Paulo André: ex-tenista que passou por muitas dificuldades até virar zagueiro
Quem assiste a uma partida do camisa 4 do Atlético mal pode imaginar que aquele zagueiro técnico, de estilo clássico e muito seguro passou por tantas dificuldades e chegou a abandonar o futebol. Aos 22 anos, Paulo André vive hoje o melhor momento de sua carreira. É titular, respeitado pela torcida e considerado pelos especialistas como um dos melhores de sua posição - tanto assim que é um dos finalistas a Bola de Prata de Brasileirão. Porém, há menos de quatro anos ele chegou a desistir da carreira. Depois de iniciar nas categorias de base do São Paulo, jogou por três meses no CSA e realizou testes no Vasco e no Fluminense. Quando já pensava em retomar a carreira de tenista (abandonada aos 14 anos, quando era o terceiro melhor do ranking de São Paulo), surgiu a chance de jogar no Águas de Lindóia, time que disputava sexta divisão do Campeonato Paulista. Foi neste pequeno time que este ex-meia-direita renasceu para o futebol.
Em entrevista exclusiva à Furacao.com, Paulo André conta detalhadamente toda a sua trajetória, desde o início no São Paulo até sua conturbada chegada ao Atlético, no início do segundo semestre de 2005. Ele explica por que não disputou a Libertadores mesmo tendo sido inscrito pelo clube. O zagueiro fala ainda sobre a emoção de jogar na Kyocera Arena ("Eu me arrepiei ao entrar no estádio pela primeira vez") e garante que ficará no Furacão na próxima temporada. "É um ano em que conquistar títulos no Atlético será muito importante", afirma. Confira abaixo a entrevista na íntegra:
Como você começou a jogar futebol?
Eu comecei no infantil do São Paulo em 1998, com 15 anos. Eu saí de Campinas e fui para São Paulo morar sozinho. Depois, eu joguei no júnior do CSA em 2001, por três meses. Voltei para casa para parar de jogar futebol, mas acabei indo para o Águas de Lindóia, na sexta divisão de São Paulo. Fiquei um ano lá até o Guarani me descobrir. Daí eu fui para o Guarani, fiquei dois anos lá e vim para o Atlético agora em 2005.
Como surgiu a oportunidade de jogar no São Paulo? Você passou por uma peneira?
Eu jogava tênis na época e todo final de semana a gente jogava bola na AAAB de Campinas. Um dia, um senhor chamado Carlinhos Magalhães, que foi treinador do São Paulo, assistiu à essa pelada e perguntou se eu não queria fazer um teste no clube. Eu jogava como meia-direita e fui aprovado depois de uma semana em testes.
Por que você deixou de ser meia e virou zagueiro?
A história é engraçada. Em 1999, fui promovido para o juvenil e nessa época eu jogava como volante. No início do ano, o São Paulo tinha 56 jogadores e só iam ficar 30 no clube. Toda as posições estavam cheias. Eu observei que tinha 16 volantes e só oito zagueiros. Como o treinador não conhecia bem quem estava subindo, perguntou a posição em que cada um jogava e eu, como estava querendo sobreviver ali no time, falei que era zagueiro. Naquele dia eu fiquei sendo o nono zagueiro e entrei no quinto time. Depois daquele treino, ele falou que eu seria um dos cinco zagueiros do time e depois disso eu nunca mais mudei.
Por que motivo você trocou o São Paulo pelo CSA?
Eu estava no júnior do São Paulo e não estava sendo aproveitado. O treinador era o Zetti. Depois de quase um ano sem jogar e sem ser relacionado, eu pedi para ser emprestado. Surgiu a oportunidade de ir para o CSA para disputar a Taça SP de Júnior e eu acabei indo. Joguei a Taça SP de 2002 pelo CSA como volante. Nesse meio-tempo, eu perdi o vínculo com o São Paulo.
Você enfrentou dificuldades nesse período?
