Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Cambistas

24/10/2006


A atividade de cambistas não é exclusividade brasileira, muito menos de jogos do Atlético. Esta prática criminosa é tão antiga quanto a comercialização de ingressos para qualquer tipo de evento social, cultural, musical e esportivo. Desde o dia que alguém resolveu cobrar pela entrada em algum evento, aproveitadores começaram a revender os ingressos por preços superiores ao praticado na bilheteria do espetáculo, visando ganhar um dinheiro fácil. Impossível, portanto, imaginar quando esta prática possa ter surgido na história da humanidade.

No Brasil, os cambistas sempre agiram com extrema tranqüilidade, sendo raramente perturbados, questionados e imaginem presos. Em jogos do Atlético é comum notarmos, nas cercanias da Kyocera Arena, diversos cambistas oferecendo ingressos por preços abusivos, muito superiores aos cobrados pelo clube. Até mesmo em esvaziados jogos contra rivais paranaenses encontramos pessoas que comercializam ingressos, na porta do nosso estádio. Curiosamente, em jogos menores, podem-se encontrar ingressos até pelo mesmo preço da bilheteria. Isso seria injustificável, pois a única razão da existência dos cambistas é o lucro. Imagino então que estas pessoas tenham recebido ou comprado de alguém por preço inferior ao praticado na Kyocera Arena.

Alguns cambistas são até conhecidos dos torcedores atleticanos. Quem nunca viu um sujeito gordo, calvo, porém cabeludo, no melhor estilo Navarro Montoya, vendendo ingressos para os jogos do Atlético. Este cambista deve ser o mais tradicional da região, pois atua livremente na Baixada desde os tempos de Joaquim Américo, tendo seguido ao Pinheirão e Couto Pereira quando lá jogávamos. Inclusive em shows já o encontrei negociando ingressos no câmbio negro. Acredito que o sujeito até possa ser atleticano, pois invariavelmente o encontro dentro de nosso estádio torcendo pelo sucesso do Furacão. Este é o verdadeiro cambista profissional, pois deve viver da especulação de ingressos. Ganhou dinheiro assim e continua ganhando, sem que ninguém o incomode. Hoje mesmo recebi algumas imagens das filas de ontem na Arena e o vi, tranqüilo, no canto de uma das fotos, atuando impunemente.

Acho lamentável que isso continue ocorrendo em nosso moderno estádio sem que ninguém faça algo a respeito. Pessoas passam horas e dias dormindo nas cercanias da Kyocera Arena na tentativa de comprar um ingresso, mas acabam passadas para trás por aproveitadores que “compram” lugares privilegiados na fila de alguns ingênuos que são seduzidos pelas suas mentiras. Depois revendem os ingressos pelo dobro (ou mais) do que valem. É uma falta de respeito com aquele que sacrifica seu tempo, poupa seu dinheiro e quer ajudar o clube comprando sua entrada diretamente da bilheteria.

O Atlético que é exemplo em tantas coisas e já combate a pirataria de produtos do clube de forma brilhante, deveria ter uma postura mais rígida em relação a estes aproveitadores que praticam crime contra a economia popular. Câmeras para flagrar quem são os cambistas e seguranças para controlá-los o clube têm, basta agir em prol de seu torcedor e revelar à polícia suas imagens, cobrando desta uma ação.


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