"Perder Rogério Corrêa não é apenas perder um zagueiro. É perder um líder dentro de campo. Vamos ter grandes dificuldades para remontar a equipe sem ele". As palavras são do técnico Casemiro Mior, ditas há 10 dias quando foi confirmada a negociação do zagueiro Rogério Corrêa. Após 3 anos e sete meses, o jogador com mais tempo de Atlético do atual elenco e o último dos titulares no título do Campeonato Brasileiro de 2001, foi negociado com o Shimizu S-Pulse, assinando contrato por uma temporada com o clube japonês.
Foram 166 jogos e um total de 10 gols marcados com a camisa rubro-negra: dois em 2001, dois em 2002, cinco em 2003 e um em 2004. Destes, pelo menos dois são classificados por Rogério como os mais importantes. “O primeiro foi o gol que marquei contra o Guarani em 2001, quando empatamos em casa e nos classificamos entre os quatros primeiros do campeonato. O segundo foi o primeiro gol que eu fiz em Atletibas, no ano passado, quando empatamos por 3 a 3 na Arena”.
Rogério teve a oportunidade de compor a zaga atleticana com muitos jogadores, desde Gustavo e Nem até Fabiano, Marinho e Marcão, com quem jogou até o final de 2004. Aliás, Marcão é o zagueiro do Atlético com quem Rogério mais gostou de jogar. “Considero o Marcão mais do que um jogador ou um companheiro de zaga: ele é um irmão pra mim. Se eu pudesse escolher uma dupla de zaga das quais convivi até hoje, escolheria ele e o Gustavo. Seria um trio perfeito para o Atlético”, definiu. Sobre os técnicos com quem trabalhou em quase quatro anos de clube, como Vadão, Mário Sérgio, Geninho e Levir Culpi, o zagueiro prefere não eleger somente um como o melhor. “Todos foram muitos bons, cada um ensinou muita coisa e nos deu muito conhecimento. Se um dia eu puder realizar o meu objetivo de ser treinador, com certeza valerá o conhecimento e aprendizado que eu tive com cada um deles”.
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Aos 26 anos, o zagueiro relembra muitos momentos vividos no Atlético, desde que chegou em julho de 2001. Foi peça importante na consolidação do esquema 3-5-2, atuando na defesa ao lado de Nem e Gustavo, fundamentais na conquista do título do Campeonato Brasileiro. Rogério também esteve no grupo que conquistou o Supercampeonato Paranaense em 2002, foi vice no extinto Campeonato Sul-Minas e no Campeonato Brasileiro e Paranaense de 2004. Um dos momentos especiais lembrado com carinho por Rogério foi a entrega das faixas aos jogadores pelo técnico Geninho, antes da finalíssima contra o São Caetano. “Aquelas faixas foram entregues num momento crucial para nós, jogadores. Foi uma hora em que todos estávamos muito tensos, pois precisávamos somente de um empate. Ele simplesmente falou que para ele nós já éramos campeões, e aquilo foi o combustível para o time inteiro entrar em campo e conquistar o campeonato, o maior objetivo de um jogador”, relembra Rogério, considerando a primeira final de 2001 como a partida mais inesquecível de sua carreira. “Sem dúvida foi o jogo mais importante que eu fiz até hoje, que eu nunca vou esquecer por ter sido a minha primeira final em um Brasileiro. Outro jogo importantíssimo foi no ano passado, quando ganhamos do Coritiba, de virada, lá no Couto. Não fiz gol, mas participei dos lances que originaram os nossos dois gols.”
A negociação entre os representantes japoneses e o empresário do jogador foi rápida e surpreendeu muita gente, até mesmo o zagueiro, que esperava participar da segunda Libertadores em sua carreira. “Eu fico chateado em deixar o Atlético, afinal, são quase quatro anos de clube. Sou o único remanescente de 2001, apenas eu fiquei aqui, entre todos os jogadores que saíram depois do Brasileiro do ano passado. Fiquei até hoje por amor ao clube”. Rogério assinou um contrato por 10 meses, com passe estipulado para novembro, ou seja, com possibilidade de retornar ao Atlético, clube que o projetou. “Sei que vou voltar e vou continuar a ter muitas vitórias, mas é um novo desafio que eu tenho. Vou magoado por estar deixando o Atlético nas competições em que ele irá disputar, mas vou feliz porque tenho muito amor pelo clube, uma paixão imensa que eu jamais deixaria, mas são coisas que acontecem. Tive uma conversa com o Petraglia e disse que eu nunca tive uma oportunidade como essa, oferecida pelo Shimizu”, revela o jogador.
Rogério Corrêa, um caso de amor pelo AtléticoPelo fato de estar indo para o clube japonês por empréstimo, Rogério pretende voltar para o Atlético e acena com possibilidades de encerrar a carreira no Rubro-Negro. “Tenho dois clubes de coração: o Goiânia, porque foi onde eu comecei, e o Atlético, por tudo que ele fez por mim. Ainda vou ajudar o Atlético a ser campeão mais uma vez”, promete Rogério, que tem a sua estréia no Shimizu prevista para o dia 5 de março. Aliás, o zagueiro já antecipa uma novidade para a torcida rubro-negra: no próximo dia 12 seu novo time enfrentará o Verdy Tóquio, clube que tem como estrela o eterno artilheiro Washington. Um confronto que, com certeza, despertará curiosidade e fará com que doces lembranças voltem a rondar o pensamento da torcida atleticana.
BATE-BOLA
Saudades: “Sentirei saudades de tudo, desta cidade que eu gosto muito, tanto que até me casei com uma curitibana. Mas sentirei falta da torcida do Atlético, que nem tem como falar ou definir a emoção que é jogar na Arena e pelo time, onde tive muito mais vitórias do que derrotas”.
Torcida: “A torcida muitas vezes age pela emoção e com o coração, mas ela reconhece quem dá o máximo dentro de campo. Nunca deixei a desejar, sempre lutei pelo Atlético. Acredito que 90% dos torcedores gostam de mim e eu gosto de todos, até daqueles que não gostam de mim. Sempre respeitei todos, sou apaixonado pela torcida e gosto muito da Fanáticos. A torcida atleticana nunca desiste e sempre está lá apoiando a gente, faz a gente virar o jogo, faz a gente ter uma emoção a mais em vestir a camisa do Atlético”.
Amigos: “Fiz muitos amigos nesses quatro anos que vivi aqui no Atlético, mas um em especial que sempre me ajudou, esteve ao meu lado nos momentos mais especiais da minha vida foi o Marcão, um irmão para mim e de quem sentirei muitas saudades”.
Gratidão: “Devo tudo ao Atlético, esse clube maravilhoso que me ajudou a conquistar tudo que tenho hoje. Foi o clube que me projetou, que me abriu as portas e que me fez ser reconhecido. Tenho muito amor pelo Atlético e um dia irei voltar para ser campeão mais uma vez”.
Reportagem: Monique Silva
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