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Eduardo Aguiar
Eduardo Aguiar, 51 anos, é jornalista e filho de um coxa-branca (ainda bem que existe a Teoria de Darwin, sobre a Evolução das Espécies!). Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2006.
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Esta coluna deveria ter sido escrita logo após a partida contra a Ponte Preta. Já se passaram alguns dias, mas o sentimento continua o mesmo. Além do mais, de cabeça mais fria evito fazer análises passionais. Aquela quarta-feira será inesquecÃvel para mim. Pela primeira vez na Baixada eu fiquei envergonhado. Sofri silenciosamente, e aos poucos a vergonha foi se transformando em resignação.
O problema é que, por pior que o time estivesse em campo, não foram os jogadores  que pareciam um amontoado sem tesão de jogar bola  ou o técnico  que graças a Deus já foi embora  que me causaram esse sentimento. A vergonha que senti, pasmo, boquiaberto, foi desencadeada pela própria torcida rubro-negra.
Há algum tempo o povo atleticano não é mais o mesmo. A velha Nação, que sempre estava ao lado do time, por mais fracos  às vezes até bizarros  que fossem os jogadores.
Tenho visto os jogos do Atlético no "retão", embaixo das cadeiras. A cada jogo a tortura aumenta. Os jogadores  muitos deles promessas, como o Dagoberto  são xingados antes mesmo de tocar na bola. Começa o jogo, começam as crÃticas.
Mas a gota d¹água foi contra a Ponte. Quando os pseudo-torcedores aplaudiram e vibraram com o gol do Macedo, me vi, por um momento, rodeado de "coxas".
Quem costuma fazer isso não é a nossa torcida; é a "deles". Quem causa um clima desfavorável dentro da própria casa não somos nós; são "eles".
Há algum tempo eu critiquei duramente nossas torcidas organizadas - na época estavam brigando entre si, etc. Mas, hoje, Os Fanáticos são os únicos que podem  como já estão fazendo  criticar ou cobrar alguma coisa dos jogadores. Porque eles estavam gritando "ATLÉTICO" durante todo o jogo, incentivando até o apito final. Enquanto a bola rola, estão ajudando o time.
Depois, podem cobrar o quanto quiserem.
Aliás, essa será minha primeira providência: a partir da próxima partida eu abandono o retão. Vou assistir do lado dos Fanáticos; quem sabe assim meus ouvidos serão poupados de tanta abobrinha.
Lembro da reportagem da Placar sobre a final do Brasileirão, contra o São Caetano: "A torcida é que ganhou o jogo"; "O mais argentino dos estádios brasileiros" eram alguns dos trechos da matéria. Nosso belo estádio ultimamente não está mais merecendo nossa torcida reclamona. Que de "argentina", está cada vez mais "coxa".
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Não sou o fã número 1 do Abel Braga. Mas uma coisa é evidente: mexer com os brios dos jogadores, motivar a equipe e botar a turma para correr é sua especialidade. Se ele for confirmado mesmo, podemos nos classificar. Isso se a torcida colaborar. Temos cinco jogos em casa. O momento é de união.
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