Foi bem difícil, pois foi a primeira vez que eu fiquei bem longe de casa. Além disso, eu fiquei três meses sem receber no CSA. Durante a Taça SP, o Vasco gostou do meu futebol e pediu a minha contratação. Eu fui para jogar no profissional, que na época era até treinado pelo Evaristo, mas acabei ficando nos juniores. Fiquei mais três meses sem receber, foi muito difícil. Depois disso, eu ainda passei dez dias no Fluminense. Lá foi tudo bem, mas como eu vinha de um momento muito ruim, preferi voltar para casa. Eu estava totalmente desiludido com o futebol, praticamente já tinha largado.
Quantos anos você tinha nessa época?
Eu tinha 18 anos. Conversei com o meu pai e ele disse para eu voltar a estudar e começar outra vida. Mas eu estava triste, pois não achava que eu ia passar por tudo o que passei, sofrer tanto e não conseguir chegar a lugar nenhum.
E como surgiu novamente a vontade de jogar futebol?
Bom, eu voltei para casa e fiquei uns 15 dias sem fazer nada até que surgiu uma chance de ir para o Águas de Lindóia. Eu lembro que conversei com o meu pai e ele falou para eu não ir porque aquilo não ia dar futuro, que era melhor eu parar e ficar em casa. Eu falei que seria a última chance, se não desse certo eu ia parar de vez. E daí para frente as coisas fluíram e deram certo.
O que foi diferente no Águas de Lindóia?
Eu sempre falo que foi ali que eu aprendi tudo. Foi ali que tudo começou, que tudo teve um sentido. A gente morava em um sítio a 4 km da cidade e tinha de pegar carona em caminhão para ir treinar. No final de semana, a gente pescava para ter o que comer. O time quase não tinha estrutura, mas todo mundo tinha muita vontade de vencer, tanto é que muitos dali seguiram na carreira, como o André Rocha, o Rico, o Alex e o Adavílson.
"Eu estava totalmente desiludido com o futebol" [foto: GPP] | | |
Apesar de ter enfrentado muitas dificuldades, você é de uma família de classe média. No Brasil, a maior parte dos atletas é de origem muito humilde. Você chegou a sofrer alguma espécie de "preconceito às avessas" nas categorias de base?
Normalmente, tem um certo preconceito sim, mas eu sempre fui muito simples. Nunca ninguém soube que eu tinha uma boa condição. Eu nunca deixei transparecer isso, não por medo ou voluntariamente, mas porque é meu jeito. Eu sempre fui assim, bem simples.
Do Águas de Lindóia você foi direto para o Guarani?
A gente foi campeão da segunda divisão paulista de júnior no dia 14 de dezembro e eu me apresentei ao Guarani no dia 16 para disputar a Taça SP de Júnior. Passou um filme na minha cabeça: mais uma Taça SP para tentar dar um jeito na minha vida. A Taça foi um desastre. Nós perdemos o primeiro jogo, ganhamos o segundo, mas jogamos o terceiro já desclassificados. Mesmo assim, eu fiquei no clube e joguei a Copa FPF como titular. Quando o Barbieri, que era o técnico do júnior, foi para o profissional, eu subi. Lembro que o primeiro jogo em que eu fiquei no banco foi justamente contra o Atlético.
Como você virou titular do Guarani?
Eu estourei a idade de júnior e meu contrato acabou em janeiro de 2004. Fiquei oito dias sem contrato e mais uma vez eu estava indo para escanteio no futebol. Mas daí o Joel Santana pediu que fosse feito meu contrato para eu poder jogar, pois a gente estava com jogadores machucados e não tinha zagueiro para o jogo seguinte. Eu joguei neste final de semana, contra o Ituano, e nunca mais saí do time titular. Só voltei a ficar no banco de reservas quando cheguei ao Atlético, no jogo contra o Fluminense.
Qual o seu sentimento em relação ao Joel Santana?
