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Libertadores | terça-feira, 31 de maio de 2005, 15h54

A história é contada pelos vencedores

Por: Ricardo Campelo (Furacao.com)

Foto Destaque

Observado pelo santista Gallo, Oséas dá um show na
Baixada [foto: arquivo Paraná-Online]

É verdade que o momento do Atlético no Brasileirão é delicado. O time não tem se saído bem, e os jogadores não vêm mostrando a qualidade desejada pelos torcedores. Por sua vez, o adversário da próxima partida, o Santos, está entre os líderes do campeonato nacional, além de contar com o futebol do festejado Robinho, o grande craque em atividade no Brasil, indiscutivelmente. Mas nem isso é motivo para desanimar. Não, mesmo. Se você não acredita que o Atlético pode passar pelo Santos rumo às semifinais da Libertadores, vamos voltar um pouco no tempo, até 1996. Há nove anos atrás, no dia 5 de março de 1996, a Baixada era o palco de Atlético x Santos, pela primeira rodada da Copa do Brasil - na fase eliminatória, o Furacão já havia eliminado o Ji-Paraná.

De um lado, o Atlético, que não disputava a Série A desde 1993. Os laterais do Furacão eram medíocres: Pavão e Elias. Outros jogadores tinham pouca expressão, como Sidcley, Everaldo, Jean Carlo e Alex Lopes. Oséas, Paulo Rink e Ricardo Pinto eram ídolos dos atleticanos, mas ninguém sabia como seriam seus desempenhos em partidas contra os então "grandes" do futebol nacional. Do outro lado, o Santos, vice-campeão brasileiro em 1995, tinha o grande jogador em atividade no Brasil: Giovanni. Os demais jogadores também eram consagrados. No gol, Edinho, o "filho do Rei (Pelé)". O meio tinha Gallo, atual técnico do alvinegro praiano, além dos habilidosos Vagner e Robert. Macedo era o parceiro de Giovanni no ataque, que ainda tinha Marcelo Passos como opção.

Convenhamos. O Santos era franco favorito para avançar na competição. Pouca gente esperava que aquele Atlético que acabara (1995) de garantir a volta à Primeira Divisão pudesse desbancar o consagrado Santos de Giovanni, que naquela época era tão badalado quanto Robinho é hoje. Mas a história dentro de campo foi diferente. Havia uma torcida apaixonada. Havia um Caldeirão a ferver.

O que se viu foi um estádio totalmente lotado de torcedores apaixonados, dispostos a mudar o rumo da partida. Os mais de vinte mil rubro-negros que estiveram na antiga Baixada não pouparam a garganta e gritaram o jogo inteiro. Muito antes de o árbitro apitar, a torcida já ensaiava seus cantos. E quando a bola rolou, os gritos não pararam um minuto.

Uh, Caldeirão!

Embalados por esta força, os jogadores do Atlético acreditaram na vitória e partiram para cima. Logo aos 17 minutos de jogo, o zagueiro Andrei cruzou na área, Edinho rebateu e Oséas apareceu para marcar o primeiro gol atleticano. O êxtase percorreu as arquibancadas. O Atlético dava as cartas em campo, e, depois de garantir o resultado no primeiro tempo, voltou na etapa complementar para decidir o jogo. Aos 8 minutos, Jean Carlo cobrou escanteio e Paulo Rink subiu mais do que todo mundo, cabeceando para o fundo da rede. Mais uma explosão da torcida.

O badalado Giovanni simplesmente não conseguiu jogar. Sidcley, o desconhecido irmão de Jean Carlo, exercia uma marcação implacável sobre o meia santista, que, de tão irritado, chegou a agredir o marcador atleticano e recebeu cartão vermelho. Os torcedores continuaram regendo a festa e empurrando o Atlético, que não se deu por satisfeito: aos 27 minutos, Oséas recebeu pela direita e bateu cruzado, vencendo mais uma vez o goleiro santista e dando números finais a este confronto histórico na Baixada. O Santos só percebeu o que estava acontecendo quando o jogo acabou: 3 a 0 para o Atlético, para delírio da torcida. Na partida de volta, bastou ao Atlético administrar o resultado e sair em contra-ataques. Em um deles, Paulo Rink marcou um gol de placa, e o resultado final de 1 a 1 garantiu a classificação ao Atlético. Sim, o Atlético eliminava o poderoso Santos.

Nesta quarta-feira, o Atlético volta a disputar um jogo histórico na Baixada. Não mais uma primeira fase de Copa do Brasil, mas quartas-de-final do campeonato mais importante do continente. Crescemos, e muito. Mas o time precisa, como sempre, do apoio da torcida. É com este espírito, de apoiar o time e acreditar em mais uma vitória, que todo torcedor deve ir à Kyocera Arena.

Copa do Brasil - Primeira rodada - (05/03/96) - Atlético 3 x 0 Santos
L: Baixada; A: Jorge Travassos (RJ); CA: Gallo, Luís Eduardo, Luiz Carlos e Clóvis; CV: Giovanni; P: 16.702; R: R$ 159.274,00; G: Oséas, aos 17 do 1°; Paulo Rink, aos 8, e Oséas, aos 27 do 2°.

ATLÉTICO: Ricardo Pinto; Pavão, Luís Eduardo, Andrei e Elias; Alex, Sidcley (Everaldo), Jean Carlo e Luiz Carlos (Matosas); Oséas e Paulo Rink. T: Emerson Leão.

SANTOS: Edinho; Cláudio, Ronaldo (Cerezo), Sandro e Marcos Adriano; Gallo, Vagner (Batista), Robert e Giovanni; Macedo (Marcelo Passos) e Clóvis. T: Candinho.


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