Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Exaltação valorizada

23/10/2006


"Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, em breve estarás fazendo o impossível". A lição ensinada por São Francisco de Assis foi compreendida pelo Atlético. Brilhante no Uruguai e no Ceará, venceu todas as adversidades que um clube de futebol poderia encontrar: estádios acanhados, lotados, pressão das torcidas e o cansaço. De Montevidéu ao nordeste brasileiro foram mais de 4 mil quilômetros em três dias graças ao desleixo da Confederação Brasileira de Futebol. Mesmo a CBF não protegendo o Rubro-Negro da maratona da Sul-Americana e do Brasileiro, o time está aí prestes a conquistar uma vaga nas semifinais do torneio internacional e vivo para chegar entre os oito melhores do país.

A exaltação ao Atlético destas duas últimas partidas deve, sim, ser valorizada. O time mostrou uma maturidade jamais vista ao logo deste ano. Soube calar os 20 mil uruguaios no histórico Gran Parque Central e aproveitou-se do mau momento do Fortaleza no Presidente Vargas. Saindo atrás do placar nas duas partidas, manteve o esquema tático, passou a centralizar as jogadas no meio e partiu em contra-ataque. Se não foi com Paulo Rink, foi com Marcos Aurélio. Se não foi com Denis Marques, foi com Pedro Oldoni. Erandir por Válber, Cristian por Willian. Vadão olha para o banco e tem opções para alterar o jogo. A ousadia é parte da rotina dessa nova fase do treinador atleticano.

Vadão parece ter aprendido que jogar com três volantes que não criavam era um erro. Com um deles dando um passo para trás, a zaga ficou fortalecida e a cobertura nas alas completa. Com isso, Ferreira ganhou liberdade no meio e condições para criar para quem quer que esteja lá na frente. As pequeninas pernas do colombiano agigantaram-se com a posse da bola.

Se é assim na criatividade, a finalização também merece os nossos mais valiosos elogios. Quando entrou em campo com a camisa do Atlético pela primeira vez, Marcos Aurélio causou risos em alguns setores da Kyocera Arena. Depois de quatro jogos marcando gols em todos eles, o respeito fez parte no vocabulário do torcedor e o nosso jogador ganhou confiança. Não conheço Marcos Aurélio pessoalmente. Mas ele começou fazendo o necessário, depois o possível e já chegou ao impossível. Sem firulas, com toques rápidos e atuando com precisão, o Atlético se encontrou com ele. Se o clube continua iluminado, a luz principal está com a camisa 11. Que São Francisco de Assis o abençoe.


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