Fernanda Romagnoli

Fernanda Romagnoli, 51 anos, é atleticana de coração, casada com um atleticano e mãe de dois atleticanos. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

O simples é chique

27/08/2006


Vocês não erraram de site. Vou tratar de futebol apesar do título da coluna. E no que diz respeito a futebol, nada tem a ver com esteriótipos como carros brancos, rodas douradas ou ainda correntes pesadas de ouro, ternos de grife e sapatos bicolor. Estou falando da simplicidade do ser no futebol, que se torna sem a menor pretensão, a coisa mais bela do mundo.

Em nossa história, de uma maneira geral, sempre fomos chiques. Aquela imagem da cartola preta pode remeter a aristocracia, mas ainda é sobre isso. Estou falando da simplicidade de ser grande por ser o time uma coisa só e não uma coisa só ser um time. Da coisa bela que é o jogar mais do que falar e entender que não se conquista nada sem coletividade. Se pensarmos bem, o que sempre se destacou no Atlético, não foram os talentos individuais. Não estou desprezando Caju, Washington, Assis, Sicupira e tantos outros que não vou citar para não ser injusta com os mais atuais. Simplesmente acho que vamos muito bem quando optamos pela simplicidade do conjunto, e sempre foi assim.

Se talentos individuais ganhassem canecos, não veríamos o Real Madrid, que tem estrelas até no banco, amargar resultados poucos expressivos se comparados com sua folha de pagamento. Se fosse assim, nossa seleção não teria (ou teria) feito o que fez (ou não fez) na última Copa. E é por essas e outras que não estou nem um pouco triste pela ida daquele que nunca foi. Está certo que é uma decepção muito grande para nós atleticanos, mas deixo esse assunto por conta da vida. Quem sabe um dia escreverei tudo que penso a respeito.

Voltando ao Atlético, mais do que um conjunto de talentos, precisamos pensar como um time. Tive este vislumbre ontem ao assistir ao jogo com o Fluminense. Nada espetacular, apenas jogaram direitinho apesar das suas limitações e se portaram como se elas não existissem. Tanto é que todos os jogadores quando erraram, acertaram imediatamente depois e assim foi. Saíram daqui desacreditados até por muitos de nós e venceram porque se portaram como um time. Sinto por alguns cartões, pela expulsão (correta, diga-se de passagem), mas gostei de não ter visto ninguém se achando mais do que é: parte de um time.

No entanto, não podemos desprezar o conteúdo pela forma. Sei que estamos em um momento de várias prioridades, mas precisamos de reforços. Eu começaria por um lateral direito. Hoje está difícil até para o jogador, que já mostrou muito mais do que vem apresentando, e não temos ninguém melhor nem no banco. A zaga seria minha segunda atenção. Precisa de um xerife, alguém com credenciais, porque o Cléber é bom, tem potencial para ser o melhor, mas é apenas um cara na posição mais ingrata do futebol. O meio de campo pode melhorar com o que tem e o ataque, agora sem a liderança negativa do Dagoberto, pode ser melhor do que com ele em plena forma se exibindo como se os outros dez só respirassem porque ele existe. Ao Vadão, é bom que esteja ajudando aos seus comandados a entender que tudo isso só funciona se o pensamento coletivo se sobrepor a vaidades pessoais.

Umas pequenas mudanças e voltamos a ser chiques....”no último”, como sempre.


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