito, por duas vezes e então nada mais nos restava a não aguardar com muita ansiedade o encerramento da partida. Em momento algum tive intenção de ofender, se o quisesse, poderia tê-lo feito inclusive por gestos ou palavras de baixíssimo calão no idioma português.
Entendo como a minha maior responsabilidade, muito mais do que os belos resultados e as alegrias que o Furacão nos proporciona, aquela que diz respeito à proteção da saúde e integridade física dos atletas sob minha responsabilidade. Ao perceber que ele não nos escutaria naquele nem em qualquer outro momento, chamei-o de “arrogante”. Esta a palavra do meu desabafo. ”Arrogante” foi a expressão que usei num momento de liberação das tensões e foi dirigida a alguém que estava pondo em risco a saúde de um componente da nossa esquadra.
Agradeço a Deus por nada de mais grave ter ocorrido para o nosso Dagoberto, cuja atuação valoriza a presença do Atlético em campo.
Por outro lado, quero também esclarecer esta fenomenal torcida informando que o problema do atleta, apesar dos riscos que correu, revelou-se uma contusão muscular que, segundo o departamento médico já justificava a sua substituição imediata por medida preventiva. Fica a pergunta: o que mais poderia teria acontecido se o árbitro ignorasse os efeitos das inúmeras agressões sofridas pelo esportista? Sabemos que em casos mais dramáticos até a morte... Tais pensamentos ainda me perturbam.
Infelizmente e por assuntos que fogem de meu controle, não pude comparecer ao julgamento.
Aceito de peito aberto a decisão do tribunal que achou por bem suspender meu direito de permanecer no banco de reservas por 30 dias, mas não posso e não vou deixar de manifestar que vejo uma enorme injustiça na avaliação dos fatos ocorridos e não sei se em campos da Europa a atuação daquele trio arbitral passaria impune.
Mas, bola para frente. Mais vitórias e muita alegria nos aguardam. Fatos tristes como esse ganham outra dimensão quando comparados ao apoio da torcida, à confiança dos dirigentes, ao espírito de equipe aliado ao alto desempenho dos nossos atletas e me levam cada dia a entender melhor porque “a camisa rubro-negra só se veste por amor”.
Lothar Matthäus
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