Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Rubro-negro é quem tem raça...

19/10/2006


O lindo hino atleticano tem o seguinte trecho: “rubro-negro é quem tem raça e não teme a própria morte!”. Talvez esta parte reflita perfeitamente a história do Atlético. Um clube de superações, marcado por vencer grandes desafios. Durante muito tempo, estes desafios ficaram restritos à vitórias heróicas em Atletibas, conquistas de títulos estaduais na base da raça e superação contra rivais mais fortes dentro e fora de campo ou uma simples permanência na primeira divisão. Fora dos gramados a raça atleticana era para manter o clube vivo, mesmo com inúmeras dívidas, pendências jurídicas e com um estádio abandonado.

O Atlético mudou! Felizmente deixou de ser aquele jovem sem dinheiro e juízo, mas com uma vontade enorme de vencer na vida, orgulhoso de seu passado simples mas honrado. Desistiu de ser conhecido apenas no seu bairro e resolveu organizar sua vida, traçando novas metas e tendo o mundo como objetivo. Agora é sério, respeitado, valorizado e temido. As fronteiras não são mais aquelas de antes, pois como no jogo de WAR, o Atlético conquistou e segue conquistando territórios. Argentinos, bolivianos, colombianos, uruguaios, paraguaios, mexicanos e outros povos latino-americanos sabem direitinho quem é o Atlético ou El Paranaense, como carinhosamente nos tratam Brasil afora.

A vitória contra o Nacional do Uruguai servirá de referência para muitos atleticanos. No acanhado Parque Central, palco do primeiro jogo da história da Copa do Mundo, aqueles que nos representaram mostraram que rubro-negro é quem tem raça e não teme a própria morte. Um jogo que parecia dominado, tranqüilo até certo ponto, mas que depois do intervalo e especialmente após o gol de Diego Alonso, outro exemplo fascinante de raça e profissionalismo, virou totalmente a favor dos uruguaios. A contagem mínima parecia razoável, tamanha a pressão dos jogadores adversários e da apaixonada torcida local.

Mas o Atlético foi o Atlético, aquele mesmo de 1978 no empate mágico contra o Colorado, de 1990 no título no Couto Pereira, de 2001 na virada contra o amargo Fluminense na semifinal do Brasileiro e também na decisão contra o São Caetano, além do de 2005 na heróica classificação sobre o Cerro Porteño em Assunção, entre tantos outros Atléticos ao longo dos nossos 82 anos de história. Em certos momentos a técnica acaba sendo deixada de lado e a vitória só é conquistada na base da vontade e obstinação. Os elencos mudam, os jogadores são outros, mas imagino que não condiz com a nossa tradição assistir a um time apático, sem raça e claro, um jogo sem dramaticidade. Sofrer faz parte de nossa história e em Montevidéu não foi diferente. Sorte que o time não “temeu a própria morte” e teve raça até o fim para buscar a virada.

Nesta tarde histórica (sim, já faz parte da história do clube) no Uruguai, nossos atletas, comissão técnica e bravos torcedores merecem aplausos. O Atlético sempre nos encherá de orgulho, mas ultimamente, quando sai do Brasil e mostra ao mundo nossa força, nos orgulha ainda mais, reafirmando a maravilha que é ser atleticano. Por isso gostaria de parabenizar a todos, especialmente William, João Leonardo, Danilo, Alan Bahia, Pedro Oldoni, Marcos Aurélio e Vadão, destaques desta vitória triunfal. Não que os demais não tenham feito a parte deles, pois obviamente foram importantes, mas os citados se sobressaíram, tanto na vontade como na técnica. Quarta-feira a festa é nossa e desta vez serão os uruguaios que se surpreenderão com nosso estádio, organização e, especialmente, a nossa torcida que fará novamente uma festa única, emocionante e encantadora na Kyocera Arena. Obrigado, Atlético, por mais esta alegria!


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