Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Encantadora América

28/09/2006


O Atlético definitivamente tomou gosto pela América. Depois de aventurar-se pelo continente, deixando sua marca pelo Peru, Uruguai e Equador mesmo sem nenhuma experiência em 2000, o El Paranaense, como é tratado nos países de língua espanhola, deslumbrado, fracassou no retorno à Libertadores em 2002. A terceira chance surgiu em 2005. Com uma campanha irregular na primeira fase, o time credenciou-se às oitavas de final graças ao lendário De Vaca, zagueiro artilheiro do Libertad, responsável pela classificação atleticana e também pelo gol que eliminou o Brasil da Olimpíada de Atenas/2004.

Agraciado pela sorte e determinado, o Atlético fez história, derrubando os então favoritos Cerro Porteño, Santos e Chivas, até chegar à final contra o São Paulo. O vice-campeonato mudou o rumo do clube no continente. De pouco conhecido para um time emergente, finalista de uma Libertadores da América. Neste ano, poucos deram importância à participação atleticana na Copa Sul-Americana, grupo ao qual me incluo. O primeiro adversário seria o inexpressivo e corriqueiro Paraná Clube e a fase do rubro-negro no Brasileiro não nos deixava sonhar com uma bela campanha.

Com as boas vitórias frente ao modesto rival, surgiu então a oportunidade de enfrentar o consagrado River Plate, bicampeão da Libertadores da América. Nesta quarta-feira, o Atlético foi apresentado à Argentina e repetindo o que já mostrara em outros países latino-americanos, venceu o time da casa, em uma atuação soberba do goleiro Cleber e sendo eficiente tanto na marcação como na saída para o contra-ataque.

Nestes 31 jogos já disputados por competições sul-americanas, o Atlético tem um excelente retrospecto, comprovando ser um time internacional, um clube que se adapta bem à competições disputadas contra estrangeiros e a nata do futebol nacional. Esta é uma característica de poucos clubes, como o Grêmio, Cruzeiro e São Paulo, campeões tantas ou mais vezes da Libertadores do que do Campeonato Brasileiro. Fato que quase caracterizou o Atlético também, pois em 2005, o Furacão chegou perto de conquistar seu primeiro título continental, igualando a marca de campeão brasileiro.

A história do Atlético ainda é recente na América, mas algo me diz que o clube nasceu para grandes duelos internacionais. Não se encolheu jogando no Monumental de Nuñez ou no Centenário, coisa que o Corinthians, por exemplo, nunca conseguiu, sendo sempre presa fácil para os argentinos.

Vadão e Oswaldo Alvarez

O treinador atleticano é outro que parece sentir-se mais à vontade nas competições sul-americanas do que nas locais. Comandando o Atlético, venceu três dos quatro confrontos internacionais que disputou fora de casa, somando vitórias expressivas contra times consagrados como o Nacional e o River Plate, além de uma goleada histórica na estréia contra o Alianza Lima. Enquanto isso, nos Brasileiros de 2003 e 2006, somou apenas uma vitória fora de casa, contra o Fluminense, dias atrás, no Maracanã.

O fato é no mínimo curioso, mas o “espanhol” Oswaldo Alvarez tem alcançado muito mais sucesso que o “brasileiro” Vadão! Coisas do futebol, restando-nos torcer para que o “brasileiro” Vadão consiga uma arrancada final conduzindo o Atlético para uma classificação à Libertadores da América em 2007, terreno familiar ao “hermano” Oswaldo Alvarez.


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