Brasil faz Ucrânia sonhar com a Europa
por LuÃs Ferrari
Depois dos petrodólares da Arábia e dos dólares ao molho shoyu do futebol japonês, os jogadores brasileiros acharam outra fonte de renda: os dólares congelados do Shakhtar Donetsk.
Só neste ano, o time ucraniano, que tem apenas cinco atletas locais no elenco, gastou R$ 51,9 milhões e contratou Elano (do Santos), Jádson e Ivan (do Atlético-PR), elevando para seis o número de brasileiros. Negocia, ainda, com Fernandinho, destaque do time paranaense no Brasileiro-04.
As contratações fazem parte de um projeto de inserção do clube entre as principais forças do futebol europeu. Além dos reforços, o Shakhtar investe na construção de um estádio, que promete ser o mais moderno do continente.
Fundado em 1936, o time de uniforme laranja, tradicionalmente considerado a "equipe dos mineiros", só saiu da sombra do Dynamo de Kiev a partir de 1996, graças ao dinheiro de um investidor que, entre outros negócios, é dono de minas de carvão.
Foi naquele ano que o investidor Rinat Akhmetov, um dos homens mais ricos da Ucrânia, tornou-se presidente do clube.
Além de construir um centro de treinamento, reformar três vezes o estádio do clube e dar inÃcio à construção da nova arena, Akhmetov passou a investir em jogadores e treinadores estrangeiros.
O primeiro retorno foi a classificação inédita para a Copa dos Campeões de 2001, feito que o clube repetiu na temporada passada.
Teve azar ao cair no grupo de Barcelona e Milan, mas terminou em terceiro e garantiu a vaga nos mata-matas da Copa da Uefa. Na semana passada, empatou em 1 a 1 com o Shalke 04 e, na próxima quinta, tenta ir às oitavas-de-final.
O autor do gol no jogo de ida foi o paulistano Brandão, o "embaixador" do paÃs no clube, onde está desde 2002. Até a chegada do técnico romeno Mircea Lucescu, no meio do ano passado, ele era o único brasileiro do elenco.
Desde então, desembarcaram em Donetsk os meias João Batista e Matuzalém, além dos reforços que acabaram de chegar.
A invasão brasileira tem o dedo do treinador, que além da seleção de seu paÃs já comandou a Inter de Milão. Na apresentação dos três brasileiros, ele explicou o interesse nos atletas do paÃs.
"No ano passado, eu e o presidente discutÃamos como fazer o time melhorar. Em julho, colocamos a idéia em prática, seguindo de perto o Campeonato Brasileiro. QuerÃamos atingir o nÃvel de times como Barcelona, Real Madrid e Milan. Necessitávamos de jogadores técnicos, como os brasileiros. Nos concentramos nos mais jovens, em ação pelos dois melhores times. Eles trarão um avanço fundamental ao nÃvel técnico do Shakhtar", disse o treinador, que espera ter o futebol de Fernandinho após a Libertadores.
João Fleury da Rocha, presidente do conselho gestor do vice-campeão brasileiro, diz que está "em tratativas" com o clube ucraniano, mas que o negócio ainda não está fechado, contrariando informação do site da Uefa.
"Há uma confiabilidade recÃproca entre o Atlético-PR e o Shakhtar, que foi muito ético nas negociações anteriores. Conhecemos as instalações do clube, que é idôneo", conta Rocha, para quem o Shakhtar caminha rumo ao primeiro mundo do futebol.
Se chegar lá, além de conhecida como a cidade de Sergei Bubka, maior atleta da história do salto com vara, Donetsk será famosa por seu futebol, "brasileiro".
Matéria do site Furacao.com:
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