Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Obrigado

02/11/2006


- Tenho uma notícia para lhe dar.
- Qual é, doutor?
- O senhor tem apenas mais três minutos de vida.
- Meu Deus. O que eu posso fazer?
- Um Miojo e olhe lá...

A piada de botequim da Praça Rui Barbosa poderia ser adaptada.

- Tenho uma notícia para lhe dar.
- Qual é, doutor?
- O senhor tem apenas 95 minutos de vida.
- Meu Deus. O que eu posso fazer?
- Dá tempo de ver 10 gols na Kyocera Arena.

Nenhum atleticano nutre simpatia pelo Vasco da Gama. Talvez por nunca ter vencido em São Januário, talvez por causa do sofrimento de 2004 quando a torcida foi jogada na linha amarela do Rio de Janeiro, talvez porque os cariocas se negam a aceitar a estrutura criada pelo Rubro-negro paranaense.

Mesmo aqueles que fazem cara feia para o time cruz-maltino, devem erguer as mãos na altura do peito, juntar a direita com a esquerda e provocar o som de clap, clap, clap. A atuação do Vasco, em Curitiba, foi extremamente leal. Desde o técnico Renato Gaúcho ao excelente Ramón, o brilho da partida de futebol merece destaque por uma semana nos principais jornais do mundo.

Se Renato, Ramón e os seus companheiros conseguiram aparecer e mereceram elogios, faltam palavras para descrever as atuações de Evanílson, Ferreira, Marcos Aurélio e do grupo paranaense.

Um drible da vaca não é um drible comum. Um drible da vaca aos 46 do segundo tempo, com fôlego para chegar a linha de fundo e, mesmo sem olhar, perceber que o atacante entraria para concluir, não se vê todo o dia nos estádios de futebol. Obrigado, Evanílson.

Uma cabeçada, quase na marca do pênalti, desviando do goleiro adversário, mesmo se tendo 1,67 m, não é para qualquer um. Primeiro precisa se ter a mesma altura. Depois a noção de posicionamento dentro da área é essencial. Esse foi o Ferreira.

As pernas curtas, o jeito moleque, o sorriso metálico e o faro do gol, transformaram Marcos Aurélio no principal nome do ano do Atlético. Já escrevi neste mesmo espaço que quando o atacante entrou em campo pela primeira vez, havia gente rindo nas arquibancadas da Kyocera Arena. Hoje o sorriso que a gente vê nos rostos da nação rubro-negra, é de alívio, esperança e felicidade.

Mesmo o São Paulo prestes a conquistar mais um título brasileiro (merecidamente), não há torcida mais feliz do que aquela que costuma vibrar e torcer pelo clube vermelho e preto do Paraná. Obrigado.


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