Muita gratidão. Sempre que eu jogo contra ele deixo a camisa com ele, sempre agradeço. No Natal e Ano Novo eu sempre ligo pra ele. Não tem preço o que ele fez por mim. Ele arriscou colocando um menino para jogar e deu certo. Eu só tenho elogios para ele. Em termos de motivação, ele é muito bom, ele mexe com o grupo, ele tem os jogadores ao lado dele. E na parte tática ele me ensinou muito. Eu aprendi muito com ele, até porque ele foi zagueiro.
Você compararia o Joel ao Evaristo de Macedo?
Acho que os dois gostam de brincar, contam piada, mas sabem a hora certa de cobrar, de exigir. Eles levam o grupo de maneira que dificilmente alguém fica insatisfeito.
Você sofreu uma grave contusão na carreira, na região pubiana. Você chegou a pensar em largar o futebol por causa disso?
Foi um momento difícil, mas não pensei em desistir. Quem se machuca seriamente sabe como é difícil ficar meio de lado depois de estar jogado sempre. Eu vinha jogando bem no Guarani, aparecendo muito bem e já com algumas propostas da Europa. Estava com bastante dor, mas fui levando até que um dia não agüentei mais e pedi para parar. Isso foi em julho de 2004. Fiquei três meses tentando tratar conservadoramente, cheguei até a fazer radioterapia e nada dava jeito, até que decidi operar. Fiquei seis meses fora do futebol, mas eu sabia que ia voltar. Voltei a correr em janeiro de 2005 e no dia 18 de janeiro eu fiz a minha reestréia no Guarani no Campeonato Paulista.
ATLÉTICO
Quando foi a primeira vez que você ouviu falar sobre o interesse do Atlético na sua contratação?
Foi logo depois desse primeiro jogo do Paulistão, no final de janeiro, por meio do meu ex-procurador Luiz Taveira. Ele é que me falou do interesse do Atlético para eu jogar a Libertadores.
Seu nome foi inclusive inscrito na Libertadores. Por que você não veio antes para o clube?
O Atlético acertou uma parceria com o Guarani em que dez jogadores estavam incluídos, mas como eu tinha 80% dos meus direitos, todas as tratativas que eu tive com o Atlético foram por fora. Mesmo assim, eu ainda dependia de uma liberação do Guarani. Comigo e com o Atlético estava praticamente tudo resolvido, mas o Guarani não aceitou. Eles pediram para eu ficar mais alguns jogos pra ajudar o time a escapar do rebaixamento. Eu conversei com presidente e por gratidão e por achar que eu devia ainda alguma coisa ao Guarani eu fiquei.
E por que razão o Atlético inscreveu seu nome na lista?
Como estava tudo certo comigo, eles acharam que com o Guarani ia ser fácil. Como era o último dia do prazo, eles precisavam inscrever naquele dia. O Márcio, do departamento de registros, foi para Campinas e passou o dia inteiro tentando acertar minha transferência, mas depois o Guarani não liberou.
"Melhorei muito no Atlético" [foto: GPP/arquivo] | | |
Você se arrepende de não ter ido para o Atlético naquela época?
Pela campanha que o time fez, é claro que todo mundo gostaria de estar participando. Eu cheguei no final e vi a alegria do grupo, a repercussão. Deu aquela água na boca, mas acho que valeu a pena ter ajudado o Guarani porque eu saí de lá com o dever cumprido.
Além do Atlético, outros times também tentaram sua contratação. Por que você optou pelo Rubro-Negro?
Eu confiei muito em mim quando eu vim para cá. O time fazia uma campanha maravilhosa na Libertadores, tinha um grupo de jogadores muito bom e eu sabia que com a estrutura que o Atlético tinha e com o meu potencial eu poderia crescer muito, melhorar muito aqui.
Você tinha noção de como era o clube?
Eu tinha idéia só pelo que falavam, principalmente pela Arena, mas fiquei impressionado quando cheguei pelo CT, pela qualidade dos profissionais que auxiliam os jogadores aqui no Atlético e pelo tratamento que é dado aos jogadores. A gente só pensa em jogar futebol, não precisa se preocupar com outra coisa.
Você acha que melhorou como jogador aqui no Atlético?
