Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Professor Vadão

29/08/2006


Nem bem ele veio e o critiquei. Não tive a grandeza de tentar enxergar além do meu nariz (que de pequeno não tem nada) e ao menos lhe estender a mão, a palavra amiga e a compreensão que o momento necessitava. Porque nosso time é fraco e ainda necessita de reforços. Porque ele foi bem em 99/00, mas tinha um baita time nas mãos. Porque em 2003 teve que lidar com um time tão ruim quanto este e se deu mal. Por que fui impaciente? Porque fui injusto.

Oswaldo Alvarez ainda não é o treinador dos meus sonhos para o time dos meus sonhos. Trabalhador, honesto, dedicado, Vadão é um cara batalhador, mas o acho limitado. E isso não é demérito, pois somos hoje muito maiores do que em 1999, quando tínhamos acabado de voltar para casa. Quem eram Lucas, Kelly, Adriano e Gustavo? Alguém imaginava que o artilheiro do Brasil, o Incendiário Kleber estava aqui, no nosso time? Imaginávamos que aquele time encantaria a América em 2000 e um ano depois, com o sensacional Flávio no gol e com Alex Mineiro só faltando fazer chover nos jogos decisivos, seríamos enfim campeões brasileiros?

Oswaldo Alvarez plantou uma semente sólida, sem pressa, bem do seu jeito, manso, calmo e contido. Agora faz o mesmo. Deu moral aos jogadores. Primeira atitude? Quis o garoto–problema Dago jogando, apostou em seu futebol, lhe deu retaguarda, moral e força para voltar com tudo. Só ele, o modelinho bambi que não quis aproveitar a chance e prejudicou, mais uma vez, o clube que lhe deu guarida, água, teto e uma camisa para vestir. Vadão, assim como um pai, lhe deu a chance, mas se não a soube aproveitar, ajuda os outros filhos.

E parece que é assim que os trata. Protege, abraça-os, conversa. Imagino o quanto deve ter falado com o imaturo Denis, que tem futebol no corpo, sabe jogar, sabe fazer gols. Penso no diálogo, nas críticas e cobranças as quais o avante deve ter se queixado e o ombro amigo, a palavra de seminarista que Oswaldo lhe deu dizendo que só uma pessoa poderia mudar isso, que só havia uma maneira de trazer a torcida de volta para o seu lado: jogando e com raça.

Vadão pode não entender muito de tática, de filosofia de jogo e nem ser um matreiro armador de jogadas. Mas entende de gente, de ser humano, de emoção. Vadão entende, assim como nós torcedores, de Atlético e faz com que esses 11 guerreiros que estão entrando em campo com nosso manto sagrado, joguem a cada jogo, o jogo de suas vidas.

Oswaldo Alvarez, meu muito obrigado. Seu time, sim, esse time que tem a sua cara, modesto, humilde, mas vibrante e com garra, me fez voltar a sorrir, me fez voltar a acreditar. Vadão, de Atlético você entende e estaremos ao seu lado nessa virada que tem tudo para entrar para a história. E de história dentro do rubro-negro, você já provou entender !

ARREMATE

“Estórias da bola” : Março de 2000, Atlético disputando sua 1ª Libertadores da América. Num papo informal com alguns jornalistas após um jogo (e eu metido por ali), Oswaldo Alvarez comenta que a fase é diferente, que o Atlético representa o Brasil, enfim, que o status é outro e pede aos jornalistas que comecem a lhe chamar pelo nome e sobrenome e não pelo apelido.

Com as afirmativas, o treinador se vira e um garoto lhe estende uma camisa pedindo autógrafo. O simpático e sempre solícito Oswaldo grafa firme e forte: VADÃO.

Até ele deu risada depois que lhe perguntaram como queria mesmo ser chamado...


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