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por Ricardo Campelo
2005 começou ontem para mim, como torcedor do Atlético. Depois de muita confusão no começo do ano, jogos com time reserva, com time misto, ou sem vários dos reforços, finalmente o time principal quase completo entrou em campo. E jogou bem. Pelo menos bem acima do que esperávamos.
Muita coisa me impressionou ontem, a começar por Casemiro. Há muito tempo não se via o Atlético marcar a saída de bola adversária, jogando na pressão (e fora de casa!). O Independiente certamente não esperava esta postura agressiva e ficou sem saber o que fazer. Com o adversário desnorteado, o Furacão aproveitou para jogar seu futebol e abrir 2 x 0, jogando muito melhor. Nosso treinador mostrou que entende das coisas, e, principalmente, que consegue impor obediência tática aos jogadores.
Tiago Cardoso também surpreendeu. Com boa envergadura e agilidade, segurou as poucas chances do DIM. Foi esplêndido ao defender o pênalti e ao segurar um difícil chute rasteiro no fim do jogo. Acho que falta um pouco de senso de posicionamento para se tornar um goleiro completo. Para disputar posição com Diego, acho que ainda há um caminho a ser percorrido.
Baloy foi a principal surpresa. Calou a boca de muita gente que ouviu dizer que ele era ruim e resolveu sair repetindo isso. E quanto a outros que o julgavam um mau zagueiro com base em poucas atuações (meu caso), mostrou que tiramos conclusões precipitadas. Foi muito bem e, mantendo este nível, apagará nossa grande preocupação com a zaga.
Cocito também esteve bem. Forte na marcação, deu conta do recado, mesmo fora de posição. O que me preocupa é seu gênio, que qualquer hora vai lhe render uma expulsão que pode pôr por água abaixo um trabalho de meses. Também não gostei de sua aventura ao ataque “a la Rogério Correa” – este, ao menos, tinha velocidade e volta e meia arranjava boas jogadas.
Marcão foi o que esperávamos: raçudo, forte e presente. Excelente. E foi além do que esperávamos: um belíssimo gol do meio da rua. Achei que sofreu falta no primeiro gol do adversário.
Fernandinho mostrou a habilidade e velocidade de sempre. Ao mesmo tempo em que nos dá esperanças de ver o time fazer uma boa Libertadores, nos causa extrema preocupação quanto à sua substituição para o campeonato brasileiro.
Alan Bahia foi bem, mas sabemos que pode render mais, como fazia no Brasileiro do ano passado.
Rodrigo Souto também me causou surpresa. Bastante participativo no primeiro tempo, é um jogador importante, que sabe marcar e se apresentar para o jogo. Pareceu-me sentir um pouco de cansaço da etapa final, aparecendo menos. Entrando em sua plena forma, deve ser o dono da posição.
Fabrício foi acima do que se esperava com base em suas atuações no passado. Mas ainda erra muitos passes para um meio-campista. Ao menos mostrou mais vontade de jogar, o que, todavia, não basta. Ainda torço muito para que encontremos um ala direita de qualidade e que Fernandinho ocupe esta posição no meio.
Marín transformou uma estréia mediana em uma atuação medíocre. Também mostrando cansaço, já não estava mais acompanhando o ritmo do adversário quando, atrasado, fez uma falta obscena e foi, merecidamente, expulso. Lance digno de juvenil, e juvenil dos ruins. Que coloque a cabeça no lugar senão quiser se transformar em mais um lateral-esquerda que não deu certo no Atlético.
Denis Marques é a referência no ataque. Sabe conduzir a bola e mostrou mais uma vez ser um bom finalizador. Ainda prendeu muito a bola, ao meu ver. Talvez por estar muito mal acompanhado no ataque.
Lima foi a peça destoante no jogo. Não surpreendeu em nada. Pelo contrário, foi o mesmo jogador sofrível que pudemos ver atuando pelo Coritiba. A pergunta que não cala é: se não serviu para eles, por quê serviria para nós? Lima é inepto. Seu único mérito poderia ser a pressão sobre a saída de bola adversária (o que todo nosso time fez). Porém, sua inoperância ofensiva sobressai, e, quando se meteu a ajudar na defesa, fez um pênalti infantil e a falta que resultou no gol de empate do DIM.
Quanto a Casemiro, avalio sua postura como muito boa. Deu uma “cara” ao time, que passou longe de mostrar falta de entrosamento ou de padrão de jogo, o que era temido por grande parte da torcida. Seus três erros foram: 1) Escalar o Lima. 2) Manter o Lima no time, substituindo outros jogadores. 3) Dizer, nas entrevistas, que Lima foi bem. Aqui não tem português não, Casemiro.
Enfim, foi o típico jogo em que começamos torcendo por um empate e acabamos lamentando-o. Pois no meio da partida, a equipe nos fez esquecer todo o pessimismo do início de temporada e nos trouxe de volta ao nosso devido lugar: o de torcedor que quer e exige ver o time sempre vencendo. Foi muito bom voltar a sentir o gosto da vitória, ainda que ela tenha escapado no final – mais por fatalidade do que por vacilo (como em Erechim - impossível deixar de lembrar).
Ricardo Campelo é colunista da Furacao.com. Clique aqui para ler outros textos de sua autoria.
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