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Nenhum | quinta-feira, 30 de setembro de 2004, 19h32

Opinião de Diogo Finelli

O colaborador do site Furacao.com em Belo Horizonte, o jornalista Diogo Finelli, faz uma analogia entre as críticas que o Atlético está recebendo este ano e o Cruzeiro recebeu em 2003.

Agora pintou o campeão!
por Diogo Finelli

Parece que eu já vi esse filme! Há exatamente um ano, o Cruzeiro brigava com o Santos pela liderança e pelo título do Campeonato Brasileiro. A Raposa buscava sua primeira conquista na competição, e tinha um time muito forte, que já havia levantado duas taças naquele ano: a do Campeonato Mineiro e a da Copa do Brasil, ambas de forma invicta. O elenco do time mineiro contava com jogadores que deixaram saudades (e como deixaram!) no torcedor cruzeirense, como o goleiro Gomes, o meia Alex e os atacante Deivid, Aristizábal e Mota. Todos comandados pelo técnico Vanderlei Luxemburgo.

Um ano se passou, o Cruzeiro nem briga mais pelo título do Brasileirão, e o país assiste Santos (novamente!) e Atlético Paranaense na disputa do cobiçado troféu. Surpresa? Para nós, não! O Santos pode não ter a mesma equipe de 2003 (que tinha o goleiro Fábio Costa e o meia Diego), mas soube repor bem as ausências e ainda conta com a experiência e a competência (indiscutível!) do técnico Vanderlei Luxemburgo.

Mas, e o Atlético Paranaense? O leitor da Furacao.com deve estar se perguntando. Bom, o Atlético só é ‘novidade’ para quem faz uma cobertura priorizando uma equipe (ou equipes) de uma determinada região, ou para quem tem ‘má vontade’ com os que estão fora do eixo Rio-São Paulo.

O torcedor do Atlético Paranaense, por mais que fique irritado com o estilo de cobertura adotada por determinados órgãos de imprensa (sei que isso é muito chato), não deve se abalar com isso. Certo é que na Arena da Baixada existe um time que incomoda, e por isso vai receber ‘provocações’ e ‘retaliações’, mesmo que ‘indiretas’ (apesar de na maioria das vezes serem diretas mesmo!) por parte da imprensa.

Digo isso me baseando em 2003, quando os números da campanha do Cruzeiro eram melhores que os do Santos, mas grande parte da imprensa de São Paulo ignorava a equipe mineira. Deu no que deu: a Raposa, além de ter vencido o Peixe nos dois jogos do Campeonato Brasileiro daquele ano (2 a 0 na Vila Belmiro e 3 a 0 no Mineirão), terminou a competição na primeira posição e com uma vantagem de 13 pontos sobre a equipe santista (além de 6 vitórias a mais, 1 derrota a menos, 102 gols marcados contra 93 do Santos, 47 gols sofridos contra 60 do time paulista, e saldo de 55 gols contra 33 do adversário).

Ou seja: título conquistado, larga vantagem de pontos, melhor ataque que o do Santos, melhor defesa, além de ter o melhor jogador da competição naquele ano (o meia Alex). Mas parece que foi pouco, pois mesmo assim a crônica de São Paulo não se rendeu ao Cruzeiro, que havia conquistado três títulos na temporada 2003. Tanto é que, em 2004, ainda quiseram ‘tirar a prova’ no turno do Brasileirão, no duelo realizado na Vila Belmiro. Mas deu Cruzeiro de novo: 3 a 1. E no returno, mesmo pegando um Cruzeiro remodelado (inferior ao time do primeiro turno, e muito aquém da equipe de 2003) ficou no empate em 4 a 4 após estar vencendo por 4 a 1 no Mineirão. Os jogadores do time mineiro sabiam que aquele era um jogo ‘diferente’, que uma derrota pesaria muito, por mais que a equipe celeste tivesse vencido os três confrontos anteriores.

O técnico Vanderlei Luxemburgo sabe muito bem que existe falta de consideração de parte da imprensa paulista com os clubes de fora, pois ele mesmo se queixava disso quando comandava o Cruzeiro. Se queixava, mas pedindo que o torcedor comparecesse e mostrasse a força de sua equipe, que dentro de campo fazia (e muito bem) a sua parte. Foi a forma encontrada pelo treinador para voltar a atenção de torcedores, jogadores e imprensa unicamente para o Cruzeiro. Nada mais importava naquele momento.

E é isso que o técnico Levir Culpi tem que fazer. O torcedor do Atlético Paranaense não pode perder seu tempo com ‘coisinhas’, pois não deve nada a ninguém e tem que fazer suas parte: comparecer na Arena e continuar incentivando o Rubro-Negro. E os jogadores, têm que dar continuidade ao belíssimo trabalho que estão realizando, passando por cima dos adversários, seja onde for. Fiquemos com o título, que é o que realmente interessa, e deixemos ‘as outras conquistas’ para eles.

Diogo Finelli é colaborador da Furacao.com. Clique aqui para entrar em contato.
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