Melhorei muito, sem dúvida nenhuma. Eu acho que aprendi bastante com os jogadores que aqui estavam e desenvolvi algumas qualidades que eu não possuía, principalmente com o trabalho de musculação e os treinamentos físicos, que hoje ditam muita coisa no futebol. Na parte física eu acredito que tenha melhorado muito.
O Guarani revelou outros jogadores que foram contratados pelo Atlético. Quais você acredita que possam despontar e se destacar como você?
Acho que o Juninho, que é um bom zagueiro e não teve muitas chances nesse ano. Eu tenho certeza que quando tiver algumas oportunidades de jogar ele vai mostrar o seu valor.
Se o Petraglia pedisse um conselho a você para indicar um jogador do Guarani, quem você indicaria para o Atlético?
O goleiro Jean, que saiu agora e o Jonas, um atacante que surpreendeu. Ninguém dentro do Guarani esperava que ele fosse evoluir tanto, mas acho que ele tem muito a oferecer para o clube em que ele for jogar.
Existe alguma diferença entre jogar no Guarani e no Atlético?
Acho que a torcida é diferente. Aqui no Atlético, a torcida é mais presente. A cidade toda se movimenta em volta do futebol e dos três times. Em Campinas a maioria torce para o Corinthians, São Paulo. A estrutura não tem nem comparação e a projeção e a responsabilidade de jogar no Atlético são ainda maiores.
Vocês estão satisfeitos com o desempenho neste Brasileiro, ou achavam que podia chegar mais longe?
Vendo hoje a tabela e a distância que a gente tem para o Fluminense e o Palmeiras, sem dúvida nenhuma a gente tem certeza que poderia ter chegado na Libertadores. Mas olhando pelo lado que a equipe estava em último lugar com 2 pontos e hoje estamos com 61, acho ninguém pode reclamar de nada, e sim só parabenizar o grupo de jogadores, que conseguiu dar a volta por cima.
Você não é um zagueiro violento, mas neste Brasileiro levou mais cartões amarelos do que o costume. Por que isso aconteceu?
Eu nunca tomei cartão vermelho. Eu tenho uma característica um pouco diferente: eu gosto de pensar antes do lance e acabo evitando muitas faltas desnecessárias. Mas neste campeonato eu realmente exagerei um pouquinho nos cartões amarelos, acho que até por necessidade. Um ou dois cartões foram por besteira, mas os outros normalmente foram quando eu era o último homem e tinha de parar o jogador para evitar o gol. Não recebi nenhum por reclamação, mas recebi um por puxar a camisa do adversário no meio-campo, coisa que eu normalmente não faço e acho burrice fazer.
Jogar na Arena é diferente de atuar em outros estádios?
Meu primeiro jogo na Arena foi o meu terceiro jogo pelo Atlético, contra o Coritiba. Quando a gente entrou ali por detrás do gol, começou a tocar o hino e a torcida se levantou. Eu nunca tinha visto aquilo. Eu me lembro que me arrepiei e me senti em outro mundo, como na Europa, como se fosse um show, num palco para apresentação. Sempre que eu passo ali agora, eu me lembro daquele momento. Acho que por isso a Arena é tão especial para mim.
Você nunca havia entrado na Arena nem para visitar?
Nunca tinha visto nem por fora. Eu também nunca tinha nem escutado o hino do Atlético. A torcida começou a gritar e o estádio estava cheio. Realmente foi uma coisa que eu vou lembrar para o resto da vida.
Então você tem uma relação especial com o clássico Atletiba. O primeiro foi seu jogo de estréia na Arena e no segundo você marcou o gol da vitória. Como é jogar esse clássico?
O primeiro jogo foi o primeiro momento em que eu comecei a chamar a atenção, que eu comecei a me inclinar a ser o titular da equipe. Foi um jogo bom que eu fiz diante da torcida. No segundo jogo, eu fiz o gol que acabou sendo o da vitória. Acho que não existe alegria maior para o jogador poder fazer um gol num clássico e ainda por cima o gol da vitória. Eu me lembro de sair correndo, sem saber o que fazer, com todo mundo me abraçando. Eu vi a torcida e só queria festejar, só queria guardar aquele momento na memória, pois sabia que era uma parte da história dos clássicos.
