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Nenhum | sexta-feira, 01 de outubro de 2004, 15h02

Opinião de Juliano Ribas

O colunista Juliano Ribas emite sua opinião acerca da nova setorização da Arena da Baixada, o valor dos ingressos e o planejamento do Atlético. Confira o artigo:

Quanto vale o show
por Juliano Ribas

Está aí um assunto que ficou de escanteio por alguns meses e agora volta à campo: o valor dos ingressos. É um tópico de alto interesse nas esferas atleticanas. Mas, em consideração ao grupo que se aproxima rodada a rodada do bicampeonato nacional, deve ser deixado do lado de fora dos portões da nossa querida Baixada.

A setorização ficou ainda mais específica. As curvas ganharam maior nobreza. É razoável. Vê-se o campo melhor nas retas, do que nas curvas, e das curvas, melhor do que posteriormente aos gols. É justo. Quem é assíduo da Arena sabe que existe uma diferença. Mesmo que a visão seja excelente de qualquer ponto, existe a diferença. E essas diferenças merecem ser valorizadas.

O time do Atlético está conseguindo grandes façanhas. Jogo a jogo, vem mostrando que é o melhor do certame, e poderá ser o campeão. Os torcedores estão vibrando, lotando os jogos em casa. Isso mostra, claramente, que: time bom, casa cheia. Casa cheia, benefício ao Atlético. E como o Atlético precisa desta ajuda. Não é fácil trazer o time até aqui e, quem sabe, levá-lo ao título. É caro. Pagar jogadores em dia, ação que é o oposto do que os outros times fazem, não é para qualquer um. Uma folha como a do Atlético é alta. Mensalmente, muito dinheiro é gasto. Isso, para falar só na folha dos jogadores e técnicos. Ainda tem a folha dos outros funcionários do Rubro-negro. Alguns querem saber onde está o dinheiro das recentes vendas de jogadores. Bom, o dinheiro está no desempenho desse time que é fruto de investimentos, idéias caseiras e planejamento. Mas se alguém ainda tem dúvidas, o balanço do Atlético está disponivel na sede.

Existe demanda para um futebol com organização de primeiro mundo no Brasil. A reta dos R$ 30,00, vive cheia, agora com a grande campanha do time. E não é só com "pacoteiros". É de gente que vai à bilheteria e paga R$ 30,00. São atleticanos como todos os outros, nem mais, nem menos. Embora uns poucos acreditem que para ser um verdadeiro atleticano é necessário urrar por ingresso a "quinzão", ser "povão". Preconceito puro e simples com uma grande parcela de trabalhadores honestos que ajudam o Atlético da forma que preferem.

A cultura dos pacotes ganha força novamente. Quem comprou-os, está rindo à toa. O time está indo bem, as bilhetrerias enchem, mas eles não pegam fila. Têm seus nomes orgulhosamente gravados nas cadeiras. Não se preocupam com acomodação dentro da Arena. E, com a provável vaga do Atlético na Libertadores e Sul-Americana 2005, seus ingressos na conta final, sairão por R$ 15,00 ou menos (valores não exatos). E ainda não correm o risco de comprar ingressos falsificados de cambistas. Se a idéia surgisse hoje, com o time bem, mais pacotes seriam vendidos. Mas com o time em baixa, como estava, era difícil buscar gente que endossasse a iniciativa. Alguns toparam e hoje comemoram.

É inegável o sucesso dos projetos implantados pelo Atlético. São cantados em prosa e verso em todo o Brasil, no ano em que comemoramos 80 anos de fundação. Da ilha de Marajó, ao Arroio Chuí, todos percebem o Atlético como exemplo de organização e de formacão de craques em casa. Um dos erros, foi na concepção dos pacotes. Tudo a R$ 30,00 não ia dar certo mesmo, hoje vemos. Diferenciar valores e dar opção aos torcedores, isso sim é democrático e efetivo.

Que o Atlético continue em franca ascensão e que títulos internacionais também sejam buscados. Que seja forte e rico. E que, neste ano e nos próximos, as pessoas votem com consciência nas eleições, que escolham os políticos certos para melhorar a vida de todos os curitibanos, paranaenses e brasileiros. Porque o Atlético não tem nada a ver com a condição de pobreza de milhões de brasileiros. Não tem culpa de estar em um dos países mais injustos do mundo. Não tem culpa da desvalorização da renda das pessoas e do desemprego causado por políticas econômicas equivocadas, planos que confiscaram nosso dinheiro e destruíram as perspectivas do Brasil. Que no domingo, dia 3, as pessoas votem com consciência em pessoas honestas, que façam alguma coisa pelo povo sofrido. Para que no futuro, as pessoas possam pagar pela sua diversão o preço que ela vale.

O Atlético já cumpre seu papel social, dá oportunidade de vida a muitos e muitos jovens de baixa renda a terem uma profissão. Dá dentista, médico, psicólogo. Alimentação balanceada e teto. Muitos jovenzinhos moram no CT do Caju. Um lugar, muitas vezes, melhor que suas casas. Devemos pensar muito nisso. O Atlético é o melhor clube do Brasil por causa de tudo isso. Não é se contratando medalhões que se faz um grande time, mas fazendo craques em casa. Não é com gritos de guerra nas arquibancadas que se incentiva um jogador, é com salário em dia. Vibrar ajuda e é uma outra maneira de contribuirmos. Mas apenas mais uma de inúmeras maneiras. O Atlético é a vanguarda do futebol nacional e logo todos nos seguirão. E nós seremos os maiores, vencedores e fortes, mas sempre mantendo no coração a essência de ser atleticano.

Por favor, se houver protestos contra a diretoria, que sejam fora da Baixada e não durante os 90 minutos de jogo. O foco é no título, não em protestos intermináveis que, em muitos casos, lembram bobagens de utopias bolchevistas.

Juliano Ribas é colunista da Furacao.com. Clique aqui para ler outros textos de sua autoria.
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