Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Esperança

21/08/2006


Eu preciso de esperança pra viver. Sem ela, passo a régua, junto os pés e abotôo o paletó de madeira. O golzinho no final do jogo em Floripa me deu esperança. Mesmo que apareça gente querendo cortar meu barato, eu estou cheio de alento pra quarta-feira, crendo que ali inicie uma reação do maior time do mundo, o Furacão da Baixada. Engraçado que até os 43 minutos eu estava vendo a esperança de ver o Atlético reagir no campeonato pular da sacada. Mudei de idéia no minuto seguinte. E se não tivesse ocorrido o tento, inventaria algum outro motivo para acreditar.

Engraçada é a cabeça do atleticano. O time é bem limitado, está na zona do rebaixamento, tem alguns jogadores abaixo da crítica, mas a turma estava lá, quase uns mil, agitando o Estreito. Vai falar pra esse pessoal, "não se iludam com este empate". "Ei, é apenas o Figueirense". Eles não vão dar ouvidos. Eles estão esperando a quarta-feira com uma ansiedade monstra, loucos pra invadir a Baixada, depois de três jogos fora e empurrar o time para a vitória, ver jogador arriscando a cabeça sem medo, ficar extenuado de luta, com a camisa brilhando de ensopada. Quem é louco pelo Furacão não desiste e tem esperança, tem ilusão, sonha com dias melhores. Tire isso de um atleticano e você tem um coxa.

A partida ontem teve momentos sinistros para o Furacão. A cabeçada de Cícero foi como um sopro do lobo mau numa casota de palha, tamanha a facilidade com que tocou de crânio para as redes. Depois o prático Soares guardou gols também com imensa facilidade. Ainda bem que apareceu o pequeno duende Marcos Aurélio para deixar o panorama menos desastroso e acender a fagulha que vai fazer os atleticanos explodirem na quarta-feira, 19:30, e levar o Atlético ao triunfo. A reação atleticana não é uma história da carochinha. É algo que pode ser real, se o espírito de luta que vimos dentro e fora de campo se repetir na quarta feira e assim sucessivamente, em todos os jogos do Atlético.

Para isso o Vadão tem que nos ajudar, colocando o Michel de titular, que em dez minutos fez mais que o Ivan em meses. Tem também que colocar o Alex ou o Rhodolfo nessa zaga, tirar a braçadeira de capitão do Danilo e dar um chá de banco para o Alan Bahia. Outra coisa, que aí passa também pela diretoria, é contratar mais um atacante, um meia e afastar definitivamente a laranja podre. Não a Dagoberto no Atlético. Um jogador como ele infecta os outros com seu mau caratismo. A gente não precisa de um jogador que é defendido por um escritório de coxas, de propriedade do fanfarrão-bizarro Giovani Gionédis. O lugar dele já tem dono, e é Marcos Aurélio, o duende da sorte rubro-negro. Adeus Dagoberto, eu já te esqueci.

Nossa história é diferente da dos coxas. Nosso momento é diferente do que os coxas passaram no ano passado, embora a "brilhante" imprensa esportiva paranaense canse de traçar paralelos entre as histórias dos dois times, como se torcessem para que aconteça o mesmo. Eles caíram porque, cheios de arrogância, ficaram confiando na "grandeza" do Coritiba "Foot Ball Club", que há muito não existe. Já o atleticano confia nele mesmo. Não houve por parte dos verdes esta mobilização fantástica como da torcida atleticana em busca da recuperação. Estádio lotado, só se abaixassem o ingresso pra um real. É preciso pagar para um coxa ajudar seu próprio time.

Temos ainda um turno inteiro pela frente e ninguém supera a vontade de vencer do atleticano. Ninguém já esteve nos dois extremos do fracasso e do triunfo como a gente. Ninguém consegue acreditar em dias melhores como só os Rubro-negros conseguem. Isso não é ilusão. É viver por um ideal.


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