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por Ricardo Campelo
Depois de ter noticiado, em matéria de capa, a "negociação" de Dagoberto para a Europa (mesmo após o fechamento das inscrições dos campeonatos europeus!), a nossa imprensa local aparece agora com mais uma tentativa de criar no elenco algum desconforto, alguma preocupação, enfim: algum tipo de desestabilização.
Uma repórter repreendeu a forma como a torcida atleticana tem aclamado o zagueiro Marinho - "Azul Marinho" - a qual classificou como "coisinha feia e preconceituosa".
Ora, pessoal... de fato, o trocadilho guarda relação com a tonalidade de pele do atleta. Mas daà a levar isso como preconceito, é pura forçação de barra. Preconceito, todos sabem, é a aversão a qualquer tipo de raça, o que está bem distante do que ocorre neste caso, já que o trocadilho é utilizado justamente na hora de exaltar o atleta. Ou seja, não há qualquer tipo de manifestação ou juÃzo sobre a raça do atleta - esta é simplesmente utilizada dentro da linguagem utilizada para aclamar o jogador.
Peço licença ao amigo Leonardo Bonassoli para utilizar as perfeitas palavras com que elucidou o problema, com muita propriedade, em nosso Fórum: "Se fosse assim, teriam que mudar o 'Júnior Negão' (do futebol de praia) para 'Júnior Afro-Brasileirão'... Tem horas que o 'politicamente correto' vira 'politicamante insano' ". Realmente, se os próprios "afro-brasileiros" brincam entre si com as figuras de linguagem relacionadas à sua cor, por quê haverÃamos de escondê-las?
Vale mencionar que o próprio zagueiro Marinho acena para a torcida demonstrando perfeita aceitação da brincadeira. Ou seja, o preconceito, na minha opinião, está em achar que o atleta se ofenderia em ouvir menções quaisquer à sua raça, ou que dela teria vergonha.
Aliás, não é o Atlético o Clube da capital que guarda ligação histórica com o preconceito racial.
Ricardo Campelo é colunista da Furacao.com. Clique aqui para ler outros textos de sua autoria.
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