"Eu me lembro de sair correndo, sem saber o que fazer, com todo mundo me abraçando" [foto: GPP/arquivo] | | |
Qual foi seu melhor jogo com a camisa do Atlético?
Acho que foi o jogo contra o Paraná, aqui na Arena, 2 a 1.
Existe amizade entre atletas de futebol ou mais companheirismo e coleguismo?
Amizade existe sim, entre alguns. Por afinidade, pelo jeito de ser de cada um, pelo jeito de pensar, mas é claro que dentro de cada grupo não existe amizade entre todos. Há o respeito, mas amizade entre todos é difícil.
Quem é o seu melhor amigo fora dos campos?
Eu já venho com uma amizade muito boa com o Juninho desde o Guarani. E aqui no Atlético um cara com quem eu estou me dando superbem e considero meu amigo é o Finazzi. A gente se concentra no mesmo quarto, sai para jantar, gosta das mesmas coisas.
Quem é o melhor jogador do Atlético?
Sem dúvida é o Dagoberto. O Dagoberto é craque. Quando eu cheguei aqui, o Dagoberto tinha aquela fama toda, mas de assistir os jogos eu não tinha noção de quão bom ele era. Eu lembro que ele estava voltando da contusão e com uma perna só ele acabava com os treinos. Ele fazia coisas que ninguém imaginava. Parece que ele antevê a jogada três dias antes de todo mundo.
MERCADO
Você é um jogador muito assediado pelo mercado europeu. Quase foi para o Glasgow Rangers e teve um sondagem da Fiorentina. Por que essas negociações não deram certo?
De concreto mesmo, só houve a proposta do Rangers. Na época eu já estava vindo para o Atlético. A negociação com os escoceses começou em janeiro, mas eles fizeram a proposta mesmo no final de maio. Nessa época, as coisas com o Atlético já estavam bem adiantadas, então preferi vir para cá. Todo mundo sonha em ter sucesso no Brasil e alcançar a Seleção Brasileira, por isso que eu decidi ficar no Brasil.
Mas você não chegou a viajar para a Escócia?
Viajei, fiz exames médicos, conheci a estrutura do clube, que é muito bom e muito rico. Eles me fizeram uma proposta que financeiramente era muito boa e foi até difícil recusar.
Há alguns meses, a imprensa divulgou que o Liverpool estava interessado na sua contratação. É verdade?
Realmente houve contato com o Liverpool. Não diretamente comigo e com o Atlético, mas houve negociações entre agentes. Foi mais uma especulação, assim como chegaram outras propostas da mesma forma. Mas a gente tem um projeto e acho que o ano de 2006 vai ser muito promissor, muito importante para a minha carreira. É um ano em que conquistar títulos no Atlético será muito importante.
Você chegou a falar com o Rafa Benítez, técnico do Liverpool?
Não, eu não cheguei a falar com ele. Essa história é o seguinte: eu estava em uma reunião com o pessoal do Stellar Group e o diretor desse grupo falou com o Rafa Benítez, mas eu nunca falei com ele diretamente.
Qual a sua relação com a Stellar Group?
Eu assinei uma autorização de representação para o Márcio (
Bittencourt), que representa a Stellar no Brasil. Não tenho um contrato direto com a Stellar, mas o Márcio é meu representante até 31 de janeiro de 2006.
Qual é a situação dos seus direitos econômicos e federativos?
A divisão é 80% do Atlético Paranaense e 20% Paulo André.
"O meu interesse é ficar até o final do ano no Atlético" [foto: FURACAO.COM] | | |
Então para existir a transferência teria de ocorrer uma negociação com o Atlético antes?
Sem dúvida, o Atlético é que decide o momento de vender e o valor pelo qual quer vender. Eu simplesmente aceito ou não, porque eu também tenho direito de escolher para onde eu quero ir.
