Fernanda Romagnoli

Fernanda Romagnoli, 51 anos, é atleticana de coração, casada com um atleticano e mãe de dois atleticanos. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Sem técnica, mas com estrela

17/09/2006


Eu não acredito em sorte, mas ontem balancei. Choveu, mas choveu muito! O que faltou foi técnica, estratégia, garra e mesmo assim, em meio à chuvarada e ao frio congelante contamos com a estrela no desempate.

No início do jogo, até uns 15 minutos, pensei que nosso problema era algo tipo pneus slick em dia de chuva, como era na fórmula 1. Meu racional foi o de que estamos passando por uma estiagem braba aqui em Curitiba e talvez os meninos - alguns nem tão meninos assim – estejam desacostumados com as condições de pista, digo, de campo molhado. Não treinam em chuva faz tempo e fez um calor danado na última semana. O fato é que isso até pode ter uma pequena, micra mesmo, parcela de responsabilidade; só que foi coisa mais grave.

Outro ponto de se levar em consideração foram os jogos contra o não mais sem-teto Paraná Clube. Entretanto, acredito que o Atlético preocupou-se com a recuperação dos atletas. O que foi garantido pela comissão antes do jogo. Então só me resta a parte técnica mesmo.

Raramente vou a fundo nos aspectos técnicos de um jogo, prefiro usar do meu instinto feminino para analisar aspectos que tangenciam os técnicos. Mas dessa vez vou me permitir, mesmo que possa entrar no mundo dos meninos, onde alguns pensam que só eles podem analisar futebol.

Em primeiro lugar, não entendo como o Danilo possa ser capitão do time. Nada contra a pessoa dele, muito menos com o profissional que ele é, mas minha idéia de capitão passa por alguém mais pulsante. Enfim, disse e repito que nossa zaga precisa de um xerife, tanto faz se ele usar ou não a braçadeira. Precisamos de um cara que tome conta do “boteco”. Não tenho essa segurança com o Danilo ou João Leonardo. Tomara que esse novo Gustavo tenha o perfil que necessitamos.

Na verdade mesmo, quero ir direto a um ponto. O esquema tático proposto com o nível de futebol que o jogador Cristian apresentou, não dá! Entendam que não quero queimar o jogador, eu acredito na responsabilidade do Técnico de Futebol em observar se um jogador está em nível técnico (desculpem a óbvia redundância) adequado para o jogo. Não era o caso do número 8 de ontem. Foram incontáveis os impropérios que pensei, e até cheguei a dizer alguns, quando via que ele estava morrendo em campo. Também perdi as contas de quantas vezes o fulano amarrou a chuteira. Isso é inadmissível! Um jogador assim tem de ser trocado no máximo 15 minutos após apresentar os primeiros sintomas de descomprometimento ou incapacidade física de levar uma partida com a de ontem. E ele estava assim desde o início da partida. “Isso” é queimar um jogador: mantê-lo em campo ainda que ele seja um peso morto.

Ainda nessa linha de pensamento, se o “Oséas Cover” foi o pior da partida como muita gente acha, por que não tirou ele no lugar do Marcos Aurélio ou do Ferreira? É por que o jogo de ontem demandava jogadores de maior porte físico? Nesse caso, qual o problema de assumir essa linha de pensamento desde o início da partida? Sei lá, isso me parece muito inconsistente.

No fim das contas, o único espetáculo de ontem foi o da torcida. Não se trata daqueles que colocam uma máscara de torcedor e vão lá vaiar. Parecem uns machões chatos ou um bando de mulherzinhas no auge da TPM. De minha parte, conheço o transtorno hormonal, mas como torcer é um ato independente de gênero, me recuso a fazer parte daqueles que difamam o maior patrimônio do Clube Atlético Paranaense: a sua torcida.

Parabéns para aqueles que espantaram o frio, a chuva e o empate com seus gritos de incentivo, com música e com a sua crença na vitória. Está aí, a maior estrela de ontem.


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