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Nenhum | sexta-feira, 07 de janeiro de 2005, 20h43

Opinião de Juliano Ribas

Confira a opinião do colunista Juliano Ribas:

Matar ou morrer
por Juliano Ribas

Tudo o que não deve ser realizado neste ano deve ter como exemplo o ano de 2002. Um ano de erros sucessivos. Entretanto, foram erros que tiveram a justificativa de inexperiência. A inexperiência de gerir um clube de conquistas de grande repercussão e toda a expectativa e responsabilidade que um clube de ponta tem. Também de não termos a competência, na época, de administar uma ressaca de um título nacional, permitindo abusos de jogadores pós-férias, e a ressaca da própria diretoria, que não traçou o planejamento adequado.

É claro, foi um ano atípico. Tivemos mudanças no alto comando, conselhos deliberativo e gestor; uma Copa do Mundo no meio, que levou a nossa maior revelação para fazer parte do escrete pentacampeão mundial; um estranho Supercampeonato paranaense, que devido a gigantesca superioridade atleticana levamos o título e a alcunha de tricampeões paranaenses com os pés nas costas; um Campeonato Brasileiro com uma participação bisonha e várias trocas de técnico, com até o ridículo Gilson Nunes (lembram?) no comando. Mas quero fazer referências à parte mais dolorosa e vexatória do ano, a segunda participação na Copa Libertadores da América.

Indefinições, falta de caminhos bem traçados e a obrigação de se manter um time campeão atrapalharam o processo. Está aí um chavão do futebol que eu acho que não procede: manter-se um time campeão e sua comissão técnica é a garantia de uma próxima temporada também vencedora. Algumas vezes dá certo, em outras, os burros dão n'água. Mas a indefinição de quem fica quem vai, o sai-ou-não-sai de Geninho e as contratações inúteis (como Preto e Silvio Criciúma) foram a marca daquele ano. E também a Copa Sul-Minas, torneio atraente mas que não existe mais, dispersaram as atenções do campeonato mais importante do ano, a Libertadores. O que ficou daquele ano de bom, foi o estouro de Dagoberto naquele histórico jogo contra o América-MG.

Este ano, porém, não viemos de títulos. O time terá caras novas e um time "B" foi montado. O Atlético, de semelhança com aquele ano, tem apenas a atenção do Brasil todo para ele. Falou-se tanto em Atlético em 2004, que neste ano os olhos do Brasil estarão voltados para o Rubro-negro. Até mais que em 2002. A campanha do ano passado repercutiu bem mais do que a do título brasileiro, por incrível que pareça. E a responsabilidade está maior. Temos muitas bocas para calar. Muitas desconfianças para derrubar. Muitos inimigos para derrotar. E uma torcida ainda maior, que deseja avidamente um Atlético sempre na ponta. É por isso que estou um pouco preocupado.

Preocupações e indefinições sempre marcam o início de qualquer temporada. Mas o Atlético, o time mais visado e admirado de 2004, ainda é uma incóginta. Esperava que até o final dessa semana o técnico novo fosse anunciado. E reforços significativos, não medalhões, fossem anunciados. Mas ainda não. Confio na diretoria, que tem crédito endossado por realizações. Mas essa indefinição está perturbando os atleticanos. Porque todos esperam o título da Libertadores ou no mínimo uma campanha avassaladora. Todos querem o "bi" do brasileiro. Sei que temos juniores de grande estirpe, como Anderson Aquino, Ticão, Evandro, Stanley, Lucas Busato e outros que participam da Copa São Paulo, como o goleador Shumacher. Temos juvenis como o projeto de craque Ricardinho. Mas, Libertadores, é coisa séria. A honra de uma nação está em jogo. Não há lugar para laboratórios e experiências, como colocar para jogar o torneio intercontinental os novos e desconhecidos contratados. Na Libertadores, é matar ou morrer.

Confesso que ao ouvir o nome de Oswaldo Alvarez, o popular Vadão, ser ventilado, fiquei angustiado. Não é isso que um atleticano que espera o melhor para 2005 quer. Outros nomes também causaram angústia. E outros esperança. Seja o que for que seja definido para o nosso clube, dentro da realidade financeira que ainda é a tônica de nossa administração e enquanto os jovens talentos ainda não estiverem prontos para grandes empreitadas, acredito que o melhor que poderemos ter será buscado. Mas que fique o registro: os erros do passado e a modéstia podem destroçar os sonhos de uma nação. Espero que a diretoria do nosso amado Clube Atlético Paranaense, ou "El Paranaense" para o resto da América, leve em consideração nossos anseios de grandeza. Nada de modéstia, o foco é o topo. Esperaremos o tempo que for para ter um time e treinador que nos dê as alegrias que desejamos. Só espero que esse tempo não se prolongue tanto. Pode ser tarde demais. Não podemos esquecer que mais do que nunca, os olhos do Brasil estão em nós.

Juliano Ribas é colunista da Furacao.com. Clique aqui para ler outros textos de sua autoria.
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