Saco de pancadas
por Patrícia Bahr
O Botafogo não precisou de mais que 53 segundos para vencer o Atlético neste domingo, na Arena Petrobras. Com menos de um minuto de jogo, o panorama do Rubro-negro até aqui na competição já estava desenhado: um time frágil na marcação, com erros de passes infantis e falhas na defesa, em especial nas jogadas aéreas. Pronto, era o cenário ideal para Rafael Marques fazer 1 a 0, contando com uma falha escandalosa na saída de gol do goleiro Diego.
Os outros 89 minutos regulamentares de jogo tiveram praticamente o mesmo panorama dos outros cinco jogos do Atlético no Brasileiro. Um time que vai de maneira desordenada para o ataque e dá enormes sustos na defesa. Tudo caminharia na mesmice se não fosse o segundo gol botafoguense, aos 17 minutos da etapa final.
É, esse é o Atlético do Campeonato Brasileiro de 2005. Um verdadeiro saco de pancadas. Seis jogos, seis derrotas. Onze gols sofridos e apenas três marcados. E para melhorar esse quadro, muita coisa precisa ser mudada. E essa muita coisa não existe dentro do nosso elenco, infelizmente. Temos o maior elenco do Brasil e sem o mínimo de qualidade. Erramos feio nas contratações em grande número, sem se preocupar em repor com o mesmo potencial os atletas que nos deixavam, depois da belíssima campanha no Brasileirão do ano passado.
No jogo, mais uma vez a defesa foi o principal destaque negativo. Triste ver Marcão, que sempre se destacou pela vontade e raça, agora não tendo perna para chegar na bola antes que o adversário. A solução, então, passa a ser parar os adversários com faltas, ou então deixá-los passar. Simplesmente lamentável.
Mais lamentável ainda é ver Cocito em campo. Dos últimos quatro gols sofridos pelo Atlético nos últimos dois jogos, três foram responsabilidade direta de Cocito, que por incrível que pareça é elogiado pelo técnico Antonio Lopes. Se no ano passado havia a máxima de que “com Igor em campo não tem placar em branco”, este ano a frase vale para Cocito. No desastre total do sistema defensivo, Danilo conseguiu se destacar, trabalhando por três, já que Marcão e Baloy falharam muito durante todo o jogo.
Fabrício, que sempre foi muito criticado, deu lugar ao menos competente Rodriguinho, que passou 45 minutos sem a menor vontade de estar em campo. No ataque, Lima sozinho tentava carregar o time nas costas, na maioria das vezes se atrapalhou com a bola, provando que apenas ele como peça ofensiva não vai resultar em absolutamente nada.
A certeza que se tem é que o Atlético vai precisar de muito trabalho daqui para frente para sair da incômoda última colocação. Mais do que trabalho, o time precisa de reforços, daqueles para chegar no clube e assumir a camisa de titular com urgência. E para resolver nossos problemas não me venham com zagueiro que marca gols contra, faz pênalti e é expulso – sim, tudo isso em apenas seis jogos no Brasileiro. Desculpem-me, mas não será Adriano que vai salvar a nossa pátria. Pelo contrário, com reforços desse quilate, caminharemos firmes e fortes para a segundona – tarefa que atleticano nenhum quer para o Furacão.
Patrícia Bahr é colunista da Furacao.com.
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