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Nenhum | terça-feira, 22 de fevereiro de 2005, 17h07

Opinião de Juliano Ribas

Precipitação em copo d’água
por Juliano Ribas

Os fatos da vida do Atlético começam a repercutir como de costume: com estrondo. Antes da estréia na Libertadores da América, gemidos de agonia escutavam-se por todos os lados. O Furacão, com galhardia, afastou o temor exacerbado que pairava na mente de muitos. O bom e velho Atlético voltou a atacar lá nas terras do finado Pablo Escobar e por muito pouco, azar mesmo, não saiu triunfante.

Pouco durou a calmaria. Bastou o jogo contra o "Império do Futebol" para voltar a tensão na mente e o bruxismo nas mandíbulas de muitos. Está certo, o jogo foi contra um amontoado de ninguéns, o resultado, um sofrível empate, com gol imaginário e tudo. Mas é certo que essa irregularidade de time em formação atingiria o Atlético. Melhor então, que os picos de excelência sejam no torneio mais importante, a Copa Toyota, não nessa gincana chamada Campeonato Paranaense. O preparo físico não é o mesmo do time que voava em campo no Brasileiro devido ao início da temporada de 2004, com as exigências de Mário Sérgio na parte física (um dos principais legados de Mário). Alguns vêm de outras plagas, são novos no Atlético. Outros, voltam de quase trinta dias de férias. Portanto, é natural que nossos jogadores corram mais na Libertadores, e, nos jogos contra times como o tal "Império", apresentem-se com menos vigor. Não que a camisa Rubro-negra não deva ser envergada sempre com dignidade. Mas é até algo psicológico. A motivação é diferente e pronto. Isso falando-se apenas daqueles jogadores que jogam as duas competições. Ou seja, as principais peças.

O fogo sobre Casemiro já começou. Precocemente. Mas há tempos não via um time atleticano lançando-se agudamente ao campo adversário, marcando a saída de bola, abafando o time anfitrião e fazendo dois gols com certa facilidade. Méritos de Casemiro, instrução e visão de bom treinador. E, se não fosse o cansaço, teríamos capacidade de segurar mais a bola e ter evitado o empate na Colômbia. Mas para que ver isso? Para alguns torcedores é mais fácil vaiar, xingar, extravasar. Vamos deixar o Casemiro trabalhar. O bom garoto Ticão, que todos pedem, entrou na Colômbia e mais atrapalhou do que ajudou, até foi ele quem desviou a bola da direção do Thiago. Mas não é por isso que não merece chances.

Está na hora de entender que o famoso dito "a voz do povo é a voz de Deus" é uma grande furada. Se a voz do povo fosse indicador da "coisa certa", o Brasil não teria colocado Collor no poder e os americanos não teriam elegido Bush duas vezes. Sou torcedor, quero o melhor para o meu time, mas acho que treinador não deve acatar o desejo da massa se não estiver de acordo com seus princípios. Afinal, torcedor não está todo o dia no CT de manhã cedo acompanhando treino, vendo de perto as performances de cada um dos elementos do elenco, e também não coloca "o seu na reta" na hora de escalar, não é ele que perde o emprego, não é o torcedor que está na mídia, alvo de críticas de todos os lados.

Reclamar, pedir e exigir é direito de todos na sociedade democrática. Agora, bom senso também é necessário para que as coisas que desejamos dêem certo. Para mim, vaiar jogador no início do jogo, pedir já a cabeça do trainador, chorar por jogadores que já foram, não é só uma falta de bom senso como falta de inteligência. Devemos esperar o encontro com o Libertad do Paraguai para tirar conclusões mais avançadas. Avançadas, mas ainda não definitivas. A tempestade em copo d’água precisa passar. O copo já está transbordando. E o copo no Atlético é pequeno e raso, como um "martelinho" de pinga. Esse tal "Império do Futebol" não durará dois anos. A grandeza do Atlético é eterna, e de forma alguma será arranhada devido a um estranho jogo, com um péssimo resultado, contra um patético time. O trabalho segue, e que venham os paraguaios. Aí sim, teremos um jogo onde a honra do Atlético terá que ser defendia até exaurir-se a última das forças.

Lima

Uma das coisas mais comuns no futebol, é um jogador que fez parte de um time em temporadas passadas, vestir a camisa de um rival em outra. Já tivemos centenas de casos no futebol brasileiro e mundial. No Rio e em São Paulo, atletas já rodaram por todas as cores. No Paraná, isso já aconteceu. Zé Roberto, Nivaldo, Pachequinho, Tuta e muitos, muitos outros defenderam as duas mais importantes camisas. No Rio Grande, é uma tradição os ídolos do estado figurarem em plantéis da dupla Gre-Nal. É óbvio que ao trocar a camisa pela do rival, naturalmente haverá desconfiança. E a fase de adaptação que todo jogador passa ao chegar a um clube, neste caso, é abreviada. É o caso do Lima. Não estou aqui dizendo que ele é bom ou mau jogador. Vestiu a camisa verde e teve bons momentos. Mas vestiu. E isso já é suficiente para que não haja o mínimo de paciência com ele. Deve-se esperar um pouco mais, até para evitar que não haja clima algum e ele não possa nem tentar engrenar.

Ele é, agora, patrimônio do Atlético. Veste nossas cores. Aceito a intolerância com Fabrício. Este já teve tempo de sobra para mostrar trabalho e apenas confirmou a todos que não é jogador de nível para o Atlético. Mas vamos dar tempo ao Lima. Pelo Atlético. Pelo bom ambiente. Ser ex-jogador coxinha não é motivo para criticá-lo acintosamente. E, perdoem-me aqueles que acreditam em pressão da diretoria para escalar este ou aquele jogador: essa é uma insinuação leviana e desestabilizadora. Acredito que Mior tem carta branca. Senão, o Morais, adquirido pelo Atlético ano passado, estaria no grupo da Libertadores. Chega de teorias conspiratórias.

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