Você disse que tinha um projeto de conquistar títulos pelo Atlético. Isso significa que você fica no clube na próxima temporada?
Fico, sem dúvida nenhuma. Eu acho que o grupo é muito bom e nós temos chances de ganhar qualquer um dos campeonatos que o Atlético vai disputar.
Existe uma previsão de você deixar o time no meio do ano ou pretende ficar até o final da temporada?
Sondagem sempre tem. Para o jogador que joga no Atlético as propostas são quase diárias. Então, cabe ao Atlético estudar e saber o melhor momento de fazer a negociação. O meu interesse é ficar até o final do ano no Atlético porque eu acho que o ano que vem vai ser muito especial para quem ficar aqui.
Especula-se muito a sua saída para a Europa, mas se houver a proposta de um time brasileiro do eixo Rio-SP você aceitaria?
Acho que só deixaria o Atlético para ir para fora. Dificilmente eu aceitaria alguma transferência no Brasil.
Você sonha em um dia jogar no São Paulo, que foi o clube onde você começou nas categorias de base?
Não, para mim é diferente. Se um dia acontecer de eu jogar no São Paulo, tudo bem. Eu gosto de lá, passei quase cinco anos da minha vida lá, tenho amigos no São Paulo, mas não é meu objetivo.
Você faz um planejamento para sua carreira ou prefere não ficar se preocupando muito com o futuro?
Eu sempre traço objetivos, senão o tempo passa e a gente fica para trás. Eu quero fazer um excelente ano de 2006, quem sabe em 2007 almejar uma Seleção Brasileira e uma transferência para o exterior. Esse é um sonho, é o meu objetivo.
CURIOSIDADES
Quem é o melhor zagueiro do mundo na atualidade?
O Nesta, da Itália.
Com qual grande zagueiro você gostaria de ter a oportunidade de jogar?
Franco Baresi e Maldini.
Você fala algum idioma?
Eu engano no inglês (
risos) e estou aprendendo italiano.
Quais foram os atacantes mais difíceis que você marcou?
França e Vágner Love.
Você é a favor da europeização do calendário do futebol brasileiro?
Eu acho que o jogador é o menos ouvido nessas horas. O jogador é a estrela do espetáculo, é quem mais deveria falar. É ridículo a gente ter 20 dias de férias e ter de se preparar em uma semana para estrear em um campeonato. É impossível que o jogador consiga manter o mesmo nível de performance o ano todo, é impossível que ele sinta-se satisfeito com tantos jogos, tantas concentrações e tanto treinamento e eu acho que quem cuida disso não dá a mínima para o jogador e muito menos para o torcedor. Eles só pensam nos direitos de transmissão da TV e acabam esquecendo que se não tiver a paixão do torcedor e o bom desempenho dos jogadores o futebol acaba.
Qual seria a solução para resolver esse problema?
Eu acho que se diminuísse o número de times na Série A e os campeonatos estaduais não ganhassem as datas, isso seria facilmente resolvido. Mas quanto mais encolhe o nacional, mais aumenta o estadual e o número de jogos. Isso aumenta o desinteresse do torcedor e reduz o rendimento dos jogadores e do espetáculo. Ninguém tem condição de assistir a quatro, cinco jogos num mês. Se houvesse menos jogos no mês, todos os estádios estariam lotados. É difícil resolver isso porque há muito interesse em jogo, mas eu acho que uma medida tem de ser tomada o mais rápido possível.
"Cheguei a ser o terceiro melhor tenista de São Paulo" [foto: GPP/arquivo] | | |
Os jogadores não têm um pouco de culpa pelo fato de serem omissos e desunidos?
Acho que sim, mas dentro do futebol existe muita retaliação. A gente não pode levantar uma bandeira porque incomoda muita gente. Só seria possível uma ação se todos se unissem para que nenhum jogador saia prejudicado.
Nas suas horas de lazer você gosta de acompanhar futebol?
