Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Desenho

02/10/2006



Estes dias recebi um e-mail interessante, para não dizer cômico. Era um vídeo com uma propaganda, lá de mil novecentos e bolinha, do "novo estádio do Corinthians". Para se ter uma idéia da data do vídeo, era o Doutor Sócrates, em pleno viço da juventude, que anunciava um monumental estádio para umas cento e poucas mil pessoas. Finalizava com um letreiro: "Administração: Waldemar Pires. Apoio: Rede Globo".

Até hoje, todos sabem, o Corinthians, um dos dois times de maior torcida do Brasil, principal clube do maior centro financeiro do país, com apoio de muitas empresas multinacionais e o desde outrora o apoio irrestrito da Rede Globo, ainda não conseguiu passar de pedra fundamental em qualquer empreitada desse tipo, o que mostra que isso não é nada fácil. Já o Atlético, no peito e na raça, decidiu construir sua casa e foi em frente, e hoje, a Kyocera Arena é um colosso que simboliza a força da nação atleticana e lota nosso peito de orgulho. O Atlético fez o que muitos clubes prometem, sonham, acalentam: fez o mais moderno estádio da América Latina. Em apenas dois anos. E o nosso crescimento como clube disparou desde aquele 2 a 1 contra o Cerro Portenho, em 1999.

Vi um projeto que foi divulgado nesta segunda, por uma empresa de arquitetura. Lindo e magnânimo, já faz voar a imaginação do povo atleticano, ansioso por grandeza. Os atleticanos já conseguem se imaginar dentro daquela belezura. Mas o que menos importa é se o projeto é exatamente daquele jeito que foi divulgado hoje, ou será outro. Importante mesmo é que, diferente de outras torcidas, nós não duvidamos que algo como aquilo possa ser realizado. E isso pelo simples fato de já termos feito a nossa querida Baixada em tempos em que o Atlético Paranaense ainda não era o clube com a força e a credibilidade que tem hoje.

O desenho arquitetônico divulgado é impressionante, realmente. Dá vontade de ser uma daquelas pessoinhas que ilustram o desenho, que numa semana assistem um match internacional do El Paranaense e, na semana seguinte, curtem um show do roqueiro Eric Clapton. Imaginação à parte, para deixar a Kyocera Arena daquele jeito, será preciso mais tempo e mais terreno do que temos. A verdade é que, se não houve uma divulgação oficial, é porque não existe ainda nada definido. Esse assunto mexe com a nação atleticana e com nossos sentimentos. E é importante demais para ser tratado sem o devido cuidado. Sabemos que não será fácil, as coisas mudaram muito desde 1999, economicamente falando, em nível local e global. Precisa-se de muito dinheiro para se fazer aquilo, e não se consegue com um passe de mágica. É ainda preciso obter um financiamento. E por enquanto o ovo está ainda dentro da galinha.

Mas a gente sabe que pode esperar confiante. A ampliação da nossa casa não será mais um "estádio do Corinthians", ou um "terceiro anel" coxa-branca, ou uma lenda parecida. O que fizermos, seja lá o que fizermos, não será maquiagem ou coisa de segunda linha. As parcerias estão sendo costuradas, as coisas estão andando e num futuro que ainda não se pode determinar exatamente, teremos nossa casa pronta. O Atlético é capaz de tudo, se esta for a vontade da nação Rubro-negra. Quem viu a Arena subindo dia-a-dia do "mirante das obras" não duvida de nada. Nossos sonhos podem nos levar longe. Até para dentro de um lugar que, por enquanto, é ainda apenas um desenho. Por enquanto.


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