Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Gênese

27/08/2006


Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

Vinícius de Moraes


O Atlético escolheu o Dia da Criação de Vinícius de Moraes para voltar a brilhar. Foi no sábado que o time renasceu fora de casa no Brasileirão 2006. Já dava para perceber, antes mesmo da bola rolar, que o clima era favorável. Maracanã vazio, campo com grandes dimensões e um elenco unido. Quem acompanhou a partida pela transmissão da tv a cabo sabe do que eu estou falando. Na câmera na boca do túnel, antes do Rubro-Negro pisar no gramado, Marcelo Silva e César pronunciavam: "Temos de olhar na cara um do outro. Vamos ser valentes e jogar para ganhar". Os discursos valeram a pena.

Quem antes era descrente em Marcos Aurélio, teve de ver o pequenino atacante marcar o terceiro gol em três jogos. Quem não acreditava mais em Denis Marques (eu era um deles) aproveitou o sábado, ajoelhou-se, ergueu as mãos para os céus e vibrou com o recomeço de mais um jogador atleticano. Quem só via a regularidade de Cristian, passou a crer que o sábado para o volante também foi acima da regularidade. O mesmo vale para o bom orador Marcelo Silva, apesar da expulsão no fim.

Mas em todo gênese há um ser especial, iluminado. Há aquela pessoa que se destaca não só pela formação familiar, do caráter e do profissionalismo como também pela humildade. Cléber não só foi perfeito em toda a partida contra o Fluminense, como mostrou para todo o país que pode brigar por uma vaga na Seleção Brasileira. Acreditar que Dunga pode convocá-lo para as próximas competições é mais um importante alento na jovem carreira do goleiro.

Mais do que os três pontos obtidos no Rio de Janeiro, o Atlético voltou a conquistar a confiança do torcedor, que andava cabisbaixo há uma semana. Mais do que a vitória, o Atlético reconquistou o direito de sonhar. E é assim que todos nós, que gostamos desse clube, gostamos de viver. Mesmo no sábado.


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