Eu assisto tudo, não só sobre futebol, mas sobre qualquer esporte: tênis, vôlei, basquete, golfe.
Antes de se tornar jogador de futebol você chegou a praticar tênis, não?
Eu joguei tênis desde os seis anos até os 14. Cheguei a ser o terceiro melhor de São Paulo. Eu treinava com o Flávio Saretta e o Ricardo Mello no Tênis Clube de Campinas. Meu pai sempre quis que eu fosse jogador de tênis, mas o destino não quis assim. Teve uma época que eu só queria saber de tênis, mas era muito difícil. Na época não tinha o Guga e era complicado viajar, conciliar com as aulas. Isso tudo é muito caro, então eu fiz uma opção.
Qual a sua opinião sobre a atuação dos empresários no futebol?
Eu acho que hoje os empresários são um mal necessário, pela entrada que eles têm nos clubes e pela facilidade que eles têm em negociar os jogadores. Dificilmente um jogador que não é conhecido consegue alguma coisa sem empresário.
Qual a influência que o agente deve exercer na carreira do atleta?
Eu acho que ele deve se restringir à negociação do contrato e à transferência. Ele não deve se envolver na parte financeira, nos negócios do atleta fora de campo.
Você estava participando de uma eleição promovida pela Record do jogador mais bonito do Brasil. Como você recebeu essa notícia?
Eu recebi a notícia através da assessoria do Atlético, que perguntou se eu gostaria de participar do concurso porque eu havia sido selecionado pela Record. No início eu fiquei meio tímido, mas achei que seria legal participar. Eu fiquei em segundo lugar, está bom. Quem ganhou foi o Júnior, do Flamengo. Acho que a família dele é maior que a minha (
risos).
Como você lida com o assédio das mulheres?
Eu levo numa boa. Não ligo muito porque sou bem reservado, não sou de sair. Mas é sempre bom receber o carinho do público.
Você prefere jogar em que posição na zaga
No Guarani eu costumava jogar na direita ou na sobra. Sempre preferi essas posições para jogar. Aqui no Atlético, como o Danilo vem jogando muito bem, o espaço que eu encontrei e tive de aprender a jogar foi o lado esquerdo. Eu sempre gostei do esquema de três zagueiros, mas aqui no Atlético me dei muito bem no 4-4-2 e acho que fiz meus melhores jogos nesse esquema.
Para que time você torcia quando criança?
Portuguesa de Desportos.
Você já sabe o que fará quando encerrar a carreira?
Pretendo abrir um complexo esportivo que abranja tênis, ginástica, futevôlei, esportes em geral. Já tive a vontade de continuar no futebol, mas essa vida é muito desgastante.
Qual a sua relação com a sua família?
Meu pai e minha mãe foram as pessoas que sempre me apoiaram, me deixaram livres para sonhar e correr atrás dos meus sonhos. Apesar da distância que a gente fica da família, eu tenho certeza que sem eles eu não sou nada e não seria nada. Os meus irmãos são meus torcedores número um e eu os amo.
Que recado você daria para quem está começando na carreira e terá de percorrer um caminho de dificuldades, como o seu?
Em primeiro lugar, é preciso correr e ir atrás dos seus sonhos. Não deixar que outras pessoas atrapalhem, que entrem no seu caminho. Dificuldades você sempre vai ter, mas os que persistem, lutam e não se deixam abater com as derrotas, esses sim conquistarão seus objetivos. Por isso, vá à luta.
Algumas das perguntas foram formuladas pelos seguintes integrantes do Fórum da Furacao.com: thiago, Sun Tzu, Waguito.R, Vinna, Tchesko, felipe, WagnerB, vinisaroli, Lobo, campelo, Wellington, Kakko, Spawn, eduardo.cwb, luizovivan, Tartaruga Rubro-Negra, emr, Diogo_Furacão, [CAP]rOdOlfO, Afonso Baggio e uhcaldeirao.
© Furacao.com. Todos os direitos reservados. Reprodução permitida desde que citada a fonte.