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Juarez Villela Filho
Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.
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Me dê um sonho
22/08/2006
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É tão fácil cativar uma criança. Quantas vezes você dá um baita presente a um bebê, um chocalho cheio de frescuras, com luzes coloridas, barulhos ensurdecedores, badulaques mil, e ele o belo e risonho bebê aniversariante, fica com o plástico do embrulho, mordendo, balançando e se divertindo? Nem dá bola para o presente em si, mas vai ao êxtase com a embalagem.
Uma flor precisa de água e iluminação. Não mais que isso. Se for tratada com carinho, e sei lá como elas percebem isso, cresce logo, floresce, se reproduz, enfim, marca sua existência com perfume e beleza. Água e sol; pode ter receita mais simples?
Um pássaro vive de migalhas, restos e água. Uma minhoca aqui, um farelo de pão acolá e a vida segue. A singeleza do seu canto, a cena maternal de colocar o alimento no bico do filhote, a beleza de suas penas são conseguidas dessa maneira tão simples, tão fácil.
Torcedor vive de paixão, não só de vitórias. Repito, já vi times piores que esse, pode ter certeza. Já comemorei “derrotas heróicas” em Atletibas, ou saí do Pinheirão em domingo chuvoso comemorando que só perdemos de 2 do poderoso Guarani. Sim, esse mesmo Atlético que tem uma estrutura fantástica hoje em dia e o mesmo Guarani que deve colecionar seu 3º rebaixamento em menos de dois anos.
Eu quero um sopro de fé, um fio de esperança para meu coração atleticano. Não quero uma máquina, um time imbatível, mas quero Oséas subindo no alambrado após marcar o gol da vitória sobre “eles” aos 46´do segundo, quero Paulo Rink imitando o Coelhinho da Páscoa em Atletiba, quero Adriano Gabiru, ainda sentado, comemorando o pênalti que originou nosso último gol contra o São Caetano na 1ª final, quero Cocito berrando firme e forte com as redes entre as mãos após salvar uma bola em cima da linha, quero Diego ajoelhado, de costas para o gol, ouvido a massa ensandecida comemorando o gol de Lima na decisão do Paranaense 2005, nos pênaltis.
Quero voltar a ter fé, mesmo com um time em frangalhos e tecnicamente sofrível como esse que nos deram em 2006, ano em que nos foi dito que os investimentos seriam canalizados para o futebol. Deu errado ? Sim, quase tudo deu errado no futebol atleticano, principalmente pela perda de foco dessa diretoria que é boa em tudo, menos no trato com o futebol. Adianta chorar agora? Também não, eu mesmo por exemplo venho criticando o futebol rubro-negro desde fevereiro e pouco mudou até o momento. Reforços urgem, mas ainda há tempo, estamos virando o turno.
Mas domingo, mesmo contra um adversário melhor, mais bem posicionado que nós na tabela, senti que nosso time foi formado por homens, por gente honrada e que está com vergonha de ter uma retaguarda incrível e não conseguir produzir a contento. Senti vergonha na cara, sangue nos olhos e vontade de acertar. Pouco? Sim, mas já é um passo. Toda longa caminhada começa com o primeiro passo, e sinto que o demos domingo, na Santa e bela Catarina.
Ganhar vamos ganhar, assim como mais derrotas virão, pois o time é fraco, mas que lute, honre a camisa, o nome , o currículo, a carreira ou para os mercenários, os que usam o Atlético apenas como ponte, que honrem seus salários. Mas lutem, porque o torcedor atleticano pode ser louco, doente, fanático, lunático, apaixonado e cego, mas injusto ele não é. Quem honra esse manto sagrado, será sempre respeitado.
Força jogadores, vocês é que vão nos tirar da delicada situação, que é passageira. Nos dêem um sonho, a gente o compra e vai à luta, junto com vocês, assim como fizemos na cidade de Nossa Senhora do Desterro, domingo último.
ARREMATE
“Nem sempre será assim”.
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